quarta-feira, 24 de outubro de 2012
ESTUDANTES PRESTAM HOMENAGEM A BARBOSA
No dia seguinte ao
término da análise dos capítulos da Ação Penal 470 e horas antes da sessão em
que o Supremo Tribunal Federal (STF) começaria a estipular as penas dos
condenados, após dois meses e 20 dias de julgamento, o relator do processo, Joaquim
Barbosa, pôde verificar a repercussão dos trabalhos da Corte perante a opinião
pública.
Na manhã de ontem,
ele foi aplaudido de pé ao chegar em um encontro de universitários, que lotaram
o auditório do Instituto de Educação Superior de Brasília (Iesb), durante a
realização do 2º Congresso de Ensino, Pesquisa e Extensão.
Visivelmente
cansado e discursando em pé, devido ao problema crônico no quadril, o
magistrado foi homenageado pelos alunos, mas recusou o status de herói com que
tem sido tratado em redes sociais.
Segundo Barbosa,
ele “atuou como todo juiz deve atuar”. “Estou em meio a um vendaval. Mal dormi,
mas a luta recomeça”, disse. O ministro recebeu a homenagem prestada por
estudantes e docentes da instituição, que enalteceram valores pessoais,
defendidos por Barbosa, considerados de grande importância na mudança da
concepção da Justiça no Brasil.
Em texto
distribuído pelos estudantes, o magistrado é classificado como um “modelo
ético-republicano”. Em resposta, Barbosa afirmou que busca apenas “levar a
sério o papel que o STF tem no Brasil”. “Longe de mim ter a pretensão de mudar
o país. Eu não tenho feito nada além do papel que se espera de um juiz”, disse.
Impacto
Na apresentação
para os alunos, o magistrado destacou que o juiz não pode se limitar a
interpretar normas jurídicas, mas tem o papel de julgar e verificar qual
impacto as decisões tomadas na Corte trarão para a nação.
“Um país que não
pune adequadamente — e no momento certo — a criminalidade, leva a sociedade a
algo muito mais sério e perigoso que o crime. Leva à desagregação social e à
completa descrença no funcionamento da própria democracia”, defendeu o
magistrado.
Mais de 300
pessoas, entre professores e alunos, assistiram à palestra de Barbosa, sentadas
nas poltronas ou no chão, em pé, encostadas nas paredes, ou acomodadas em
cadeiras improvisadas. Muitas chegaram a permanecer do lado de fora do
auditório lotado, escutando o discurso por meio de alto-falantes.
O estudante do 5º
semestre de direito Gabriel Silva Borges, 23 anos, disse que o magistrado era
um exemplo a ser seguido. “Ele desperta no aluno o sentimento de que o caminho
pode ser difícil, mas que a gente consegue alcançar os nossos objetivos.”
O professor
aposentado Sebastião José Sobrinho, 65 anos, afirmou que via em Barbosa o
personagem que tenta recuperar a dignidade nacional. “Ele está revolucionando.
A excelente participação dele (no julgamento do mensalão) renova a esperança
dos brasileiros”, elogiou.
“Vivemos um
momento histórico e com a presença do ministro podemos incentivar os alunos a
transformarem a realidade. A presença dele foi emblemática”, resumiu a
coordenadora dos cursos de graduação e pós-graduação em direito do Iesb,
professora Any Ávila Assunção.
"Um país que
não pune a criminalidade leva a sociedade à completa descrença no funcionamento
da própria democracia." Joaquim Barbosa, ministro do STF.
In Camuflados
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