Por *Hiram Reis e Silva, Porto Alegre, RS
“O voto poderia ser facultativo e as promessas, obrigatórias”.
(Sandra Martins Cavalcanti de Albuquerque)
Uma guerreira, antes de tudo, Sandra Cavalcante tem pautado suas ações e declarações sem se preocupar com o politicamente correto ou tentar agradar eleitores indecisos. Sempre fiel às suas convicções, é um raro exemplo na política brasileira da postura ética que deve pautar a conduta de nossos legisladores e governantes, colocando, sempre, os interesses do país acima de suas ambições ideológicas ou pessoais.
Sandra Martins Cavalcanti de Albuquerque
Eleita vereadora pelo antigo Distrito Federal em 1954 e deputada estadual pela Guanabara em 1960, afastou-se do mandato a pedido do governador Carlos Lacerda para assumir a Secretaria de Serviços Sociais.
Foi presidente do Banco Nacional da Habitação (BNH) e deputada estadual pelo novo estado do Rio de Janeiro em 1974 e, em 1986 e 1990, deputada federal pelo PFL. Na primeira gestão de César Maia na prefeitura do Rio de Janeiro (1993-1997) foi Secretária Municipal de Projetos Especiais.
Já Não Podemos Dizer Nada!
Sandra Cavalcanti
“Em 14 de abril de 1930, aos 36 anos, Vladimir Maiakóvski, o maior poeta russo da era contemporânea, deu um fim trágico à sua atormentada vida. Matou-se porque perdeu toda a esperança e se viu diante de uma estrada sem saída. Sua obra é absolutamente revolucionária, como revolucionárias eram as suas idéias. Mas, o poeta, dizia ele, por mais revolucionário que seja não pode perder a alma! Ele acreditou piamente na Revolução Russa e pensou que um mundo melhor surgiria de toda aquela brusca e violenta transformação. Aos poucos, porém, foi percebendo que seus líderes haviam perdido a alma.
A brutalidade crescia. A impunidade era a regra. O desrespeito às criaturas era a norma geral. Toda e qualquer reação resultava em mais iniquidades, em mais violência. Um stalinismo brutal assolou a pátria russa. Uma onda avassaladora de horror e impotência tomou conta de seu espírito, embora ainda tentasse protestar. Mas, foi
Em 1936, escreveu Eduardo Alves da Costa o poema: No caminho com Maiakóvski, que resume sua desoladora tragédia.
"... Na primeira noite eles se aproximam
e roubam uma flor
de nosso jardim.
E não dizemos nada.
Na segunda noite, já não se escondem:
pisam as flores,
matam nosso cão,
e não dizemos nada.
Até que um dia,
o mais frágil deles
entra sozinho em nossa casa,
rouba-nos a luz e,
conhecendo nosso medo,
arranca-nos a voz da garganta.
E já não podemos dizer nada.”
Nestes tristes tempos, muitos estão vivendo as angústias desabafadas neste poema. Também acreditaram em líderes milagrosos, tiveram esperanças em dias mais serenos, esperaram por oportunidades melhores e sonharam com paz e alegria. Nunca imaginaram que, em seu lugar, viriam a impunidade, a violência, o rancor e a cobiça. Os que chegaram ao poder, sem nenhuma noção de servir ao povo, logo revelaram a sua verdadeira face.
A ausência das autoridades tem sido o grande estímulo para que esses grupos, e outros que vão surgindo, venham conseguindo, num crescendo de audácia e desrespeito, levar o pânico aos que vivem do trabalho no campo. A mesma audácia impune garante também a expansão das quadrilhas de narcotraficantes em todo o País. A cada dia que passa eles chegam mais perto de nós. Se examinarmos com atenção os acontecimentos destes últimos dois anos, dá para entender o nosso medo.
Quando explodiu o caso do Waldomiro Diniz, as autoridades estavam na obrigação de investigar tudo e dar uma punição exemplar. O que se viu? Uma porção de manobras para encobrir os fatos e manter os esquemas intocáveis. E qual foi a reação do povo? Nenhuma.
Roubaram uma flor de nosso jardim, a flor da decência, da dignidade, da ética, e nós não dissemos nada!
Quando, da noite para o dia, dezenas de deputados largaram suas legendas e se bandearam para as hostes do governo, era preciso explicar tão misteriosa adesão. O que se viu? Uma descarada e desafiadora alegria no alto comando do País! E qual foi a reação do povo? Nenhuma.
Eles nem se esconderam. Pisaram em nossas flores, mataram o cão que nos podia defender. E nós não dissemos nada!
Quando um parlamentar, que integrava a tal maioria, veio denunciar o uso de recursos públicos, desviados de forma indecente, com a conivência dos altos ocupantes do governo, provando que a direção do PT e do governo sabia de tudo e de tudo se haviam aproveitado, qual foi a reação do povo? Nenhuma.
Eles nem se importaram com o fato de terem sido descobertos. O mais frágil deles entrou em nossa vida, roubou a luz de nossas esperanças e, conhecendo o nosso medo, ainda se deu ao luxo de arrancar a nossa voz da garganta.
Será que vamos aceitar? Não vamos dizer nada? Será que o povo brasileiro perdeu de vez a sua capacidade de se indignar? A sua capacidade de discernir? A sua capacidade de punir?
Acho que não. Torço para que isso não esteja acontecendo. Sinto, por onde ando e por onde vou, que lá no mar alto uma onda de nojo está crescendo, avolumando-se, preparando-se para chegar e afogar esses aventureiros. Não se trata, simplesmente, de uma questão eleitoral. Não se cuida apenas de ganhar uma eleição. O importante é não perder a alma. O direito de sonhar. A vontade de viver melhor.
Colocar este momento como uma simples luta entre governo e oposição é muito pouco. E derrotá-los, simplesmente, também é muito pouco, diante do crime que eles praticaram contra as esperanças de um povo de boa-fé.
O que vai, hoje na alma das pessoas, é o corajoso sentimento de que é preciso vencer o pavor e o pânico diante da audácia dessa gente, não permitindo que eles nos calem para sempre. Se não forem enfrentados, se não forem punidos, se seus métodos e processos não forem repudiados, nosso futuro terá sido roubado.
Nossa voz terá sido arrancada de nossa garganta. E já não poderemos dizer nada.”
*Coronel de Engenharia Hiram Reis e Silva
Professor do Colégio Militar de Porto Alegre (CMPA); Acadêmico da Academia de História Militar Terrestre do Brasil (AHIMTB); Membro do Instituto de História e Tradições do Rio Grande do Sul (IHTRGS); Colaborador Emérito da Liga de Defesa Nacional.
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Um comentário:
Cuidado!!! Não compre gato por lebre. A Sandra Cavalcante é conservadora e anti-comunista, mas nessa, ela pisou no tomate e feio.
A POESIA CITADA NÃO É DE AUTORIA DO REVOLUCIONÁRIO BOLCHEVIQUE, DESDE OS QUINZE ANOS DE IDADE, MAYAKOVSKI.
É DE AUTORIA DE EDUARDO ALVES DA COSTA, NASCIDO EM 1936, EM NITERÓI (RJ), MAS DESDE OS ANOS 60, VIVENDO EM SÃO PAULO, ONDE SE FORMOU EM DIREITO.
GANHOU EXPRESSIVIDADE COMO POETA PORQUE SE JUNTOU A TURMA DE ARTÍSTAS ESQUERDISTAS QUE NO TEATRO DE ARENA DE SÃO PAULO POLITIZAVAM O TEATRO COM O CHAMADO TEATRO DO OPRIMIDO, DECORRENTE DA TEORIA CRÍTICA DA ESCOLA DE FRANKFURT (REVOLUÇÃO CULTURAL – CORRENTE HABERMAS/ NO BRASIL, INTRODUZIDA PELO ESQUERDISTA EX-CONSUL BRASILEIRO NA ALEMANHA E DEPOIS MINISTRO DA CULTURA DE FHC, EMBAIXADOR ROUANET E SUA MULHER PROFESSORA DA UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA).
A POESIA “NO CAMINHO COM MAYAKOVSKI” DE ALVES DA COSTA SERVIA COMO CAIXA DE RESSONÂNCIA DA SUTIL E ARDILOSA CONTESTAÇÃO AO MOVIMENTO CÍVICO-MILITAR DE 1964, POIS PERMITIA CONOTATIVOS IDEOLÓGICOS, HAJA VISTA QUE MAYAKOVSKI ERA UM SOVIÉTICO. ALIÁS, HÁ QUEM DIGA QUE FOI SUICIDADO POR STALIN, POR PASSAR A TECER CRÍTICAS AO STALINISMO, MAS NÃO AO COMUNISMO.
Biografia
Vladimir Mayakovsky nasceu e passou a infância na aldeia de Bagdadi, nos arredores de Kutaíssi, na Geórgia, Rússia.
Lá cursou o ginásio e, após a morte súbita do pai, a família ficou na miséria e transferiu-se para Moscou, onde Vladimir continuou seus estudos.
Fortemente impressionado pelo movimento revolucionário russo e impregnado desde cedo de obras socialistas, ingressou aos quinze anos na facção bolchevique do Partido Social-Democrático Operário Russo.
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