sexta-feira, 23 de abril de 2010

INSTALAÇÃO DA DIOCESE DE CAMPO MOURÃO - MEMORÁVEL DIA

No eco do repicar dos sinos que anunciaram ao mundo o nascimento de Brasília, há 50 anos passados, ouvimos ainda aquelas expressões do signatário da bula "CUM VENERABILIS": "Da Bahia de Todos os Santos, a Piratininga e ao Rio de Janeiro, sob o impulso do exemplo sempre vivo de Nóbrega e Anchieta, e encorajado pelas proezas heróicas das "Bandeiras do Sul" e "Jornadas do Norte", o Brasil pelo arrojo do seu Presidente, aumenta os arraiais de sua Nova Capital, em planalto central do seu imenso e rico território, qual vigil atalaia sobre os destinos da Nação"

"Brasília há de constituir assim um marco milenar na história gloriosa da Terra de Santa Cruz, abrindo novos sulcos de amor, que, unidas na mesma fé e língua, tornar-se-ão aptas aos maiores cometimentos".

A imagem retraçada sobre Brasília, na Mensagem do Papa João XXIII, durante abluções, à zero hora do dia 21 de abril de 1960, reproduzindo pinceladas de um moderno Giotto de Bondone, bem pode ser adaptado a Campo Mourão, desde 23 de abril de 1960, como Capital da Esperança, co-irmã mais velha, que é da Capital da Amizade.

Hoje, quando parece ouvirmos, também, o eco do repicar dos sinos da Catedral de São José, desde o memorável 23 de abril de 1960, é ainda sob o exemplo de Montoya, de Nóbrega e Anchieta, que simbolizamos toda a presença do catolicismo na evolução da felicidade mourãoense.

Neste rememorar de um grande dia, quando um príncipe da paz e do amor veio habitar entre nós, rendemos nossas homenagens a Dom Eliseu Simões Mendes, primeiro Bispo Diocesano de Campo Mourão.

Parece que os mourãoenses ainda ouvem, de muito longe, o ranger do eixo, guarnecido de xaxim, no carro de bois de Miguel Luiz Pereira, estimulando o canto do sabiá, nas madrugadas luminosas; despertando as juritis que aninhavam para o primeiro sono do crepúsculo.

Parece que se ouve ainda aquele lânguido ranger, cantando um poema de saudosas lembranças de uma personalidade desbravadora que edificou e nobilitou um dos mais belos capítulos da história de Campo Mourão.

"Em solenidade realizada no dia 23, p.p., em Campo Mourão, tomou posse da Diocese o seu primeiro Bispo, Dom Eliseu Simões Mendes. Estiveram presentes às solenidades Dom Manuel da Silveira D'Elboux, que representou o Senhor Núncio Apostólico; o governador Moysés Lupion; Dom Geraldo Fernandes, Bispo de Londrina; Dom Jaime Luiz Coelho, Bispo de Maringá e Dom Inácio Krause, Bispo de Toledo; além do Sr. Plínio Franco Ferreira da Costa; desembargador Antonio Franco Ferreira da Costa; Corregedor Geral do Estado, Sr. Felipe Bittencourt; prefeito Antonio Teodoro de Oliveira, de Campo Mourão; Francisco Scarpari, de Goioerê, demais autoridades e grande massa popular.

Uma procissão que partiu da Casa Paroquial levou o novo Bispo e sua comitiva à Igreja de São José, atual Catedral de Campo Mourão, onde o prefeito municipal ofereceu as chaves da cidade a D. Eliseu, após saudação de praxe, (foto ao lado onde se vê Dom Eliseu, governador Lupion, D. Jaime e atrás, lendo seu discurso, o prefeito Antonio Teodoro de Oliveira, tendo ao seu lado o repórter Pedro da Veiga).

Falaram, em seguida, os senhores Armando Queiroz de Moraes, desembargador Antonio Franco Ferreira da Costa e o governador Moysés Lupion.

No interior da Catedral, Dom Manuel da Silveira D'Elboux dirigiu palavras de incentivo ao novo bispo e Dom Jaime Luiz Coelho leu as bulas de criação e instalação da nova Diocese.

Tanto Dom Eliseu, como o governador Moysés Lupion e os outros dignatários da Igreja foram alvos de grandes manifestações por parte do povo, que acorreu para assistir às solenidades".Transcrito do jornal de Curitiba-(A Voz do Paraná 01/05/1960). Essas solenidades também foram transmitidas pela Rádio Colmeia de Campo Mourão pelo repórter Pedro da Veiga.

Resumo Biográfico de Dom Eliseu Simões Mendes

DOM ELISEU SIMÕES MENDES - nasceu em Coração de Maria, Estado da Bahia, a 18 de maio de 1915. Filho de Agnelo Mendes da Silva e Elisa Simões da Silva.

Fez o curso preparatório e de humanidades no “Seminário Menor de Santa Teresa” - Salvador. E ali, no Seminário Central da Bahia, fez o Curso Superior, de 1933 a 1938. Ordenou-se Sacerdote ainda muito jovem, com pouco mais de 23 anos, a 4 de dezembro de 1938, na Catedral Basílica de Salvador.

Logo no início de 1939, foi nomeado Secretário particular do Exmº Senhor Arcebispo da Bahia e Primaz do Brasil. Na mesma ocasião, a 10 de fevereiro de 1939, foi nomeado Capelão da Igreja da Adoração Perpétua, onde ficou até fins de 1944.

Em fins de 1939, foi nomeado Secretário Geral do Arcebispado da Bahia, cargo que acumulou com o de Tesoureiro da Mitra Arquidiocesana.

Permaneceu nesses cargos até o fim do ano de 1950. Foi um dos Assistentes Eclesiásticos da Ação Católica, no Setor Arquidiocesano da Juventude. Dedicou-se especialmente a certames Culturais e obras sociais na capital baiana, tendo sido um dos fundadores da “Orquestra Sinfônica da Bahia”.

Foi Capelão e Diretor da grande “Obra do Bom Pastor” que se dedicava à recuperação de jovens e mulheres transviadas. Foi Diretor Espiritual de dois Noviciados de Religiosas, e finalmente se dedicou com muito entusiasmo à “Obra das Vocações Sacerdotais e Religiosas”.

No ano do 4º Centenário da Bahia, 1949, realizaram-se em Salvador vários Congressos comemorativos. Entre esses, houve destaque para o “1º Congresso Nacional de Vocações”, do qual o Mons. Eliseu Simões Mendes foi o principal promotor e Secretário Geral.

Esse Congresso ocorreu em fins de outubro de 1949. No ano seguinte Mons. Eliseu organizou várias peregrinações a Roma, por motivo do Ano Santo. Ele mesmo foi a Roma, no mês de Agosto de 1950 e ali foi nomeado Bispo Auxiliar de Fortaleza.

Voltando ao Brasil, foi Sagrado Bispo na Catedral de Salvador a 3 de dezembro de 1950. Com 12 anos de sacerdócio e 35 anos de idade.

Dom Eliseu chegou à Fortaleza - Ceará, no início de abril de 1951, como Auxiliar do Arcebispo Metropolitano, Dom Antonio de Almeida Lustosa.

Ali logo se entrosou com autoridades e lideranças locais, para atender às populações do interior atingidas por um longo período de estiagem. Promoveu várias obras e Centros Sociais, maternidades, postos de saúde e planos de atendimentos com distribuição de recursos federais, mas ligados sempre a serviços de estradas, açudes e projetos de promoção humana.

Esses projetos deram resultados surpreendentes na formação de lideranças e recuperação de gente menos favorecida.

Mas permaneceu ali apenas três anos, pois já em fins de 1953 era nomeado 3º Bispo de Mossoró - Rio Grande do Norte.

Em fevereiro de 1954, chega Dom Eliseu a Mossoró, onde o aguardava uma Diocese bem florescente, com bastante clero formado in loco.

Ali a sua atuação se desenvolveu em vários campos de atividades: sociais, educacionais e religiosas. Conseguiu grande apoio do Governo Federal, da Legião Brasileira de Assistência e de outras entidades, tendo implantado um dos “Planos Integrados” mais arrojados do Nordeste. Ainda hoje subsistem obras fundadas por ele no campo educacional e social na promoção do meio rural e uma vasta rede de maternidades e postos de puericultura espalhados pelo Rio Grande do Norte.

Algumas dessas obras inspiraram a criação da “SUDENE” como os planos de irrigação com motos-bomba e eletrificação no meio rural, nos vales do Açu e Apodi.

No campo pastoral, muito conseguiu realizar, sobretudo no setor vocacional, tendo ordenado vários sacerdotes nos seis anos passados nesta Diocese.

Dali foi nomeado e transferido para a Diocese de Campo Mourão, a 30 de outubro de 1959. Deixou o Rio Grande do Norte em fins de março de 1960.

Bispo de Campo Mourão

O nosso biografado chegou a Campo Mourão, a 23 de abril de 1960, para implantar uma nova Diocese, em terras novas do Paraná.

E como foi difícil essa Missão: tudo por fazer, distâncias enormes, falta de comunicação, etc...

Mas nosso Bispo chegou, viu e venceu! As realizações e obras estão espalhadas em todos os recantos da Diocese.

Em 1980, Dom Eliseu Simões Mendes teve a sua renúncia, para tratamento de saúde, aceita pelo Vaticano, passando a administrar, apostolicamente a Diocese, o Bispo de Umuarama Dom José Maria Maimone.

Dom Eliseu faleceu a 02 de março de 2001, em Feira de Santana-Bahia.

NO TÚNEL DO TEMPO - DIOCESE DE CAMPO MOURÃO

Fonte-Revista: Campo Mourão Diocese Pioneira - (Nelson Bittencourt Prado)

Livro: Campo Mourão - centro do progresso - (Pedro da Veiga)

2 comentários:

Anatoli. disse...

Amigo PEDRO:
Meus cumprimentos por tão bela homenagem a uma grande alma que foi Dom Eliseu Simões Mendes.

Anônimo disse...

Dom Eliseu sempre envolto no pastoreio de suas ovelhas, mas sempre preocupado com as questões sociais. Fez muito por Campo Mourão, mais do que nossos políticos atuais o fazem. Personagem importantíssima que soube, como nenhum outro, aliar a religião à política - sempre na busca do interesse social.
Adalberto