terça-feira, 16 de outubro de 2012
LEMBRAI-VOS DA RAPOSA DO SOL E CUIDADO COM OS APLAUDAÇOS...
Por Jorge Serrão
O Brasil é uma
séria piada pronta – como, mais ou menos, bem prega o sábio jornalista-humorista
José Simão
O senso comum das
pessoas é modificado permanentemente. Os agentes de influência, no processo
ideológico, usam o sistema midiático e educacional (?) para implantar “novas” ideias,
“novos” conceitos, “novos heróis”. Tudo politicamente correto, justamente no
Brasil onde se pratica a politicagem egoísta – e não a Política (que é prática
de ações voltadas para o Bem Comum e para a melhoria da Coisa Pública). É o
triunfo da vontade do Imbecil Coletivo (termo do Olavo de Carvalho).
A grande massa
ignorante e os autoproclamados intelectuais embarcam facilmente nas estorinhas
do Boi-Tatá, reproduzindo-as e contribuindo para a distorção de valores,
conceitos e significados. O certo vira o errado, e o errado se transforma na
“coisa certa”. A verdade vira mentira, e a mentira se transmuta em verdade
subjetiva na cabeça da maioria. A regra vira exceção, sendo cumprida apenas
quando convém. O mesmo acontece com o senso de Justiça – que vira sinônimo
de “justiçamento” ou de rigor seletivo contra alguém ou um grupo que se deseja
eliminar.
A distorção mais
recente é socialmente gerada e reproduzida na leitura que a maioria das pessoas
faz do julgamento da Ação Penal 470 no Supremo Tribunal Federal. Exceto os
petistas vitimados pela cegueira produzida pelo fanatismo que mistura política
com religião, a maioria das pessoas comuns afirma ter a certeza de que o STF
está praticando “Justiça”. Esta é a imagem simbólica que está sendo
transmitida e reproduzida midiaticamente.
A maioria vibra
com a condenação da cúpula petralha que praticou os tais crimes ligados ao
popularmente conhecido “Mensalão”. O relator e futuro primeiro presidente negro
do STF, Joaquim Barbosa, foi transformado em um herói nacional. Vestindo
aquela toga preta, às vezes esvoaçante, no imaginário popular difundido pela
internet, Barbosa virou uma espécie de Batman tupiniquim. A simbologia foi
evocada pelo rigor dele no voto contra aqueles que foram midiaticamente
transformados em grandes bandidos da nação.
Daqui a pouco, às
11 horas da manhã (em 12/10), um bem intencionado grupo apartidário de
Brasília convocou, pelas redes sociais, um “aplaudaço”. Será em frente à sede
do Supremo Tribunal Federal, na Praça dos Três Poderes. O objetivo é aproveitar
o feriado de Nossa Senhora de Aparecida (santa padroeira do Brasil) para
agradecer aos ministros do STF pela condenação dos mensaleiros.
Data vênia - como eles costumam invocar
lá no tribunal supremo -, não há motivos reais e objetivos para aplaudi-los. Se os magistrados, reunidos em
plenário, por maioria tiveram a convicção de condenar alguns membros do chamado
núcleo político do mensalão, apenas cumpriram com a obrigação deles de juízes.
A distorção é ter de aplaudir quem cumpre com o seu dever. Como isto é raro no
Brasil, virou até motivo de “aplaudaço”.
Será que merece
aplauso o mesmo Supremo Tribunal Federal que jogou no ralo a soberania do
Brasil ao ser conivente com o crime de lesa-pátria cometido por Luiz Inácio da
Silva ao homologar a reserva Raposa/ Serra do Sol que havia sido demarcada pelo
antecessor dele, Fernando Henrique Cardoso? O STF foi conivente com a
criação claramente inconstitucional de uma “nação” de 1.743.089 hectares dentro
do Brasil para abrigar um punhado de índios, em cujo subsolo todos sabem que
existem minerais raros e valiosos a serem explorados.
Merece aplauso o
mesmo STF que fez vistas grossas à Emenda Constitucional nº 45 que nos foi
enfiada goela abaixo em 2004. Pelo artigo 5º, parágrafo 3º, desta estrovenga
jurídica globalitária, “os tratados e convenções internacionais sobre
direitos humanos que forem aprovados em cada Casa do Congresso Nacional, em
dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão
equivalentes às emendas constitucionais”. A reserva Raposa do Sol foi
viabilizada juridicamente graças a esta Emenda 45, que obrigou o País a cumprir
a Declaração Universal dos Direitos dos Indígenas - aprovada pela ONU em 13 de
setembro de 2007, com o voto favorável da representação brasileira.
A questão indígena
no Brasil é uma piada pronta sem graça. Pela lei, os índios são tratados como pobres
selvagens que precisam ser preservados em seu estado natural. No entanto, na
prática o buraco é mais embaixo. Existe um seleto grupo de índios no Brasil
que está mais integrado ao globalitarismo capitalista que qualquer banqueiro
internacional. Os Caiapós exploram a riqueza existente nos 3,3 milhões de
hectares de sua reserva no sul do Pará (especialmente o mogno e o ouro). Os
indígenas movimentaram cerca de U$ 15 milhões por ano, derrubando, em média, 20
árvores de mogno por dia e extraindo 6 mil litros anuais de óleo de castanha.
Certamente, os
ministros do STF não pensaram nisso quando tomaram a decisão final sobre a
homologação da reserva Raposa do Sol em 20 de março de 2009, determinando a
retirada de cidadãos brasileiros não indígenas da região rica em nióbio. Justiça seja editorialmente
feita! Apenas o ministro Marco Aurélio Mello teve a coragem de votar contra os
limites contínuos da reserva indígena, sugerindo até a anulação da demarcação e
a extinção do julgamento. Os outros dez ministros do STF aceitaram a demarcação
contínua. Além do hoje herói Joaquim Barbosa, Carlos Ayres Britto (relator),
Gilmar Mendes, Celso de Mello, Carmem Lúcia e Ricardo Lewandowski. Os hoje
ex-ministros Eros Grau, Cesar Peluso, Elen Gracie e Carlos Alberto Direito
(falecido) também foram coniventes com o crime de lesa-pátria.
Graças à
famigerada Emenda Constitucional nº 45 que viabilizou a Raposa do Sol, agora os
espertos advogados dos mensaleiros pretendem recorrer das condenações no STF,
apelando à Corte Interamericana de Direitos Humanos, na Costa Rica. A mesma que
obrigou o Brasil a colocar uma plaquinha na Academia Militar das Agulhas Negras
admitindo a mentirosa versão de que um cadete morreu “vítima de torturas” em
treinamento. A mesma entidade que respalda ações revanchistas da Comissão da
“Verdade” e que prega a derrubada da Lei de Anistia de 1979. Nada disso merece
aplaudaço. Pelo contrário, uma vaia pública em grande estilo.
Curiosamente, o
herói Joaquim Barbosa – que votou a favor da homologação da Raposa Serra do Sol
– agora reclama, com toda justiça, da intenção dos advogados que pretendem
recorrer a cortes internacionais. Depois do caso Raposa do Sol, soa até
contraditório o herói Joaquim ressaltar que as decisões do Supremo são
soberanas e não subordinadas a outras instâncias: “É um escracho para com as
nossas instituições e mostra que essas pessoas que estão comandando esse
movimento não pensam no País. Não pensam na consolidação das nossas
instituições. Só pensam em si mesmas, em grupos e facções".
Se Barbosa prega a
soberania agora, merece mesmo o aplaudaço da turma do Facebook.
O duro é que, se os mensaleiros vão para o saco, a nossa soberania sobre a
Raposa do Sol já foi também. E tudo graças ao mesmo aplaudido STF que agora
pune os mensaleiros com todo rigor legal. A vida é assim mesmo. A Justiça
não é perfeita no Brasil. Nem o Batman... Mas tomara que a sabedoria do Robin
consiga valer um dia por aqui: “O Crime não compensa”.
Aplaudaços para
José Simão, porque o Brasil é mesmo o País da Piada Pronta... Então, vamos
aplaudir, rir e cantar, porque do mundo não se leva nada – como prega aquela
musiquinha do Programa Sílvio Santos... Lá, lá, lá lá...
PS 1 – Releia o brilhante voto (derrotado) de Marco Aurélio contra a homologação
da Raposa do Sol:
PS 2 – No Alerta Total de 11 de setembro de 2008, releia o artigo: A História Secreta da Invasão de Roraima
Fonte: Alerta Total
COMENTO: (Tuaregue – in Mujahdin Cucaracha) o texto expressa algo que também me preocupa.
Desnecessário destacar as virtudes, tanto do Ministro Joaquim quanto dos demais
Ministros do STF. Exceção se faça à dupla "toffodowski",
não pelo fato de terem sido nomeados pel'O Canalha. Mas por terem
tido desempenho e conhecimento jurídico questionável. Um deles, por sinal,
reprovado por duas vezes em concursos para a Magistratura de 1ª instância. A
função de Relator, desempenhada com esmero pelo Ministro Joaquim
contrariando expectativas de demoras e protelações, elevou o Magistrado a um
patamar de "Salvador da Pátria", mesmo que o citado Ministro pareça
não incentivar tal "endeusamento". Isso não é bom para o País, para a
Sociedade e para a Democracia.
>>>|||///Imagens da Internet - fotoformatação PVeiga\\\|||<<<
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