O WikiLeak há poucos meses revelou um despacho secreto, da Embaixada dos Estados Unidos em Damasco, sobre “Next Steps For A Human Rights Strategy”, informando que, de 2005 até setembro de 2010, os Estados Unidos, com os recursos do Middle East Partnership Initiative (MEPI), tinham destinado secretamente aos grupos da oposição, na Síria, um montante de US$ 12 milhões, bem como financiado a instalação de um canal de TV via satélite, transmitindo para dentro do país programas contra o regime de Bashar al-Assad.
segunda-feira, 15 de outubro de 2012
A CIA SE CONVERTEU EM UMA ORGANIZAÇÃO PARAMILITAR
Os chefes de governo dos
Estados Unidos, Grã-Bretanha e França, se quiserem, podem alegar defesa da
população indígenas ou do meio ambiente e invadir a Amazônia
Em entrevista à Carta
Maior, o historiador e cientista político Luiz Alberto de Vianna Moniz Bandeira
aponta a ação clandestina de forças especiais dos Estados Unidos, Inglaterra e
França nos conflitos da Líbia e Síria e critica a política externa do governo
Barack Obama que usa os direitos humanos para justificar intervenções em
qualquer parte do mundo. "A CIA mais e mais se torna uma força
paramilitar, deixando de ser uma agência de espionagem e coleta de
inteligência. Os drones, aviões sem pilotos, teleguiados pela CIA, já mataram,
desde 2001, mais de 2.000 supostos militantes e civis em vários países",
afirma Moniz Bandeira.
Leia
a seguir a entrevista concedida por e-mail pelo professor Moniz Bandeira à
Carta Maior, desde a Alemanha. Nela, entre outras coisas, ele defende que
"a questão dos direitos humanos e defesa das populações civis virou uma
panaceia que serve para que os Estados Unidos, França e Grã-Bretanha violem os
direitos humanos, com rigorosos embargos comerciais, e massacrem populações
civis, como o fizeram na Líbia". Além disso, sustenta, o presidente Obama
pretende continuar, por outros meios, a política do presidente George W. Bush,
mudando o conceito da OTAN e contrariando o próprio tratado que a criou, ao
dar-lhe capacidade de polícia global.
Carta
Maior: Qual sua
avaliação sobre a participação das grandes potências ocidentais, especialmente,
Estados Unidos, Inglaterra e França nos conflitos da Líbia e da Síria. Há uma
mesma lógica atuando nos dois casos?
Moniz
Bandeira – Não se trata de
teoria conspiratória. Mas parece que uma há lógica na sucessão de levantes, que
começaram na Tunísia, em dezembro de 2010, depois, simultaneamente, se
estenderam ao Egito e à Síria, em 25/26 de janeiro de 2011, e à Líbia, em 17 de
fevereiro. As condições econômicas, sociais e políticas estavam maduras. Em todos
esses países, há enorme taxa de desemprego, afetando grande parte da juventude,
extrema pobreza, inflação, alta dos preços dos alimentos e o ressentimento
político provocado pela repressão das ditaduras.
Está
provado, porém, que militares das forças especiais dos Estados Unidos,
Inglaterra e França, vestidos como árabes, os false-flaggers, i. e., um
“illegal team”, com identidade de outros países, de modo que não sejam
identificados como ingleses, americanos ou franceses, estão agindo abertamente
na Líbia e não se pode descartar a possibilidade de que agentes da CIA e do M16
estejam também na Síria. É muito pouco provável que as manifestações de
protestos, iniciadas em 26 de janeiro, ainda continuem e enfrentem,
diariamente, dura repressão, oito meses depois, sem que recebam encorajamento e
algum apoio da Santa Aliança – Estados Unidos, Inglaterra e França.
O WikiLeak há poucos meses revelou um despacho secreto, da Embaixada dos Estados Unidos em Damasco, sobre “Next Steps For A Human Rights Strategy”, informando que, de 2005 até setembro de 2010, os Estados Unidos, com os recursos do Middle East Partnership Initiative (MEPI), tinham destinado secretamente aos grupos da oposição, na Síria, um montante de US$ 12 milhões, bem como financiado a instalação de um canal de TV via satélite, transmitindo para dentro do país programas contra o regime de Bashar al-Assad.
O WikiLeak há poucos meses revelou um despacho secreto, da Embaixada dos Estados Unidos em Damasco, sobre “Next Steps For A Human Rights Strategy”, informando que, de 2005 até setembro de 2010, os Estados Unidos, com os recursos do Middle East Partnership Initiative (MEPI), tinham destinado secretamente aos grupos da oposição, na Síria, um montante de US$ 12 milhões, bem como financiado a instalação de um canal de TV via satélite, transmitindo para dentro do país programas contra o regime de Bashar al-Assad.
Carta
Maior - Além desse
encorajamento estrangeiro, que outros fatores estariam contribuindo para
alimentar os protestos na Síria?
Moniz Bandeira - Há fortes fatores religiosos. A maioria da
população, na Síria, é salafista, uma das correntes fundamentalistas do Islã,
que pretende restabelecer os primitivos princípios religiosos do Corão. É
similar ao wahhabismo, doutrina defendida por Muhammad ibn Abd-al-Wahhab e
prevalecente, na Arábia Saudita. Bashar al-Assad, porém, é um alauita, outro
segmento do Islã, que dissimula sua doutrina com a taqiyya, uma prática xiita,
seita islâmica dominante no Irã e da qual mais se aproxima. Os alauitas constituem
apenas 10% da população da Síria, mas dominam e controlam todo o aparelho do
Estado há várias décadas, pelo menos desde os anos 1970, quando Hafez al-Assad,
do Partido Ba’ath, assumiu a presidência da Síria.
O
Partido Ba’ath, fundado em Damasco, em 1946, mesclava ideais igualitários,
socializantes, interesses nacionalistas e objetivos pan-árabes, contrários à
política imperialista das potências ocidentais. Alguns dos seus ramos surgiram
em outros países do Oriente Médio, como o Iraque, onde deteve o poder até a
queda de Sadam Hussein, em 2003.
Carta
Maior - A Síria tem
pouco petróleo. Qual ou quais os interesses dos Estados Unidos, França e
Inglaterra na derrubada do regime de Bashar al-Assad?
Moniz
Bandeira – Esses países têm
interesses estratégicos, como, por exemplo, assumir o controle de todo o
Mediterrâneo e isolar politicamente o Irã, que está aliado à Síria, bem como
restringir a influência de Rússia e China no Oriente Médio. A Rússia, desde
1971, opera o porto de Tartus, na Síria, e projeta reformá-lo e ampliá-lo, como
base naval, em 2012, de modo que possa receber grandes navios de guerra,
garantindo assim sua presença no Mediterrâneo. Consta que a Rússia também
planejava instalar bases navais na Líbia e no Yemen. E, conforme se pode
deduzir do telegrama da Embaixada dos EUA em Damasco, publicado pelo WikiLeaks,
tudo indica que o financiamento da oposição, na Síria, desde 2005, pelo menos,
visou à derrubada do regime de Bashar al-Assad, de modo a impedir o
aprofundamento, no âmbito naval, de suas relações com a Rússia.
Daí
que dificilmente os Estados Unidos conseguirão estender à Síria a mesma
estratégia que desenvolveu na Líbia, juntamente com a Grã-Bretanha e a França.
A Rússia, ainda percebida pelos Estados Unidos como seu grande rival, e a China,
opõem-se até mesmo às sanções contra o regime de Bashar al-Assad.
Carta
Maior - Neste contexto,
como pode ser entendida a doutrina do presidente Barack Obama no que se refere
à política externa dos EUA?
Moniz
Bandeira – Em discurso
pronunciado na George Washington University, em 28 de março de 2011, o
presidente Obama declarou que, mesmo não estando a segurança dos americanos
diretamente ameaçada, a ação militar pode ser justificada – no caso de
genocídio, por exemplo – e os Estados Unidos podem intervir, mas não atuarão
isoladamente. Sua doutrina, ele ainda delineou, claramente, em discurso
pronunciado no Parlamento britânico, durante a visita de Estado que fez ao
Reino Unido, entre 24 e 16 de maio de 2011. O presidente Obama disse
que “we do these things because we believe not simply in the rights of
nations; we believe in the rights of citizens”. E mais adiante declarou que carece de peso o
argumento segundo o qual “a nation’s sovereignty is more important than the
slaughter of civilians within its borders” e reafirmou que “nós” pensamos
de modo diferente, aceitamos uma responsabilidade maior , i. e. que a
comunidade internacional deve atuar quando um líder está ameaçando massacrar
seu povo.
Tais
palavras significam que os Estados Unidos, juntamente com a Grã-Bretanha e
França, não mais respeitarão as normas do Direito Internacional, estabelecidas
desde o Tratado de Westphalia, com base nos princípios de soberania do Estado
nação, e poderão intervir em qualquer país, a pretexto de razões humanitárias
ou de defesa da população civil, mas para defender seus interesses econômicos e
estratégicos. Assim os chefes de governo dos Estados Unidos, Grã-Bretanha e
França, se quiserem, podem alegar defesa da população indígenas ou do meio
ambiente e invadir a Amazônia.
A
questão dos direitos humanos e defesa das populações civis virou uma panacéia
que serve para que os Estados Unidos, França e Grã-Bretanha violarem os
direitos humanos, com rigorosos embargos comerciais, e massacrar populações
civis, como o fizeram na Líbia. Também o que pretende o presidente Obama, a
continuar, por outros meios, à política do presidente George W. Bush, é mudar o
conceito da OTAN, contrariando o próprio tratado que a criou, e dar-lhe
capacidade de polícia global (global cop) para enfrentar as “novas
ameaças”, como "terrorism and piracy, cyber attacks and ballistic
missiles”.
Isto
significa que a OTAN deixará de ser uma organização de defesa da Europa
Ocidental, objetivo de sua criação no tempo da Guerra Fria, e tornar-se-á um instrumento
de agressão, pronta para intervir em todos os continentes, com ou sem
autorização da ONU. As sanções contra a Síria são iguais às que foram aplicadas
contra a Líbia, logo no início da rebelião. É a primeira forma de intervir num
conflito interno em qualquer outro país, onde o governo, que não convém à Santa
Aliança, reprima as manifestações para derrubá-lo. Mas evidentemente que as
manifestações populares contra as ditaduras na Arábia Saudita, Bahrein e
Jordânia, clientes dos Estados Unidos, não podem esperar qualquer ajuda.
Carta
Maior - Qual seria mais
especificamente essa estratégia dos Estados Unidos no Oriente Médio e norte da
África e quais as forças especiais estariam atuando na Líbia e, provavelmente,
na Síria?
Moniz
Bandeira - A estratégia atual
dos Estados Unidos, implementada pelo presidente Obama, que bem mereceu o
Prêmio Nobel da Paz, é ampliar o uso de drones, aviões armados e manejados
eletronicamente pela CIA, para matar supostos terroristas, militantes da al-Qaeda
e Talibans, bem como centenas de civis desarmados atingindo-os, como o faz, na
Líbia, Afeganistão, Paquistão e Yemen. Essa é a nova tarefa da CIA, que mais e
mais se torna uma força paramilitar, deixando de ser uma agência
de espionagem e coleta de inteligência. Os drones (General Atomics MQ-1
Predator) esses aviões sem pilotos, teleguiados pela CIA, já mataram, desde
2001, mais de 2.000 supostos militantes e civis, e o Centro Contraterrorismo
(CTC) dispõe atualmente de cerca de 2.000 empregados que trabalham na localização
dos alvos e atacá-los.
O presidente Obama
incrementou essas operações, sem arriscar a vida de soldados, bem como o
emprego de uma outra organização militar, que matou e interrogou mais supostos
terroristas e Talibans do que a CIA, desde 2001. Trata-se do Joint Special
Operations Command (JSOC), à qual está subordinada a U.S. Navy SEAL’s
(Sea, Air and Land Teams), integrante do Comando de Operações Especiais
(USSOCOM), unidade encarregada de operações terrestres e marítimas, guerra não
convencional, resgate, terrorismo e contraterrorismo etc. Um comando do SEAL’s
recebeu a missão de assassinar Osama Bin Laden, no Paquistão, em 2 de maio de
2011. Essa é tarefa da qual o Joint Special Operations Command (JSOC)
está incumbida, executando o programa desenvolvido pelo general David Petraeus,
atual diretor da CIA, quando comandava as tropas americanas no Afeganistão.
O programa consiste
em “kill/capture”, i. e. matar/capturar, em qualquer região do mundo,
terroristas e Talibans, constantes de uma Joint Prioritized Effects List
(JPEL), que inclui até americanos, com fundamento em premissa legal ou extralegal,
conforme diretriz classificada do presidente Obama. O tenente-coronel John
Nagl, assessor de contra insurgência do general David Patraeus no Afeganistão,
considerou o JSOC uma maquina de matar contra o terrorismo em uma escala quase
industrial ("an almost industrial-scale counterterrorism killing
machine"). Trata-se, na realidade, de um comando de esquadrões da
morte do Pentágono.
Comandos do SEAL’s atuaram
na Líbia, assim como da Direction générale de la sécurité extérieure (DGSE),
da Brigade des forces spéciales terre (BFST), subordinada ao Commandement
des opérations spéciales (COS), M16 (Inteligence Service) e Special Air
Service SAS (Special Air Service) como se fossem árabes, os chamados
“rebeldes” não teriam avançado muito além de Benghazi. No dia 20 de agosto, dia
em que acabou o jejum do Ramandan, um navio da OTAN desembarcou no litoral da
Líbia com armamentos pesados, antigos jihadistas e tropas especiais do JSOC,
dos Estados Unidos, BFST, da França, e SAS, do Reino Unido, sob o comando de
oficiais da OTAN, que procederam à conquista de Trípoli.
O balanço da
Operation Odyssey Dawn, após 100 de bombardeios da OTAN, é trágico:
6.121 civis mortos e feridos. De acordo com as estatísticas 3.093 homens foram
mortos ou feridos; 260 mulheres mortas e 1.318 feridas; 141 crianças mortas e
641 feridas. A OTAN, por sua vez, informa que nos primeiros 90 dias executou um
total de 13.184 saídas, entre as quais 4.963 ataques, danificando ou destruindo
mais de 2.500 alvos militares, cerca de 460 instalações militares, 300 sistemas
de radar depósitos, além de aproximadamente 170 locais de controle e comando, e
cerca de 450 tanques. O informe não se refere aos escombros que os bombardeios
deixaram nem às milhares de vítimas civis, mortos, feridos, desabrigados e
refugiados.
Esse foi o resultado
da Resolução 1.973, do Conselho de Segurança Nacional, autorizando a Santa
Aliança (Estados Unidos, Inglaterra e França) a proteger os civis na Líbia e
que ela aproveitou para legitimar o direito de intervenção humanitária, para
defender seus próprios interesses econômicos, geopolíticos e estratégicos no
Mediterrâneo. Este é modo americano de fazer guerra (American Way of War),
adotado pelo presidente Obama. Mas os objetivos são os mesmos do presidente
George W. Bush, atendendo aos interesses do complexo industrial-militar. Sem
agir unilateralmente, ele deseja realizá-los, transformando por meio da OTAN,
de forma a repartir os custos com seus membros, principalmente Inglaterra,
França e Alemanha, a fim de evitar que a guerra seja percebida como entre os
Estados Unidos e a Líbia ou outro qualquer país.
Carta Maior
- Qual deve ser o futuro da Líbia? O senhor acredita que Kadafi possa
resistir e permanecer como um agente político influente no conflito?
Moniz Bandeira
– É difícil prever. A Líbia é um é um país ainda divido em tribos e a lealdade
é essencial entre seus membros. De qualquer modo, vivo ou morto, o espectro de
Kadafi, como comandante ou mito, estará por trás da resistência, que mais dias
menos dias começará a ocorrer, porque as tribos não aceitarão a presença de
tropas estrangeiras no seu território. Porém, uma das consequências da
“intervenção humanitária” na Líbia será provavelmente a proliferação das armas
nucleares. Como muito bem observou Leonam dos Santos Guimarães, especialista em
energia nuclear e assistente da presidência da Eletrobrás – Eletronuclear, a
queda do regime de Kadafi faz supor que a aquisição de armas nucleares se
tornará atraente para países que se sentem ameaçados pelo Ocidente.
Kadafi, em dezembro
de 2003, concordou em abandonar seu programa de armas nucleares, com base em
importações clandestinas de urânio natural, centrífugas e equipamentos de
conversão, bem como a construção de instalações em escala piloto. Se ele
tivesse avançado no seu programa de armas nucleares, a campanha de bombardeios
da OTAN teria ocorrido? – perguntou Leonam dos Santos Guimarães. A resposta
seria certamente não. O direito internacional só é respeitado quando certo
equilíbrio de poder e as nações ameaçadas têm possibilidade de retaliar. Daí
que é quase impossível impedir que o Irã desenvolva suas armas nucleares, não
para atacar Israel, mas para defender-se da Santa Aliança ocidental.
Carta Maior
- No caso da Síria, qual sua avaliação sobre a posição de outras nações
árabes e de Israel frente esse conflito?
Moniz Bandeira –
Não há informações sobre o envolvimento de outras nações árabes nem de Israel
na Síria, onde ainda não há propriamente uma guerra civil, mas uma onda de
protestos. Todos estão a observar o desdobramento da crise. A Síria é também um
país dividido em muitas tribos e o governo conta com o respaldo do Irã, que
provavelmente lhe fornece ou pode fornecer armamentos. São muito estreitas suas
conexões com o Hizbollah, uma força política e paramilitar xiita, com sede no
Líbano. Consta que o Hizbollah dispõe de 30.000 a 40.000 mísseis, apontadas
para Israel e difícil de localizar, porque estão instalados em casas de
família. Essa é uma das razões – e há outras – pelas quais nem os outros países
árabes nem Israel querem envolvimento nos protestos que ocorrem na Síria.
Carta Maior
- Os tambores da guerra estão soando em Israel, diante da perspectiva do reconhecimento
do Estado palestino na ONU, em setembro. Há, na sua avaliação, possibilidade de
uma generalização de conflitos no Oriente Médio?
Moniz Bandeira
- Está previsto que Mahmoud Ridha Abbas (Abu Mazen), como presidente da
Autoridade Palestina, pronunciará um discurso, na 66ª Assembléia Geral da ONU,
a realizar-se entre 21 e 27 de setembro, no qual solicitará o reconhecimento do
Estado palestino. A admissão de um novo membro requer o apoio de 2/3 dos
Estados presentes na Assembleia Geral. Se obtiver esse quórum a Autoridade
Palestina, como Estado, será admitida apenas na condição de observador, pois o
reconhecimento como membro pleno depende de aprovação do Conselho de Segurança
da ONU e, por conseguinte, do voto dos Estados Unidos.
Há uma enorme expectativa
em Israel, com respeito à posição que os Estados Unidos tomarão na Assembleia
Geral, posto que, no dia 5 de setembro, vazou para a imprensa a informação de
que o ex-secretário de Defesa do presidente Barack Obama, Robert Gates, antes
de aposentar-se este ano, criticou duramente o primeiro-ministro de Israel,
Benjamin Netanjahu, em reunião do National Security Council Principals
Committee dos Estados Unidos. Gates chamou Israel de “an ungrateful ally”
(aliado ingrato) e disse que a política de Netanyahu põe seu país em perigo,
recusando-se a negociar, em meio a um crescente isolamento e o desafio
demográfico, se mantém o controle da Faixa de Gaza. Presume-se que a notícia
vazou, com o beneplácito de Obama, como advertência a Netanyahu.
O que se teme, em Tel Aviv,
é que milhões de palestinos, exilados nos demais países árabes, marchem para as
fronteiras de Israel e avancem sobre seu território, se a Assembleia Geral da
ONU reconhecer o Estado palestino, ainda que como observador. Os palestinos
exilados não dispõem de outra nacionalidade porque, nos anos 1950, a Liga Árabe
decidiu não concedê-la, a fim de manter na agenda a necessidade de criar o
Estado palestino.
Fontes: Carta Maior | Burgos | Jader Resende | Illuminati |
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