segunda-feira, 29 de outubro de 2012

DANIEL, COM O REGISTRO DEVIDO

“A imitação perfeita é plágio perfeitamente disfarçado” (Gudé).

Por José Eugênio Maciel
Ponta Grossa, cidade querida
com seus vastos pinheirais
do Paraná é a princesa
Princesa dos Campos Gerais
 (...)
Suas praças sempre floridas
são eternas primaveras
e a cidade, que beleza encerra
é do Brasil, - minha terra!
(...)
Ponta Grossa (Revista O ver o mundo)
             O nome, palavra Daniel, tem origem etimológica do hebraico, é bíblico, a significar “Deus é o meu juiz”, e no sentido de “gostar de ser útil”. Significado e sentido que amoldam o que foi a vida de Daniel Kravchychyn, 83 anos, advogado e cartorário. Sempre pronto, disposto, compenetrado, elegante e galã, também não perdia a oportunidade para contar os seus causos, dar gargalhadas. Tinha prazer em amealhar e cultivar amigos, os enaltecia notadamente na ausência deles, agindo com fraternidade sem que carecesse de estenderem as mãos, tal gesto primeiro partia dele. Daniel conciliava trabalho árduo realizado com esmero cartorial marcado pelo profundo conhecimento das leis, com a confraternização, bastava um sorriso e um abraço para a alegria se expandir, Daniel “bebeu muitos goles da vida”, com intensidade e renovação ímpares.
         Na terça-feira passada Daniel encerrou o ciclo vital. Passou a rumar para o infinito. Nos preparativos dessa viagem ele se despediu atenta e afetuosamente dos filhos, netos, familiares, os saudando como magnânimo paternal, assim como dos seus muitos amigos. Amizades constituídas a partir dos anos 70 quando aqui se estabeleceu como cartorário e logo galgou conceito em vista de ser exemplar servidor, se conduzindo com presteza e fé pública notáveis da sua proba carreira. Afeiçoou-se edificantemente a Campo Mourão, cidade na qual presenciou, apoiou e fez parte positivamente da história.
          É possível supor que ele faça uma parada providencial, Ponta Grossa: lá abraçará a todos com a imensidão dos braços das araucárias repletas de pinhas, altaneiras e imponentes nos vastos Campos Gerais, amor primeiro e inseparável. Lá exerceu quatro mandatos de vereador e presidiu o Legislativo, se tornando desde muito jovem uma liderança política caracterizada pela típica vocação para as funções públicas. A destacada atuação levou o então governador Paulo Pimentel a convidá-lo para ser o chefe de gabinete, tendo aceitado com o objetivo primordial, a causa pública. A amizade entre ambos permaneceu como laço tão forte que, em todas as campanhas eleitorais, em Campo Mourão, sendo o Paulo candidato, lá vinha o doutor Daniel pedir o voto para ele.
         Ponta Grosa e Campo Mourão não dividiram jamais o coração do Daniel. Pelo contrário, foi ele a soma de um sentimento uno, lugares onde ele encontrava os seus amigos, raízes fecundas nutridas por muitas histórias. Lembro-me do Diário dos Campos ou do Jornal da Manhã, jornais ponta-grossenses que assinava para se manter informado e atento aos acontecimentos da sua terra, era rotineiro trazer para os meus saudosos pais (Eloy e Elza) alguma notícia daquele lugar de onde todos vieram.
         No dia da despedida derradeira a chuva caiu intensa em Campo Mourão e Ponta Grossa, primeiramente para arrefecer o calor elevado, águas que caíram para renovar a vida, afofar, encharcar a terra, correram livres pelos campos – Mourão e Gerais – inclusive pelas vias lisas e planas da nossa cidade ou nos aclives com paralelepípedos da Princesa.
         Realizadas as despedidas nas mencionadas paradas, Daniel concluirá o itinerário e aportará seguramente ao lado da inesquecível e generosa Dona Rose, para serem sempre lembrados como seres amados.  

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