Por Luiz Antonio Domingues (*) -\| in Orra Meu! |/
Em 1948, o produtor e
empresário Franco Zampari fundou o TBC (Teatro Brasileiro de Comédia), no
coração do bairro da Bela Vista, popular Bexiga, em São Paulo, capital.
Importante marco na
história da dramaturgia brasileira, esse teatro paulistano fez história e
contou estórias por muitos anos, através de importantes espetáculos teatrais.
Em seus palcos (eram
cinco salas num único prédio, inovadoramente moderno, para o fim dos anos 1940),
desfilaram centenas de atores que brilharam na dramaturgia nacional e que
posteriormente também migraram para carreiras no cinema e na TV.
Do sucesso do TBC,
surgiu a ideia de criar a Companhia cinematográfica Vera Cruz, outro
empreendimento de Franco Zampari.
Na noite do dia 11 de outubro de 1948, há 64 anos
completados ontem, o TBC iniciou suas atividades com uma jornada dupla de
teatro. Os espetáculos foram : "A Voz Humana", texto monólogo do
diretor de cinema mundialmente famoso, Jean Cocteau e interpretado pela atriz
francesa radicada no Brasil, Henriette Morineau e "A Mulher do
Próximo", texto de Abílio Pereira de Almeida, interpretado por Cacilda
Becker.
A jornada dupla de
teatro foi aclamada pelo público presente e recebeu entusiasmadas críticas da
imprensa da época.
O auge criativo do
TBC se deu entre 1948 e 1964, quando se implantou a ideia de uma companhia
organizada de teatro, com repertório e fechada no ideal de cooperação total
entre diretores, atores e técnicos.
Nos seus anos de
ouro, chegou a reunir um elenco invejável de atores, entre os quais: Cacilda
Becker, Walmor Chagas, Tônia Carrero, Fernanda Montenegro, Dionísio Azevedo,
Cleyde Yáconis, Nydia Lícia, Nathália Timberg, Paulo Autran, Sérgio Cardoso,
Ítalo Rossi, Sérgio Britto, Tereza Rachel etc.
Com a mão forte de
Franco Zampari, muitos diretores e técnicos europeus foram contratados. Adolfo
Celi, Luciano Salce, Ruggero Jacobbi, Ziembinsky e Gianni Ratto, entre outros
diretores que fizeram história no teatro e cinema do Brasil.
Mas nem tudo eram
flores e haviam seus detratores. Os opositores reclamavam de um certo
conservadorismo na escolha dos textos e pelo excesso de peças estrangeiras
encenadas. De tanta pressão, o TBC passou a adotar uma postura mais
nacionalista já na segunda metade dos anos cinquenta, encenando textos
brasileiros quase em pé de igualdade com os estrangeiros em seu repertório.
Entraram Dias Gomes, Gianfrancesco Guarnieri, Jorge Andrade e a única prata da
casa desde seu início, Abílio Pereira de Almeida.
O mesmo processo
nacionalista foi dando chance a uma nova safra de diretores genuinamente
brasileiros, com oportunidades surgindo para jovens talentos como Flávio Rangel
e Antunes Filho, por exemplo.
O Teatro passou por
períodos de fechamento e reaberturas, mas nunca mais conseguiu suplantar o seu
apogeu de seus primeiros anos de atividade como sede de um grupo ativo e muito
unido.
Infelizmente fechado neste momento (2012), agora é só um prédio velho na
Rua Major Diogo e muita gente que passa apressadamente em sua calçada hoje em
dia, nem suspeita que outrora tenha sido um grande templo do teatro paulista e
brasileiro.
Mas há uma luz no fim do túnel...
A Funarte (Fundação Nacional de Artes, vinculada ao Ministério da
Cultura), pretende reformar o velho TBC e tramita nos órgãos federais o projeto
que o modernizaria.
Das cinco salas antigas, haveria uma redução para três, ampliando a capacidade
de cada uma.
Dou meu voto de confiança, esperando que esse projeto saia do papel e se
concretize no final de 2013, conforme a projeção oficial prometida.
Receberei de braços abertos esse resgate do patrimônio cultural de São
Paulo.
(*)-Luiz
Antonio Domingues (músico das bandas PEDRA,Ciro Pessoa & Nu Descendo a
Escada, Kim Kelh e os Kurandeiros).
\\\|||imagens da Internet fotoformatações PVeiga|||///
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