sábado, 1 de outubro de 2011

A ALTA DO DÓLAR

Paulo Barretto

A crise financeira que está assolando o mundo, principalmente os Estados Unidos e a Europa, teve um desdobramento na última semana, com a probabilidade de um default da Grécia, que estaria impossibilitada de honrar seus compromissos, caso não seja socorrida pelos demais países da União Européia.

Para agravar ainda mais a crise, surgiram rumores que grandes bancos americanos e europeus também estão em dificuldades financeiras e não está descartada a falência de alguns.

Um clima de pânico se instalou e houve uma corrida dos credores para a troca de títulos das dívidas de bancos e até de alguns países por um ativo mais seguro.

A moeda americana disparou em todas as Bolsas de Valores. Aqui no Brasil pulou de R$ 1,60 para R$ 1,95, em menos de uma semana. Nos últimos dias flutua entre R$ 1,80 a R$ 1,85.

O Brasil há muito tempo deseja uma desvalorização do real em relação ao dólar, porque com o real supervalorizado artificialmente as nossas commodities e produtos industrializados chegam com preços proibitivos no mercado externo e, em muitos casos, perdem condições de competir em igualdade de condições com os concorrentes.

Além disso, o dólar desvalorizado deixa barato as importações, principalmente das bugigangas da China, que entulham nosso mercado de produtos supérfluos a preço de banana, aproveitando-se da baixa cotação da moeda americana que, somada aos preços aviltados pelos subsídios disfarçados e ilegais que recebem de seu governo, os produtos chineses fazem concorrência desleal à produção brasileira.

A pauta das importações brasileiras inclui também insumos para a agricultura, mercadorias diversas, bens e serviços que o Brasil não produz e quando produz, a quantidade é insuficiente para atender a demanda interna. O País ainda importa alguns gêneros agrícolas, insumos para a agricultura e máquinas e equipamentos de alta sofisticação, porque ainda não dispõe de tecnologia para fabricá-los no País.

Com o dólar mais caro as importações terão custo maior, o que vai onerar a balança comercial, mas, isso pode perfeitamente ser revertido, em médio prazo, se for estimulada a produção interna de boa parte desses bens, reduzindo a dependência externa.

Se o dólar se mantiver no patamar atual, em torno de R$ 1,85, a quantidade e o valor das exportações tendem a aumentar, pois os preços dos produtos brasileiros ficarão menores no exterior.

A valorização do dólar, em tese, é boa para o País, porque normalmente exportamos mais do que importamos o que já nos dá um saldo positivo e, se a isso for acrescida uma política de substituição de produtos importados pela produção interna, o saldo na balança comercial pode crescer substancialmente.

Paralelamente, temos que incrementar o mercado interno aumentando a produção com mais financiamentos às empresas, fazer crescer o consumo valorizando os salários, cortar drasticamente os juros e, dentro do possível, reduzir e desonerar tributos.

A receita é simples, entretanto, se for seguida ao pé da letra, a crise financeira ficará longe do Brasil e, como diria o Lula, será apenas uma marolinha.

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