Hiram Reis e Silva, Porto Alegre, RS
“A mestiçagem unifica os homens separados pelos mitos raciais. A mestiçagem reúne sociedades divididas pelas místicas raciais e grupos inimigos”.
Volto ao tema, pressionado pela ‘ameaçadora Nota de apoio ao Quilombo de Palmas’. É impressionante se verificar como a busca de privilégios justificados por matizes epiteliais ganham contornos radicais e modificam as relações harmônicas que devem existir entre cidadãos brasileiros. Nosso país sempre foi apontado como exemplo de integração racial e uma salutar miscigenação racial que vem ao longo dos tempos criando uma nova raça, a raça brasileira. Imaginem qual seria o resultado do exame do DNA mitocondrial da população brasileira. Constataríamos que a ‘MAIORIA’ e não a ‘minoria’ tem sangue negro ou indígena. Vamos reproduzir um parágrafo do livro do jornalista Leandro Narloch baseado em pesquisas científicas e não ideológicas.
“Em 2.000, um estudo do laboratório Gene, da Universidade Federal de Minas Gerais, causou espanto ao mostrar que 33% dos brasileiros que se consideravam brancos têm DNA mitocondrial vindo de mães índias. (...) Esses números sugerem que muitos índios largaram as aldeias e passaram a se considerar brasileiros”. (NARLOCH)
Nota de apoio ao Quilombo de Palmas
Porto Alegre segunda-feira, 26.04.2010
“Nós Quilombolas da Rede Quilombos do Sul, na Região Campanha representados pela FACQRS- Federação de Comunidades Quilombolas do Estado do RS e nacionalmente pela Coordenação Nacional de Comunidades Rurais Quilombolas (CONAQ) reafirmamos a luta histórica e de resistência secular das Comunidades Quilombolas no Brasil (...)
Os mesmos que organizam um documento chamado o ‘Apartheid de Bagé’, que condena o segmento ruralista da primeira a última linha, acusando o laudo antropológico da Comunidade de Palmas realizado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul de falso, manifestando por escrito suas opiniões fascistas e criminosas, daqueles que não querem perder seus privilégios mantidos ao longo da história deste país, as custas da exploração dos negros e negras no campo e na cidade. (...)
Desta forma, esperamos que a hóstia seja proibida para os 50 fazendeiros, e todos os seus apoiadores como o Sr Hiram com toda sua IRA (...) que a Polícia Federal exerça seu poder de Polícia sobre quem descumprir a Lei (Leve um Fazendeiro ao Menos para o Xilindró) no exercício pleno de Proteção as Comunidades Quilombolas (...)
... e sobretudo o ataque fascista e racista como é o documento intitulado o “Palmas, o ‘apartheid’ de Bagé” - de autoria do Sr Hiram Reis e Silva, Coronel Engenheiro, Professor do CMPA (Colégio Militar de Porto Alegre) o qual também tomaremos providencias”.
As minorias radicais
Basta que não se concorde com o posicionamento das ‘ditas minorias’ para ser taxado de radical ou fascista. Serão eles os únicos donos da verdade? Nas mais de trezentas palestras que fiz nos últimos dez anos faço uma preleção do saudável caldeamento racial que gera, na nossa terra, os mais belos matizes de todos os continentes. Estes movimentos segregacionistas que apartam irmãos pela cor da pele não tem autoridade moral para acusar quem quer que seja de racista, pois eles é que estão fomentando este tipo de reação tão indesejada na sociedade moderna. O documento não menciona, intencionalmente, a reação dos negros, de Palmas, cujas glebas viriam a fazer parte do tal ‘Quilombo’. Estes pequenos produtores são contra a criação do ‘Quilombo’ pois tem certeza de que no final de tudo o fruto de seu suado trabalho irá parar no bolso dos fabricantes de ‘Quilombos’.
Você é branco? Cuide-se!
Ives Gandra da Silva Martins
“Hoje, tenho eu a impressão de que o ‘cidadão comum e branco’ é agressivamente discriminado pelas autoridades e pela legislação infraconstitucional, a favor de outros cidadãos, desde que sejam índios, afrodescendentes, homossexuais ou se autodeclarem pertencentes a minorias submetidas a possíveis preconceitos.
Assim é que, se um branco, um índio e um afrodescendente tiverem a mesma nota em um vestibular, pouco acima da linha de corte para ingresso nas Universidades e as vagas forem limitadas, o branco será excluído, de imediato, a favor de um deles!
Em igualdade de condições, o branco é um cidadão inferior e deve ser discriminado, apesar da Lei Maior. (...)
Aos ‘quilombolas’, que deveriam ser apenas os descendentes dos participantes de quilombos, e não os afrodescendentes, em geral, que vivem em torno daquelas antigas comunidades, tem sido destinada, também, parcela de território consideravelmente maior do que a Constituição permite (art. 68 ADCT), em clara discriminação ao cidadão que não se enquadra nesse conceito. (...)
E são tantas as discriminações, que é de perguntar: de que vale o inciso IV do art. 3º da Lei Suprema?
Como modesto advogado, cidadão comum e branco, sinto-me discriminado e cada vez com menos espaço, nesta terra de castas e privilégios”.
Jornalista Leandro Narloch
Revista Veja - Edição 2087 - 19/11/2008
Narloch mostra no seu livro como o viés ideológico pode tentar, de qualquer maneira, ferindo todos os princípios éticos, se sobrepor à pesquisa documental dos fatos.
Zumbi dos Palmares
“Os novos estudos sobre Palmares concluem que o quilombo, situado onde hoje é o estado de Alagoas, não era um paraíso de liberdade, não lutava contra o sistema de escravidão nem era tão isolado da sociedade colonial quanto se pensava. O retrato que emerge de Zumbi é o de um rei guerreiro que, como muitos líderes africanos do século XVII, tinha um séquito de escravos para uso próprio. ‘É uma mistificação dizer que havia igualdade em Palmares’, afirma o historiador Ronaldo Vainfas, professor da Universidade Federal Fluminense e autor do Dicionário do Brasil Colonial. ‘Zumbi e os grandes generais do quilombo lutavam contra a escravidão de si próprios, mas também possuíam escravos’, ele completa. Não faz muito sentido falar em igualdade e liberdade numa sociedade do século XVII porque, nessa época, esses conceitos não estavam consolidados entre os europeus. Nas culturas africanas, eram impensáveis. Desde a Antiguidade e principalmente depois da conquista árabe no norte da África, a partir do século VII, os africanos vendiam escravos em grandes caravanas que cruzavam o Deserto do Saara. Na época de Zumbi, a região do Congo e de Angola, de onde veio a maioria dos escravos de Palmares, tinha reis venerados como se fossem divinos. Muitos desses monarcas se aliavam aos portugueses e enriqueciam com a venda de súditos destinados à escravidão. (...)
A imaginação sobre Zumbi foi mais criativa na obra do jornalista gaúcho Décio Freitas, amigo de Leonel Brizola e do ex-presidente João Goulart. No livro ‘Palmares: A Guerra dos Escravos’, Décio afirma ter encontrado cartas mostrando que o ‘herói’ cresceu num convento de Alagoas, onde recebeu o nome de Francisco e aprendeu a falar latim e português. Aos 15 anos, atendendo ao chamado do seu povo, teria partido para o Quilombo. As cartas sobre a infância de Zumbi teriam sido enviadas pelo padre Antônio Melo, da vila alagoana de Porto Calvo, para um padre de Portugal, onde Décio as teria encontrado. Ele nunca mostrou as mensagens para os historiadores que insistiram em ver o material. A mesma suspeita recai sobre outro livro se, ‘O Maior Crime da Terra’. O historiador Cláudio Pereira Elmir procurou por cinco anos algum vestígio dos registros policiais que Décio cita. Não encontrou nenhum. ‘Tenho razões para acreditar que ele inventou as fontes e que pode ter feito o mesmo em outras obras’, disse-me Cláudio no fim de 2.008. O nome de Francisco, pura cascata de Décio Freitas, consta até hoje no Livro dos Heróis da Pátria da Presidência da Republica”. (NARLOCH)
NARLOCH Leandro. Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil - 2009 – Brasil – São Paulo - Editora LeYa.
Coronel de Engenharia Hiram Reis e Silva
Professor do Colégio Militar de Porto Alegre (CMPA)
Acadêmico da Academia de História Militar Terrestre do Brasil (AHIMTB)
Site: http://www.amazoniaenossaselva.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário