Por Hiram Reis e Silva, Porto Alegre, RS
“A pura raça Anglo-americana está destinada a estender-se por todo o mundo com a força de um tufão. A raça Hispano-mourisca será abatida".
(New Orleans Creole Courier, 27.01.1855 )
Alguns leitores ficaram indignados ao ler meus dois últimos artigos, onde relato o vazamento de documentos secretos americanos, pelo site Wikileaks, sobre a Guerra do Afeganistão onde expus dois dos inúmeros “Crimes de Guerra” cometidos pelas tropas do “Tio Sam”, no Iraque. Não sou, absolutamente, contra qualquer povo, norte-americano ou não, mas tenho total aversão a qualquer tipo de intervenção. (http://wikileaks.org/wiki/Afghan_War_Diary,_2004-2010)
Paladinos “Pero no Mucho”
Analisando as intervenções armadas ou não na história da humanidade observamos que o interesse geopolítico ou geoeconômico foi e continuará sendo o agente catalisador de cada uma delas. As justificativas apresentadas aos incautos como defesa da democracia, manutenção dos direitos humanos e tantos outros têm, na verdade, a finalidade pura e simples de garantir o acesso das potências hegemônicas aos recursos naturais ou assegurar sua influência política em Estados que se tornaram ou pretendam se tornar independentes.
Não há interesse, por parte das nações poderosas, de que surjam novas e fortes economias alterando sua posição de domínio no mundo. A permanência do “status quo” justifica quaisquer tipos de retaliações, intervenções, massacres mascarados pela mídia através de termos simpáticos. É interessante observar que o tratamento dispensado aos seus “aliados”, mesmo que estejam infligindo as mesmas regras, não estão sujeitos a este tipo de retaliação, senão, como explicar a sua omissão quando ocorreu o extermínio de milhares de curdos pela Turquia ou seu apoio explícito ao governo Saudita que tem mostrado o mais profundo desprezo pelos direitos humanos.
Quando seus interesses geoeconômicos não estão em jogo os “paladinos da justiça” permitem o extermínio de milhões de pessoas como na guerra pela independência de Biafra e na guerra do Sudão.
GUERRA HISPANO-AMERICANA (1898)
Em 1898, o encouraçado “USS Maine”, ancorado em Havana, foi explodido pelos próprios americanos para ser usado como pretexto para desencadear uma Guerra contra a Espanha.
Filipinas
A presença americana nas ilhas desencadeou a “Jihad”, a guerra santa contra o invasor e os americanos responderam com “Operações de Extermínio”. O General Jake Smith determinou a seus fuzileiros “Kill and burn!” (Matem e queimem!), ordenando também que “Kill every one over tem” (Matassem todos acima dos dez anos de idade). Na ilha de Jolo, os “Moros” refugiaram-se no alto da cratera de um vulcão extinto, o Bud Dajo e os “Paladinos as Justiça”, em março de 1906, apoiados pelo navio Pampanga, cercaram e mataram mil homens, mulheres e crianças. No Bud Bagsak, em junho de 1913, 2.000 rebeldes, incluindo 196 mulheres e 340 crianças, armados de facas e lanças, foram aniquilados.
Os americanos não sabem, ainda, porque os muçulmanos os odeiam!
PANAMÁ (1903)
Fomentado pelos americanos, eclodiu em 3 de novembro de 1903, um movimento separatista que culminou com a independência do Panamá em relação à Colômbia. Imediatamente, os Norte-americanos reconheceram novo país e enviaram suas Forças Navais para impedir a chegada de tropas colombianas. Logo em seguida, foi firmado o Tratado “Hay-Bunau-Varilla”, que concedia aos Estados Unidos o uso, controle e ocupação perpétua da Zona do Canal, uma faixa de
IRÃ (1953)
seus poderes, assumindo o papel de fantoche dos interesses anglo-americanos no Irã, que formaram um consórcio para continuar explorando o petróleo iraniano. A Anglo-Iranian ficou com 40% e as empresas norte-americanas com o restante. Os nacionalistas iranianos haviam se refugiado nas mesquitas e seus líderes religiosos lideraram a Revolução Xiita, de 1979, que causou mais estragos aos interesses anglo-americanos do que o nacionalismo secular de Mossadegh.
Sem a intervenção o Irã teria hoje um regime secular no poder e, provavelmente, integrado na globalização e não dominado pelos fundamentalistas.
VIETNAM (1965/1973)
My Lai
Fonte: www.dwelle.de
‘Crime de Guerra’. As autoridades militares dos EUA, sob a administração de
Richard Nixon, conseguiram esconder o massacre por mais de um ano. Somente em novembro de 1969, as primeiras reportagens sobre o caso foram publicadas na imprensa norte-americana, sobretudo no jornal New York Times. Soldados norte-americanos, SUPOSTAMENTE DEFENSORES DA LIBERDADE E DA DEMOCRACIA na luta contra o comunismo, foram desmascarados como um bando de assassinos. Vários integrantes da ‘Companhia Charlie’ admitiram publicamente tratar-se de um ‘CRIME IMPERDOÁVEL’. Enquanto isso, o tenente William Calley não via absolutamente nada de anormal. Admitiu apenas que uma das maiores tragédias de sua vida foi executar operações cujo sentido desconhecia”.
(http://www.amazoniaenossaselva.com.br/Pal2.asp?Cod=6&Sld=38)
Tranh Phong
Fonte: Howard Kurtz - The
“Rompendo um silêncio de 32 anos, o ex-senador e ex-tenente da Marinha, Bob Kerrey, revelou ter tido um papel importante na matança de mais de uma dúzia de civis durante a Guerra do Vietnã. ‘Fiquei tão envergonhado que queria morrer’, disse Kerrey, condecorado com a Medalha de Honra, a The Wall Street Journal, referindo-se a um artigo que será publicado no domingo. ‘Isso está me matando. Estou cansado de ver as pessoas me descreverem como herói e ficar escondendo isso dentro de mim’, disse o ex-senador. Kerrey afirmou que sua unidade de elite da Marinha (Seal), matou os civis inadvertidamente, depois de acreditar que havia sido atacada por vietcongues na vila de Tranh Phong, em 25 de fevereiro de
Agente Laranja
“As consequências dos produtos químicos americanos continuam sendo extremamente graves, e continuarão persistindo até meados do século 21 no Vietnã”, prevê o professor Câu. Somente na província de Quang Tri (centro do país), onde se encontrava a zona desmilitarizada que separava o Vietnã do Norte e o Vietnã do Sul durante o conflito, foram registradas mais de 15.000 vítimas do agente laranja no censo organizado em 1998.
Studies and Observations Group (MAC SOG)
Fonte: ISTOÉ - Edição 1498 - 17 de Junho de 1.998
“Unida a um grupo de mercenários, uma unidade de elite do Exército invade uma aldeia num território neutro, joga Sarin (um gás que atua sobre o sistema nervoso) e mata pelo menos 100 pessoas, a maioria mulheres e crianças. A missão principal dessa unidade era eliminar soldados de seu país que haviam desertado e viviam entre os aldeões. Depois do massacre, a unidade é cercada por tropas inimigas e pede apoio aéreo, que vem em forma de bombardeio de gás sobre as tropas inimigas. Ao contrário do que possa parecer à primeira vista, esse episódio não foi obra das tropas iraquianas de Saddam Hussein durante a Guerra Irã-Iraque (1980-1988), quando o ditador não hesitou em usar armas químicas contra o próprio povo”.
GRANADA (1983)
Reagan justificou a ação sob a alegação de que a medida de força fora solicitada pelos países do Caribe, e que o aeroporto em construção destinava-se a uma base soviética. O aeroporto fazia parte dos planos do governo para incentivar o turismo no país (sua principal fonte de renda ainda hoje). Jornalistas verificaram que os americanos haviam bombardeado um hospital psiquiátrico matando 47 doentes e destruído diversas instalações civis.
NICARÁGUA - Escândalo 'Irã-Contras’ (1986)
IRAQUE
Operation Desert Fox (1998)
A Câmara dos Representantes dos EUA estava a menos de 24 horas da votação que muito provavelmente resultaria no início do processo de ‘impeachment’ presidencial quando as sirenes de alerta de ataque soaram do outro lado do mundo,
Operation Iraq Freedom (2003)
Powell e as Fotos dos Armazéns
Fonte: Folha Online - 05 de fevereiro de 2003
As instalações mostradas nas fotografias de Powell já tinham sido destruídas na “Operation Desert Storm”, mas isso é um mero detalhe.
Falso Resgate da Recruta Lynch
Fonte: BBC - 15 de maio, 2003.
Dossiê Blair
Fonte: Dominic Evans - RTP.PT - 06 de Junho de 2003
“O primeiro-ministro Tony Blair foi acusado na
sexta-feira de recorrer aos mesmos métodos de propaganda de Saddam Hussein, por causa descoberta de que trechos de um dossiê do governo sobre o Iraque foram plagiados de trabalhos acadêmicos. O dossiê foi publicado nesta semana em uma página do governo na internet e dizia que o Iraque montou uma intensa campanha para enganar e intimidar os inspetores de armas da ONU. (...) O documento dizia ter recolhido informações ‘de várias fontes, inclusive de material de inteligência (do serviço secreto)’. Na sexta-feira, porém, as autoridades admitiram, constrangidas, que pedaços inteiros do texto foram copiados - erros gramaticais inclusive - de uma tese acadêmica. Reservadamente, alguns ministros admitem que é difícil recolher informações sigilosas sobre o Iraque”.
Tortura no Iraque
Fonte: Deutsche Welle - 04 de maio de 2004
AFEGANISTÃO
Operation Enduring Freedom (2001)
Coronel de Engenharia Hiram Reis e Silva
Professor do Colégio Militar de Porto Alegre (CMPA); Acadêmico da Academia de História Militar Terrestre do Brasil (AHIMTB); Membro do Instituto de História e Tradições do Rio Grande do Sul (IHTRGS); Presidente da Sociedade de Amigos da Amazônia Brasileira (SAMBRAS); Colaborador Emérito da Liga de Defesa Nacional.
Site: http://www.amazoniaenossaselva.com.br
E-mail: hiramrs@terra.com.br
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