sábado, 13 de outubro de 2012

OFENSA INADMISSÍVEL

Por Luiz Antonio Domingues - | in Planet Polêmica |

Cena do vídeo, que é o trailer de um filme mais longo chamado Innocence of Muslims (Inocência de Muçulmanos, em tradução livre), parece retratar o islã como uma religião de violência e ódio, e Maomé, como um homem tolo e com sede de poder. Acredita-se que o filme completo, de características amadoras, tenha cerca de uma hora. O trailer foi colocado no YouTube por uma conta ligada ao usuário "sambacile", mas essa pessoa não existe. Autoridades dos EUA agora dizem ter identificado Nakoula Basseley Nakoula, um egípcio cristão copta que vive na Califórnia e pode ser o autor do filme, suspeito de ter usado o pseudônimo "Sam Bacile" para esconder sua identidade. (Foto: Reprodução).
O Oriente médio já passava por uma fase turbulenta pela epidêmica "primavera árabe", com diversas ditaduras sendo destituídas de poder. 
Como se não bastasse toda a tensão desses eventos e a permanente animosidade em relação à Israel e a causa Palestina (com Ahmadinejad sempre com um dedo em riste e outro no botão de uma bomba), eis que surge um fato novo para atear fogo num depósito de pólvora. O filme que gerou protestos veementes entre os muçulmanos, chamado “A Inocência dos Muçulmanos" ("Innocence of Muslims"), foi esse fator agravante. Para início de conversa, o filme é tecnicamente horroroso. Produção classe "Z", não serve nem para o circuito trash do off do off. 
Em segunda análise, o produtor/diretor dessa obra, agiu de má fé com os atores, pois na edição final, os nomes dos personagens e diálogos foram adulterados de forma a apresentar-se de uma maneira totalmente diferente do que os atores acharam que seria. Muitos inclusive, entraram com processo na justiça, pois sentem-se lesados com as adulterações grotescas realizadas e que os expõem de forma aviltante. 
E no terceiro aspecto, é clara a intenção de tal produtor/diretor em insultar o profeta Maomé, o Islã e seus seguidores. A liberdade de expressão é uma prerrogativa salutar no exercício da arte, mas dentro de limites éticos, naturalmente. 
Extrapolando os ditames do bom senso, esse senhor partiu para o insulto propriamente dito, exprimindo sua opinião pessoal a cerca de sua bronca com a religião islâmica, conspurcando grotescamente a imagem do profeta Maomé. 
Mesmo condenando a violência de radicais e nesse caso, 40 mortes é um saldo insuportável de ser contabilizado, o fato é que a provocação foi um duro golpe no coração dessas pessoas e só podemos lamentar que tenha sido perpetrada por um irresponsável. Claro, não foi uma brincadeira de adolescente que não mediu consequências. 
O cidadão sabia que causaria uma fagulha explosiva e foi fundo em sua determinação. O FBI está em cima e quer respostas. 
A família do embaixador americano brutalmente assassinado, não vai se contentar com um lacônico pedido de desculpas e por aí vai. 
Curioso, mas tal ação ocorre em meio a uma acirrada disputa eleitoral na América, onde a tendência de Barack Obama permanecer incômoda à oposição republicana formada pelos conservadores de plantão. Não estou fazendo nenhuma insinuação leviana, mas esse vídeo bombástico que acirra o ódio aos Estados Unidos entre os muçulmanos, interessa a quem? É um "cutucar a onça com vara curta", nesse caso, curtíssima e acho muito surreal que seja apenas uma manifestação de um cidadão árabe de declarada religião cristã copta, que sente bronca do Islã por razões pessoais. 
É muito prosaico achar que ele quis expressar "artística e pessoalmente" sua diferença, sem medir as consequências desse ato. 
Nos próximos dias, respostas mais convincentes deverão vir à tona. Sam Bacile, ou Nicola Bacily ou seja lá quem for esse cidadão, vai ter que esclarecer melhor as coisas. Encerrando, repudio esse vídeo abominável, horroroso enquanto peça de cinema e inadmissível como ofensa à fé de milhões de pessoas e principalmente à religião Islâmica e ao profeta Maomé. 
Lembro-me das palavras do Papa Bento XVI, proferidas cerca de dois anos atrás: "Somos todos Abrâmicos"... Fato, o cristianismo, Islamismo e judaísmo, tem a mesma origem. Não há sentido em manter um clima hostil entre três, das cinco maiores religiões do planeta. Deixo meus respeitos aos amigos islâmicos.
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