segunda-feira, 10 de outubro de 2011
OS DESCAMINHOS DA EXISTÊNCIA
por Fernando Antoniazzi (*)
Os católicos que congregamos em igrejas nas quais se costuma seguir a missa pelo Semanário Litúrgico-Catequético “O DOMINGO”, editado pela Pia Sociedade de São Paulo (PAULUS), cujo jornalista responsável é o Padre José Dias Goulart e tem por redator o Padre Nilo Luza, comumente encontramos, na última página, uma coluna do jesuíta J. B. Libanio.
Tenho acompanhado, ao longo do ano litúrgico, a linha de pensamento de J. B. Libanio. Para resumir, num recente texto veiculado n’O DOMINGO, o referido autor fez lá uma manobra danada para encaixar o zen-budismo no catolicismo e, até aí, tudo bem: embora distintas, há muito de positivo e virtuoso em cada uma destas religiões. Sem contar que a liberdade de escolher esta, aquela ou nenhuma religião é inalienável. Estudá-las comparativamente é muito interessante e enriquecedor. Fazer miscelâneas entre elas é insanidade, se assim for, que então que se crie uma nova e seja feliz, não venha deturpar aquilo que é basilar em cada uma.
Bem, a história de Libanio e sua exposição sobre zen-budismo é café pequeno. Terrível, mesmo, foi seu texto na coluna CAMINHOS DE EXISTÊNCIA: “O CAMINHO DO COMPROMISSO REVOLUCIONÁRIO CRISTÃO”, publicado n’O DOMINGO, nº 46, de 02 de outubro de 2011, remessa XIII, Ano LXXIX, à página 04. A proposital confusão de informações difundidas, a má-fé de seus argumentos, as mentiras travestidas de verdades compõem uma tergiversação que, felizmente, tem apenas quatro parágrafos: a tortura foi pesada, mas foi breve. Ufa!
Destaco os trechos mais marcantes.
No primeiro parágrafo, escreve Libanio: “(...) Assim, alguns cristãos – em diversas partes do mundo e aqui no Brasil, no tempo do regime militar – optaram pelo caminho revolucionário de inspiração cristã.” Mentira, pastor! A verdade é esta: a opção revolucionária da ocasião não tinha nada de cristianismo, mas sim de marxismo. Os regimes inspirados no marxismo, surgidos efetivamente a partir do início do século XX, contabilizam um genocídio de cerca de 100.000.000 de pessoas!!! Pasme, leitor, CEM MILHÕES de cadáveres. O que há de cristianismo nisto?!
No segundo parágrafo, repete a dose: “(...) Como a realidade se caracterizava por violência institucional (...) alguns cristãos decidiram colaborar na luta armada.” Equivoca-se, padre. Tínhamos um presidente, cuja assunção lícita do cargo em vacância, agia de modo anticonstitucional, negando a Carta Maior que jurara defender. Esta foi a primeira violência institucional daqueles tempos, o resto é decorrência disto. Torno: não exatamente cristãos, mas sim marxistas decidiram colaborar com a luta armada. Muitas vezes, havia marxistas disfarçados de clérigos católicos, como aqueles que se passaram por corretores de imóveis, a fim de descobrir na região do Araguaia um local em que fosse possível criar um enclave no seio do território nacional, situação pela qual passa a Colômbia até hoje nas regiões sob o domínio das FARCs.
O terceiro parágrafo é a apoteose do delírio de Libanio: “Figuras como Che Guevara, Fidel Castro e outros, embora se declarassem não cristãos, encarnaram para esses cristãos um modelo de compromisso revolucionário. Não compartilhavam com eles o itinerário marxista ateu.(...)” Bem, Libanio tenta disfarçar um pouco seu viés nesta última frasezinha que transcrevi, que encerra uma das poucas verdades do texto: “(...) o itinerário marxista ateu (...)”. De fato, o marxismo é ateu.
O impressionante é um sacerdote cristão vislumbrar correlações também cristãs naquele médico argentino que colocava no paredón aqueles que não concordavam com sua ideologia e pessoalmente os executava, ensinado aos seus discípulos, em 16 de abril de 1967: “O ódio como fator de luta. O ódio intransigente ao inimigo, que impulsiona o ser humano para além dos limites naturais e o converte em uma eficaz, violenta, seletiva e fria máquina de matar.” Quanto cristianismo, doutor! Ah, talvez seja uma questão de oposição astral: a posição do Sol em relação à Terra em 16 de abril é praticamente o oposto do que ocorre em 18 de outubro, dia de São Lucas, padroeiro dos médicos. Talvez, numa linguagem hermética, tangível apenas aos Grandes Mestres, Ernesto quisesse dizer o avesso daquilo que disse. Ocorre que ele agiu conforme havia pregado... E pregou fogo nos desafetos!
Não bastasse a alusão às virtudes do Doutor Revolucionário Ateu-Cristão, Libanio ainda tem por modelo de cristão encarnado o mais antigo ditador das Américas: El Coma Andante, o líder da revolução que fez mais de 17.000 mortos diretos à época e, estima-se, cerca de 100.000 refugiados e desaparecidos, ao longo do tempo. Não é pequeno o número de balseros que fugiram da ilha da liberdade paradisíaca, potência mundial de Direitos Humanos, pelos mares do Caribe, na busca de um cativeiro na Flórida. Talvez seja o mesmo raciocínio da oposição astral que expus anteriormente.
O quarto e último parágrafo é a recuperação da catarse do parágrafo anterior. A linguagem é light e tudo fica como uma parafraseada e adocicada (se você for diabético, cuidado!) fábula esopiana, na qual se encerra uma lição de moral: “Fica, porém, para as gerações atuais a memória de tal heroísmo a fim de incentivá-los a percorrer novo tipo de caminho revolucionário. Não pelas armas, mas pelo estabelecimento de um novo modelo social”. Isto é legítimo e puro gramcismo, ou seja, o neo-marxismo, que não combate as instituições referenciais da sociedade, mas sim nelas se infiltra para destruir-lhes a essência de dentro para fora, sem alarde, em surdina, na maciota, feito um agressivo câncer não detectado, cujas metástases se espalham pelo corpo todo da sociedade, tornando-o irreconhecível, disforme, podre e por fim, cometem o assassinato mais torpe: mantêm vivo um corpo de alma morta, encarcerado numa tirania disfarçada de bem-estar social, que tolhe até mesmo o livre arbítrio concedido por Aquele que tudo pode aos que, de fato, nada detêm.
(*) o autor é politicamente incorreto
Do blog do meu amigo Anatolli - Imagens da Internet (Google) - fotoformatação (PVeiga)
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