segunda-feira, 10 de outubro de 2011

XXII CONGRESSO GAÚCHO DA ORDEM DEMOLAY

Hiram Reis e Silva, Porto Alegre, RS, 08 de outubro de 2011

Amigo, em nosso Capítulo, não ensinamos nenhum credo. Vossas opiniões religiosas são sagradas e a vós pertencem, porém encarecidamente, vos pedimos não esquecer a santidade da fé, a beleza da humilde confiança na bondade de Deus. Procuremos ser filhos fiéis do “Pai Universal”. O mundo respeita mais a vontade do jovem que tem profundas convicções religiosas, e que tem a coragem de viver de acordo com as normas de moral, baseadas na certeza de que todas as Bênçãos deste mundo provém de Deus.

No dia 8 de outubro, tive a honra e o privilégio de participar, como palestrante, do XXII Congresso Gaúcho da Ordem DeMolay (CGOD 2011), organizado pelo Capítulo Fênix II, nº 465. O objetivo do Congresso é incentivar a confraternização entre os Capítulos, irmãos e tios (maçons) da nossa querência e discutir questões administrativas que norteiam os rumos da Ordem. Encontrei velhos amigos da Maçonaria, da ADESG e queridos ex-alunos do Colégio Militar de Porto Alegre.

Foi maravilhoso participar da abertura ritual, canto do Hino DeMolay, Hino Rio Grandense e Hino Nacional, mas foi ainda mais gratificante observar que existem jovens, de boa formação, bem informados e preocupados com as grandes causas nacionais.

Jacques DeMolay

DeMolay nasceu em Vitrey, França, no ano de 1244. Com 21 anos, ele tornou-se membro da Ordem dos Cavaleiros Templários que teve participação heróica nas Cruzadas. DeMolay foi eleito Grão Mestre, em 1298, cargo que o colocava em pé de igualdade aos lordes e príncipes. Os sarracenos tinham conquistado a Antioquia, Trípoli e Jerusalém, os Templários resolveram estabelecerem-se na ilha de Chipre, com a esperança de empreender uma Nova Cruzada, no futuro.

Os Templários possuíam ricas propriedades e suas lideranças eram respeitadas pelos nobres e pelo povo. Esta riqueza e poder acabou despertando a inveja e a cobiça de inimigos poderosos ocasionando sua queda. O Rei de França, Felipe, o Belo, em 1305, então, sem conseguir unir as Ordens dos Templários e Hospitalários, sob seu controle resolveu destruir as Ordens. Felipe convocou os Grãos Mestres das duas Ordens para um encontro em Paris. O representante dos Hospitalários faltou ao encontro enquanto Jacques De Molay compareceu levando consigo dois documentos: um Plano de uma Nova Cruzada e uma exposição de motivos pelos quais achava os Templários e Hospitalários deveriam ser mantidos como Ordens distintas.

Felipe ficou de apresentar sua decisão após dois anos. Guilherme de Nogaret, Ministro de Felipe, engendrou um plano para prender no mesmo dia os Templários espalhados por toda a Europa. Remeteu cartas aos líderes religiosos e políticos de todas as paróquias com a determinação expressa de que só fossem abertas no dia 12 de setembro de 1307. As cartas que ordenavam que na sexta-feira, 13 de setembro de 1307, os 15 mil Cavaleiros Templários deveriam ser presos e atirados nos calabouços. Os Templários sofreram durante sete anos em celas úmidas e frias todo o tipo de sevícias. O Papa Clemente V, forçado por Felipe, apoiou a condenação da Ordem e o sequestro de todas as posses de seus seguidores. O Rei tentou, em vão, persuadir DeMolay a trair seus Cavaleiros apontando onde estes escondiam suas riquezas. Em 18 de março de 1314, os juízes condenaram os quatro cavaleiros à prisão perpétua. Dois deles aceitaram a sentença, mas DeMolay e Guy D'Avergnie não. Felipe ordenou, então, que os prisioneiros fossem queimados no pelourinho naquela tarde. Ao anoitecer Jacques DeMolay e Guy D'Avergnie foram queimados vivos no pelourinho, numa pequena ilha do Rio Sena. O corpo de DeMolay pereceu naquele dia, mas o seu espírito e suas virtudes viverão para sempre.

A Maldição lançada por Jacques DeMolay

Vergonha! Vergonha! Vós estais vendo morrer inocentes. Vergonha sobre vós todos. Nekan, Adonai!!! Papa Clemente... Cavaleiro Guillaume de Nogaret... Rei Filipe;Intimo-os a comparecerem perante o Tribunal do Juiz de todos nós dentro de um ano para receberdes o seu julgamento e o justo castigo. Malditos! Malditos! Todos malditos até a décima terceira geração de suas raças!!!

Filipe assistia, do Palácio, a morte de DeMolay e ouviu assustado suas palavras. Comentou com Nogaret, mais tarde:

Cometi um erro, devia ter mandado arrancar a língua de DeMolay antes de queimá-lo.

O Papa Clemente V morreu em Roquemaure na madrugada de 19 para 20 de abril. Felipe faleceu oito meses depois, em 29 de novembro de 1314, e Guillaume de Nogaret na terceira semana de dezembro. A partir da morte de Filipe, sua dinastia, que governou a França por mais de 300 anos, entrou em declínio recebendo o golpe fatal quando a Peste Negra e a Guerra dos Cem Anos a tiraram do poder, passando para a dinastia dos Valois. O Papa Clemente morreu depois de ingerir pó de esmeraldas na tentativa de curar sua febre, o fatídico remédio foi receitado por médicos desconhecidos. Nogaret foi envenenado pelos gases emitidos por uma vela confeccionada por Evrard, antigo Templário.

Abertura do Livro Sagrado

A Ordem DeMolay inicia seus trabalhos depois da abertura do livro sagrado e de acender as sete velas. As sete velas representam sete luzes que iluminam seus caminhos conforme passam pela estrada da vida, simbolizando tudo que é bom e correto, tudo o que juram ser a base de suas vidas:

“Nós abrimos o Livro Sagrado, fonte de nossa fé em dias eternos, sobre o Altar, como símbolo da liberdade religiosa, que é o direito de primogenitura de todos os povos. Sobre este Altar, não está o emblema de qualquer credo, ou o depósito de qualquer sistema de teologia, mas sim a palavra do único e verdadeiro Deus, cuja paternidade universal, ensina a lição inevitável da fraternidade de todos os seus filhos. Sem a oportunidade de vencer a Deus de acordo com as Instituições de nossa própria consciência, nossa liberdade seria sem sentido, portanto, como fundamento, colocamos o Livro Sagrado sobre nosso Altar, e eu solenemente solicito aos membros deste Capítulo, trilharem sempre à luz de seus ensinamentos, e nunca se afastarem de suas páginas abertas”.

Livros Escolares

“Do Oriente, simbolizando os primeiros anos de vida, nós colocamos os livros Escolares sobre o Altar, como símbolo da Liberdade civil. Eles são os principais símbolos do grande sistema de escolas públicas de nosso País, a base daquele esclarecimento universal que é glória consumada de nossas Instituições. O apoio dedicado às nossas escolas públicas é importante ensinamento da Ordem DeMolay. Nós nos opomos sem reservas a um mesmo edifício comportar uma escola, uma igreja e uma sede do governo civil. Liberdade civil, religiosa e intelectual, são três fontes de grandeza de nosso País, porém elas devem ficar sós, sobre diferentes fundações e debaixo de tetos separados. Estes livros, representando aqueles que são levados para as escolas públicas por milhares de meninos e meninas cada dia, são símbolos vitais de nossa liberdade quanto o Livro Sagrado que é a regra e o guia de nossas liberdades que protege a Pátria, pois a escola é a sede do poder civil. Nós, portanto, colocamos estes livros sobre o Altar e ordeno solenemente, aos membros deste Capítulo lutarem com firmeza inabalável, pela proteção e permanência das escolas públicas, a cidadela de nossa segurança e a forte única e verdadeira da democracia em um governo do povo, pelo povo e para o povo. Como nenhum empreendimento nunca deve começar sem pedir a bênção de Deus Todo Poderoso, prestemos atenção ao Capelão Apresentador enquanto nos dirige em oração”.

Visão das Luzes Eternas de um Demolay

São acesas uma a uma as sete velas que representam as Virtudes Cardeais.

“Nossos antepassados bem sabiam que a liberdade religiosa representada pelo Livro Sagrado, a liberdade civil, representada pela Bandeira de Nossa Pátria, e a liberdade intelectual representada pelos livros escolares, devem caminhar juntas e em plena harmonia, para que sejam efetivas. Em volta desses baluartes a Ordem DeMolay coloca sete velas, simbolizando as sete Virtudes Cardeais de um DeMolay. Como a luz dessas velas se espalha por esse Capítulo, assim também deve brilhar, de geração em geração, perante os jovens e todos os homens de bem a fim de que todos possam ver nossas boas obras e glorificar os retos preceitos de nosso Pai Celestial, na sabedoria dos tempos”.

1. Amor Filial: O amor entre pais e filhos;

2. Reverência pelas Coisas Sagradas: O respeito pelo que é sagrado. Principalmente o amor que temos pelo nosso Pai Celestial;

3. Cortesia: O que ilumina a nossa vida. A nossa Educação;

4. Companheirismo: O amor que temos por nossos irmãos e amigos, que mantêm vivos os ideais de nossa Ordem;

5. Fidelidade: Cumprir, conscientemente seus compromissos junto a seus ideais, a seus irmãos e amigos e ao Pai Celestial;

6. Pureza: De pensamentos, palavra e ações;

7. Patriotismo: Amor e respeito por sua pátria, seu povo, suas origens. É a busca de ser sempre um bom cidadão, respeitando as leis de seus Pais.

Canto do Hino DeMolay

Hino DeMolay

A coroa da juventude inicia

Até o meridiano a nossa jornada

Contempla em nós, brilho do meio dia

Perante este altar, a promessa sagrada.

Que soberanos sejam os nossos ideais

Luzes no caminho de virtudes imortais

Que estas sete velas sejam nossa Lei

O Brasão Heróico da Ordem DeMolay.

Consagrada batalha da vida

Conduz o caminho da retidão

Em nossa bandeira imponente, estendida

Estão os baluartes da nossa Nação.

Que soberanos sejam os nossos ideais

Luzes no caminho de virtudes imortais

Que estas sete velas sejam nossa Lei

O Brasão Heróico da Ordem DeMolay.

Sob a regência do Pai Celestial

Nos dias de aurora até o apogeu

Que em nossa Ordem sejam um sinal

De honra que o fogo não feneceu.

Que soberanos sejam os nossos ideais

Luzes no caminho de virtudes imortais

Que estas sete velas sejam nossa Lei

O Brasão Heróico da Ordem DeMolay.

Após a canção do Hino DeMolay foram executadas a seguir a canção do Hino Rio-grandense e do Hino Nacional. Logo a seguir os trabalhos foram interrompidos para dar sequência a trabalhos profanos. Foi então que me dirigi ao andar superior para proferir minha palestra. Agradeço profundamente comovido ao convite destes determinados jovens formadores de opinião. Um dia, com certeza, estarão se empenhando a fazer com que nosso país ocupe seu lugar de direito no concerto das nações. Sua formação moral certamente corrigirá rumos e eliminará vícios de toda ordem que permeiam em todos os níveis da administração pública e privada e que nos envergonham perante o mundo. Faço questão, porém, de, antes de concluir este artigo, de enumerar os “Pré-requisitos de um DeMolay” necessários para ser aceito como DeMolay e o “Significado do Brasão”.

Pré-requisitos de um DeMolay

1. Ter menos de 21 e pelo menos 12 anos de idade completos;

2. Professar sua crença em Deus e reverenciar Seu Santo Nome;

3. Afirmar lealdade a seu País e respeito à Bandeira Nacional;

4. Aderir à prática de moral pessoal;

5. Fazer votos de seguir os elevados ideais típicos das Sete Virtudes Cardeais da Coroa da Juventude;

6. Aprovar a filosofia da Irmandade Universal e a nobreza de caráter e exemplificada pela vida e morte de Jacques DeMolay;

7. Estar ciente que o ingresso na Ordem DeMolay não lhes garantirá no futuro a iniciação em um Corpo Maçônico.

O Brasão da Ordem DeMolay

1. A Coroa: simboliza a Coroa da Juventude, nos lembra constantemente nossas obrigações e os sete preceitos da Ordem;

2. Os Nove Rubis e uma Pérola: honram o fundador e os nove jovens que participaram da formação da Ordem Demolay, Frank S. Land, Louis Lower, Ivan Bentley, Clyde Stream, Gorman McBride, Edmund Marshall, Ralph Sewlle e Elmer Dorsey. No começo se tinha uma pérola para cada componente manter vivo e um rubi para um falecido, hoje o brasão possui só uma pérola, que é o Ir.'. Jerome Jacobson o único vivo;

3. O Elmo: simboliza o cavalheirismo, sem o qual não é possível mostrar a delicadeza do caráter;

4. A Lua: quarto-crescente é um sinal de segredo e lembra ao Demolay o seu dever de nunca revelar segredos da Ordem ou trair uma confidência de um amigo ou irmão;

5. A Cruz de Cinco Braços: simboliza a pureza de intenção. Lembrando o lema: “Nenhum Demolay falhará como cidadão, como líder, como homem.”

6. As Espadas Cruzadas: denotam justiça, retidão e piedade. Simboliza nossa luta contra a arrogância, tirania e intolerância;

7. As Estrelas Rodeando a Lua: simbolizam os desejos e deveres de irmandade entre os membros da Ordem;

8. A Cor Amarela: predominante, significa a luz;

9. A Cor Vermelha: significa força, energia e coragem;

10. A Cor Azul: está para equilibrar o vermelho, formando o homem perfeito.

Blog e Livro

Os artigos relativos ao “Projeto–Aventura Desafiando o Rio–Mar”, Descendo o Solimões (2008/2009), Descendo o Rio Negro (2009/2010), Descendo o Amazonas I (2010/2011), e da “Travessia da Laguna dos Patos I (2011), estão reproduzidos, na íntegra, ricamente ilustrados, no Blog http://desafiandooriomar.blogspot.com.

O livro “Desafiando o Rio–Mar – Descendo o Solimões” está sendo comercializado, em Porto Alegre, na Livraria EDIPUCRS – PUCRS, na rede da Livraria Cultura (http://www.livrariacultura.com.br) e na Livraria Dinamic – Colégio Militar de Porto Alegre. Pode ainda ser adquirido através do e–mail: hiramrsilva@gmail.com.

Para visualizar, parcialmente, o livro acesse o link:
http://books.google.com.br/books?id=6UV4DpCy_VYC&printsec=frontcover#v=onepage&q&f=false.

Coronel de Engenharia Hiram Reis e Silva

Professor do Colégio Militar de Porto Alegre (CMPA); Presidente da Sociedade de Amigos da Amazônia Brasileira (SAMBRAS); Presidente do Instituto dos Docentes do Magistério Militar (IDMM); Vice Presidente da Academia de História Militar Terrestre do Brasil - RS (AHIMTB); Membro do Instituto de História e Tradições do Rio Grande do Sul (IHTRGS); Colaborador Emérito da Liga de Defesa Nacional.

Site: http://www.amazoniaenossaselva.com.br

Blog: http://desafiandooriomar.blogspot.com

E–mail: hiramrs@terra.com.br

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