segunda-feira, 15 de outubro de 2012
PREFERIDOS E PRETERIDOS DAS URNAS
“Se o eleitor
votou no menos pior, com a escolha feita, se tornou um eleitor menos
ruim?” (Gudé).
Por José Eugênio Maciel
“Ser visto e ouvido por outros
é importante pelo fato de que todos veem e ouvem
de diferentes ângulos. É este o significado da
vida pública”.
Hannah Arendt
Quanto aos números da eleição para
prefeito de Campo Mourão é bom que se diga, qualquer um dos candidatos que
vencesse, mesmo que fosse por um voto de diferença comemoraria com estardalhaço, dado ao acirramento da campanha
confirmado pelo resultado apertado.
Repetidas vezes emprego a ilustração de
um copo contendo a metade com água e outra metade vazia. A visão enfática por
parte do otimista será em razão de ter a metade com água, destacando a METADE
com água. O pessimista enaltecerá com a mesma palavra, porém para mostrar que a
METADE está vazia. E para firmarem o ângulo de visão contrapostos, é como se
pusessem em maiúsculo duas palavras, respectivamente: CHEIO e VAZIO, ou COM ou
SEM água.
Regina: 20.078 votos, 40.37%; Tauillo
19.394, 38.99%; e Turozzi 10.264, 20.64%. A diferença entre os dois mais
votados foi de apenas 1.38%, eis o sentido do copo d'água pela metade.
Se pode enumerar fatores decisivos que
levaram Regina a vencer, como é possível apontar fatores impeditivos ao retorno do Tauillo à
prefeitura. Fato concreto, a eleição foi marcada pela disputa intensamente
equilibrada entre duas forças protagonistas e bem articuladas na disputa.
É preciso respeitar o resultado das
urnas. E respeitar não é apenas levar em conta aqueles que venceram as
eleições, mas sim o completo arco das opções oriundas ao final da votação.
Difícil é a autocrítica por parte dos
que não obtiveram êxito. Existem os que não reconhecem plenamente os erros. A
autocrítica inexiste, uma vez que apontam uma série de fatores que impediram ou
atrapalharam na corrida eleitoral. Sem desmerecê-los nem os supostos fatores, é
lamentável que não consigam verbalizar – quem sabe até venham a fazer ao
colocarem a cabeça no travesseiro – que tenham feito menos votos porque o povo
simplesmente não fez a escolha por eles. Um que disputou a vereança alegou
faltar dinheiro, embora tenha conquistado menos de 50 votos. Então pensei,
mesmo que ele tivesse muito dinheiro – mais muito mesmo! - o máximo que
conseguiria seria cem votos. Tem quem alegue não ter existido tempo para fazer
campanha, embora tenham trabalhado muito pedindo votos.
Não fazer uma análise correta é não
olhar a realidade como ela é, não como se parece ou como se desejaria. É
complicada, difícil por envolver essencialmente a autoestima, a personalidade política
e pessoalmente, e ter que encarar o revés ao não alcançar êxito, tendo ficado pelo caminho. Muitos candidatos
ficaram praticamente no mesmo lugar na corrida eleitoral.
Colocar a culpa nos outros pode até ser
razoável em alguns casos, no geral é como tapar o sol com a peneira, pois nomes
que se propuseram disputar para prefeito e acabaram não se confirmando na
disputa, ainda tiveram a frustração por não eleger sequer um vereador, fato
que, sem aqui provocar com agressões nem zombar, caberia uma reflexão coerente
com a realidade.
Compreender o quadro político
pós-eleições não pressupõe chegar a conclusões consensuais, mas a análise é
possível e necessária, tendo como critério considerar como se somam e se
distinguem o que são vitórias/derrotas eleitorais e políticas ou políticas e
eleitorais.
O som de duas palavras, se não for
suficientemente audível, confundem, também por serem muitíssimas parecidas na
escrita. Para ser mais preciso, é a letra t que pode ser trocada pela
letra f, e um significado passa a ser outro, inteiramente oposto: o que
seria preferido, pode se tornar preterido, mais do que na
semântica, na política.
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Reminiscências em Preto e
Branco
A
política lhe era um ideal democrático. A liberdade que lutou bravamente para
que retornasse, e para isso enfrentou o autoritarismo da ditadura golpista
pós-64. Destemido, audaz, uma voz que não se calou ou se acovardou no velho
MDB. Coincidência ou não, despediu-se da vida num dia de eleições. Adeus a
grande figura humana, intransigente em favor da verdade, Francisco Cilião
Araújo Sobrinho, 85 anos.
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