terça-feira, 11 de outubro de 2011

O EXERCÍCIO DO PODER: DEMOCRACIA OU DITADURA

É a velha história: alternância de poder é fundamental na - e para - democracia. Muito tempo em um mesmo cargo executivo dá ao sujeito a falsa sensação de supremacia, além da amplificação elástica da possibilidade de se cair e recair em vícios. Os velhos e outros que possam ser inventados. E é fácil virar um ditador, se não de direito, ao menos de fato. Isso vale para "executivos" que vão do síndico até presidentes. De qualquer coisa, até mesmo da República, mas nem precisa chegar a tanto...

É bem falsa a impressão de que, se há votação (eleição), há democracia. Algumas votações não passam de mera recondução por inércia, e isso acaba gerando a "democracia do quem manda sou eu". Quer um exemplo exato disso, bem ao gosto das analogias de Tupinicópolis, além de ser, obviamente, gritante? Ricardo Teixeira, na presidência da CBF desde 1989. Sempre reconduzido por "votação". Mas quem manda, naquela Confederação? Só ele. Nem diretoria, nem "conselho" ou coisa que o valha, têm qualquer poder de decisão. Em que pese o enorme "protesto popular" contra sua permanência no cargo, nós - o popular - não temos nenhum poder para de lá tirá-lo, e só podemos imaginar o que vai, mesmo, no âmago de sua gestão. Saber, de fato, todos os meandros dessa "ditadura", inclusive os financeiros, só quando seu reinado vier a pique.
Um mesmo pé-de-cristão ocupar, durante um longo período, o mesmo cargo, também expõe o de cujus às próprias limitações. Quando a pessoa sofre de algumas, de ordem moral, intelectual, técnica, etc., quanto mais tempo no cargo, maior possibilidade de registar, para a posteridade, suas incompetências. Claro, quanto mais exposto às mais variadas situações de controle ou falta dele, à crises, à necessidade de tomada de decisões, de atuação, mais claras ficam as suas fraquezas.
Numa ditadura, só há a mesmice da regra, à qual todos devem ser submetidos, sem exceções, sem argumentação, sem contraponto, sem alternativas. O poder democrático dá trabalho. Muita esperança na mesma mão e contramão de derrotas e desilusões. Mas há debate, tentativa, erro. E acertos. Uma das melhores faces da democracia é a possibilidade de argumentação. É que numa democracia, pode-se expor não apenas as próprias ideias, mas também aquelas que são opostas à ela. E vence a competência do convencimento. Claro que, em se tratando da prática eleitoral, há, como há em toda a ciência política, uma série de variantes, inclusive as variantes que pesam o quesito "competência". Pode ser até em função de poder financeiro. Não importa. Há sempre a opção de não embarcar na ideia. Mas aqui, no fim das contas, falo apenas da "tese" política, não da prática eleitoral.
Do condomínio à presidência (inclusive da República, mas torno a ressaltar, qualquer tipo de presidência), um ambiente democrático é provado pela forma como o líder dá tratamento às opiniões discordantes. Um ambiente que tende à uma ditadura, por sua vez, é reconhecido na forma como ele trata os dissonantes. Como, quando e de que forma relega "punições".
"O democrata corrige a teoria pela prática. O ditador é ao contrário.", disse Vergilio Ferreira. Se a gente abrir os olhos, vê isso todos os dias, no cenário político tupininquim. Cá em CorruPTópolis, estepaiz que o PT erigiu no lugar do Brasil, não só a sanha ditatorial tem se mostrado em vários lugares e instâncias, como a burrice de corrigir erros práticos apenas com teorias, é posto. Fora de hora, com escolhas duvidosas. É a velha burrice, que, in my opinion, é bem inerente à veia de um ditador. E assim, perde a democracia duas vezes. Pela falta de crescimento pelo tolhimento da liberdade, e pela incompetência realizadora. Ou como bem classificou para mim, hoje mesmo, BSchopenhauer, é a "desinteligência pretensiosa". E completou: "É a burrice, estúpidos!".
Democracia - aplicada - também é ato de inteligência.

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