sábado, 2 de junho de 2012
METRÔ PAULISTANO EM 1928...
Foi só em abril de 1968 que o governo do Estado de São Paulo criou a Companhia do Metropolitano, sua meio-estatal (por que tem capital misto), que comanda o sistema metroviário da capital paulista e iniciou enfim as primeiras obras.
A inauguração oficial da linha 1 - azul também conhecida como norte-sul, só viria a ocorrer em 14 de setembro de 1974.
Todavia, a ideia de se construir o metrô na cidade é muito mais antiga.
No longínquo mandato do prefeito José Pires do Rio, (de 1926 a 1930), esse projeto foi elaborado, com uma moderna concepção e descartado por falta de apoio recebido por ele. Era uma época onde os carros ganhavam cada vez mais força e apesar de ser imprescindível seguir os passos das grandes cidades do mundo, um misto de falta de visão, com interesses escusos por parte de poderosos, tratou de jogar um balde d'água gelada no entusiasmo do prefeito e a ideia foi engavetada.
Seu sucessor, Fabio de Almeida Prado, não demonstrou grande interesse, mas a seguir, o prefeito Francisco Prestes Maia, era um entusiasta do projeto. Apesar de ser reconhecido até hoje como um dos maiores prefeitos da história da capital paulista, pelos seus inúmeros projetos urbanísticos e viários avançados (e que criou a linha mestra da locomoção paulistana até hoje), Prestes Maia também enfrentou problemas na sua primeira gestão, entre 1939 e 1945.
Com Segunda Guerra Mundial estourando, mais depressão americana pós-crash da bolsa de Nova York (1929, com suas consequências se arrastando por toda a década de trinta) e Estado Novo de Vargas comendo solto e cada vez mais simpático à direita nazifascista europeia de Hitler, Mussolini e Franco, realmente seria bem difícil um investimento dessa envergadura.
Mas a cidade crescia de uma forma desenfreada e quando voltou à prefeitura por aclamação popular, estourado nas urnas em 1961, o metrô não era mais um sonho utópico ou luxo primeiro-mundista, como queriam alguns opositores desse avanço, mas sim uma necessidade premente.
Prestes Maia deixou a prefeitura em 1965 e seu sucessor foi José Vicente Faria Lima, outro prefeito que deixou saudade pelo dinamismo. E foi nessa gestão que enfim, as primeiras desapropriações e escavações começaram em 1968. Claro, sei que a Companhia do Metropolitano é controlada pelo governo do estado e os louros das conquistas do metrô, caem nos colos dos governadores que ocuparam o palácio dos Bandeirantes nesses últimos 44 anos. Mas é notável como em 1928, ou seja, 40 anos antes do início oficial das obras, gente visionária já tinha um projeto dessa envergadura em mãos.
E é de se lamentar que tenha ficado quarenta longos anos engavetados esse projeto e enquanto mofava em arquivos esquecidos das repartições públicas, a cidade crescia num ritmo frenético, precisando desesperadamente dessa obra.
Se tivesse começado em 1928, certamente teria sido muito mais fácil de expandir e hoje, estaria com um número de Km's construídos, compatíveis com as necessidades da megalópole.
Hoje o governo estadual comemora com foguetório cada pequena expansão, mas num cálculo frio, o saldo é muito negativo, ao contrário do que apregoa. Se em 44 anos de obras, tem 74.3 de KM's construídos e 68 estações, como explicar os 200 KM's construídos no metrô da Cidade do México? Por que essa comparação e não Buenos Aires, por exemplo? Simples, o metrô da capital mexicana iniciou-se também em 1968...
Concluindo, para administrar é preciso ter sustentação política para aprovar os projetos, não basta ser dinâmico, visionário e idealista, tampouco amar a cidade, como romanticamente nós esperamos que nosso alcaide a ame.
*Luiz Antonio Domingues (músico das bandas Ciro Pessoa & Nu Descendo a Escada, e Kim Kelh e os Kurandeiros).
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