João Pedro Stedile, o chefão do MST, um movimento que, sabemos, é dado a cometer crimes em série — invasões, depredações, abate de animais, destruição de plantações, cárcere privado, assassinatos também — afirmou ontem que o tucano José Serra não pode ser eleito presidente da República. E, como eu disse, os tucanos, se forem espertos, espalham esta informação Brasil afora: “O MST não quer Serra”. Mas, então, quem o MST quer? Há uma conversa mole por aí segundo a qual vai apoiar o Plínio de Arruda Sampaio, o pré-candidato do PSOL que não conta com o apoio nem da proprietária do partido: Heloísa Helena. É puro diversionismo, evidentemente. Eu os convido a ver o vídeo que segue, em que Stedile aparece (15/03/2010) no melhor da sua forma. Volto depois:
Como viram, além de Stedile, estavam à mesa Olívio Dutra, ex-governador petista do Rio Grande do Sul — é aquele que tem bigode, idéias e orelhas parecidos com os de Daniel Ortega, protoditador da Nicarágua — e o prefeito de São Leopoldo, Ary Vanazzi, do PT (primeiro à esquerda). Trata-se de um evento do partido, como a fala de Dutra deixa claro, destinado a reforçar as campanhas eleitorais de Dilma Rousseff e de Tarso Genro, que vai disputar o governo gaúcho. O discurso de Stedile não deixa a menor dúvida sobre com quem ele está, de fato, alinhado. O vídeo autoriza os tucanos a complementar a informação: “O MST não quer Serra; o MST quer Dilma”.
Destaco e comento alguns trechos.
AÇÃO DIRETA
Stedile – Não vai haver mudança de poder. Não vai haver mudança de poder se só for na base do voto. Até porque a burguesia está se dando conta de que vai ser muito difícil eles derrotarem a Dilma.”
Stedile é sincero sobre a sua prática, não é mesmo? Não se pode dizer que ele seja um homem que aposta só no voto para “mudar o poder”. Conhecemos bem seus outros métodos.
STEDILE EXPLICA FRANKLIN MARTINS. OU: CONTRA A IMPRENSA
Stedile – O Franklin Martins teve uma sacada muito grande, que é a história da banda larga. Ele tá levantando essa tese de popularizar a banda larga: o estado brasileiro garantir banda larga de graça para o povo. Se isso acontecer, todos os entendidos no assunto dizem: acaba a televisão aberta no Brasil. Porque o sujeito vai ter na frente da tela do computador, de graça, qualquer televisão do mundo. Então, pra que ficar assistindo lá àquele casal maravilhoso das oito e meia? (…) Então eles estão de cabelo em pé, com medo de que a Dilma ganhe e implante a banda larga estatal popularizada.
Mais uma vez, Stedile deixa clara a importância estratégica da eleição de sua candidata — A CANDIDATA DO MST É DILMA. Ninguém conseguiu explicar tão bem o trabalho de Franklin Martins como o chefão do MST. Ele nada mais faz do que vocalizar o que se debate intramuros. As coisas não são tão simples assim. Stedile entende de banda larga e TV aberta o que entende de agricultura: nada! Isso não pôs feijão pra brotar nem em algodão molhado. Mas o declarado objetivo de destruir a televisão brasileira está dado. E, com efeito, é uma ambição compartilhada com Franklin Martins. Na verdade, para ser preciso, não é bem “televisão brasileira”: eles querem quebrar a Globo. E não porque a emissora seja hostil ao governo. Ela não é. Mas porque não se dispõe a servir de porta-voz da turma. E, com esses democratas, é assim: quem não está de joelhos está contra. E que se note: não deixa de ser engraçado ouvir um maoísta dos anos 60 a fazer digressões sobre a banda larga e o mundo na tela de um computador. Eis o mundo contra o qual Stedile luta bravamente. Com amplo financiamento do governo federal.
ATAQUE AO JUDICIÁRIO
Stedile – O segundo campo em que ele estão se fortalecendo é no Judiciário. Aí vai ser a última trincheira (…).
A fala acima é manifestação do que está em curso. Para Stedile, a Justiça é o que ele chama “a última trincheira da burguesia”. Vamos ver: se a burguesia, segundo este revolucionário, tem de ser superada, vencida, então cumpre superar e vencer a Justiça, certo? Como Stedile a considera “a última trincheira” dos inimigos, parece dar todo o resto como território já conquistados. Não por acaso, seus amigos “revolucionários” que estão no poder tentaram cassar prerrogativas do Poder Judiciário no Programa Nacional-Socialista dos Direitos Humanos.
Por que duvidar? Vote em Dilma e leve um Stedile de presente.
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