Greeley, totalmente dedicado ao jornal |
quarta-feira, 10 de outubro de 2012
AS INOVAÇÕES QUE O PATRÃO AMERICANO DE KARL MARX TROUXE AO JORNALISMO
Por Paulo Nogueira (Diário do Centro do Mundo) |in-Lorotas Políticas...|
Que Marx tinha levantado dinheiro como correspondente de um jornal
americano, o Tribune, de Nova York eu sabia. O que eu ignorava era a grandeza
do dono do jornal, Horace Greeley, um dos primeiros barões da imprensa.
Acabei
conhecendo-o ao ler o excelente “Vida e Morte dos Barões da Imprensa”, do
escritor britânico Piers Brendon. É uma pena que este livro não tenha sido
lançado no Brasil.
Greeley era dono de uma prosa brilhante. É
atribuída a ele a criação da primeira página de editoriais da história da
imprensa. Todo dia ele escrevia um editorial no qual defendia alguma de suas
múltiplas causas: o fim da escravatura e o pacifismo, por exemplo.
Chegava ao jornal ao meio dia e só ia embora quando
tudo estava pronto. Isso significa, naqueles dias, meados do século 19, cinco
da manhã. Ele dizia que provavelmente ninguém tinha visto tantos nasceres do
sol quanto ele.
Era um homem controverso, como nota Brendon.
Defendia os direitos das mulheres, mas não a ponto de achar que elas tinham
direito ao voto. Pregava a paz, mas contratava marginais para bater nos meninos
que vendiam nas ruas de Nova York jornais da concorrência.
Marx disse que ele era a “voz da burguesia
americana”, mas Greeley foi mais que isso.
Foi talvez o maior formador de talentos da história
do jornalismo. Do Tribune, depois de aprender com o duríssimo professor que era
Greeley, sairiam dois futuros barões da imprensa. Um deles, Charles Dana,
comandaria o Sun, altamente influente no final dos anos 1800 nos Estados
Unidos, e um precursor dos tablóides como os conhecemos.
Foi um subordinado de Dana, John B. Bogart, que
cunhou a frase que simboliza o jornalismo: “Se um cachorro morde um homem, não
é notícia. Se um homem morde um cachorro, é”.
O outro, Henry Raymond, fundaria um jornal ao qual
deu o nome de Times. The New York Times. Esse mesmo. Raymond foi um prodígio.
Aprendeu a ler aos três anos. Trabalhava alucinadamente, como seu mentor
Greeley.
E gostava de gastar o tempo livre com jogo e
atrizes. Teve um derrame quando estava com uma delas, aos 49 anos. Duas figuras
misteriosas levaram-no à porta de sua casa, alta madrugada. Ele jamais
recuperaria a consciência. Morreu aos 49 anos.
Greeley ensinou tudo de jornalismo a ambos. Mostrou
também como reagir a insultos. A um desafeto que disse que limpava o traseiro
com o jornal de Greeley, ele respondeu: “Continue a fazer isso. Logo sua bunda
será mais inteligente que seu cérebro.”
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