ZÉ DIRCEU HERÓI? “Danem-se as provas contra José Dirceu”, peça de ativismo político no mínimo bizarra que nos mostra que o caradurismo deste grupo político quer se impor sobre fatos, lógica, moral, leis e tudo que for um entrave a seu projeto de poder pelo poder-(Blog do Onyx)-(Terra) |
sexta-feira, 5 de outubro de 2012
O QUADRILHEIRO DO POVO MENSALEIRO
O primeiro e
decisivo passo para condenar José Dirceu
e a antiga cúpula petista pelos crimes do mensalão foi dado ontem, com o voto
do ministro Joaquim Barbosa.
A pá de cal deve
ser jogada nesta quinta-feira quando se espera que - se nenhum ministro não
interpuser delongas injustificáveis - a mais alta corte do país considerará
aqueles que, até pouco tempo atrás, comandavam o PT culpados por desviar
dinheiro público para comprar apoio político no Congresso.
Dirceu, José
Genoino e Delúbio Soares, além de outros cinco réus, foram condenados ontem por
corrupção ativa pelo ministro relator. A partir da Casa Civil do governo de
Luiz Inácio Lula da Silva, foi montada uma máquina para corromper parlamentares
que se sujeitassem a sustentar o projeto de poder do PT.
O ministro-chefe a
comandava.
Barbosa empilhou
um monte de evidências para mostrar que José Dirceu detinha o "domínio
final de todos os fatos" do mensalão. Nada acontecia sem a sua anuência,
de tratativas de liquidação de bancos à exploração do raríssimo nióbio. Marcos
Valério era seu operador - "broker", ou corretor e negociador, na
definição do ministro relator.
De fato, é difícil
admitir que Dirceu participasse de tantas e tão díspares reuniões, com tão
distintos interlocutores, sem que fosse para tratar da montagem e da atuação da
quadrilha que concebeu, estruturou e operacionalizou o maior esquema de
corrupção que se tem notícia na história política do Brasil.
Mais: como
explicar que, para tratar de mineração ou de sistema financeiro, estivessem
sempre sentados à mesa de reuniões com Dirceu o tesoureiro do seu partido
(Delúbio Soares) e um publicitário cujo maior dom era montar esquemas de desvio
de dinheiro público para molhar a mão de parlamentares (Marcos Valério)?
Mais ainda: como
explicar que, logo depois de realizadas tais reuniões, uma gorda dinheirama
tenha saltado das burras do Banco Rural para os cofres do PT, de onde escorreu
para o bolso dos mensaleiros?
Terão sido meras
coincidências?
Barbosa deixou
claro que não: era o mensalão mesmo em plena ação.
A defesa de Dirceu
argumenta que uma das reuniões com o pessoal do Rural serviu para tratar da
exploração de nióbio. Estranhíssimo.
Primeiro, porque,
até onde se sabe, não é atribuição da Casa Civil cuidar de pesquisa
mineral.
Segundo, porque o
Brasil tem um único produtor do metal - aliás, um dos únicos no mundo: a
CBMM, que pertence, justamente, a um grupo concorrente do banco mineiro, o
Moreira Salles, então à frente do Unibanco, hoje do Itaú-Unibanco.
O que, diabos, o
Rural iria querer com nióbio?
Nada,
provavelmente; o papo era outro.
Os interlocutores
de Dirceu eram gente que não tinha nada a ver com assuntos de governo ou com os
temas alegados pela defesa do "chefe da quadrilha", mas tudo a ver
com o mensalão, como ressalta Marcelo Coelho em precisa análise sobre o voto de
Barbosa ontem no Supremo, publicada na (Folha de S.Paulo).
Era uma profusão
de "reuniões fechadas, jantares, encontros secretos", com Dirceu
"em posição central, posição de organização e liderança da prática
criminosa, como mandante das promessas de pagamentos de vantagens indevidas aos
parlamentares que viessem a apoiar as votações do seu interesse", conforme
resumiu, com a acuidade de sempre, Joaquim Barbosa em seu voto.
São evidências de
sobra para que José Dirceu passe uns bons tempos no xadrez. Se condenado a mais
de oito anos pelos ministros do STF, amargará cumprimento da pena em regime
fechado.
Um ocaso e tanto
para quem foi o segundo homem mais poderoso da República e sonhava tornar-se o
maioral. Dirceu terá uma ficha corrida e tanto a exibir: ex-ministro,
deputado cassado, presidiário e quadrilheiro. Hoje, (O Estado de S.Paulo) diz que o PT prepara
manifestações de desagravo para seus próceres condenados pelo Supremo. A turba
petista costuma saldar gente como o ex-ministro com urros e palavras de ordem
do tipo "Dirceu, guerreiro do povo brasileiro".
No encontro que
terão após a conclusão do julgamento do mensalão pelo STF, poderá inaugurar um
novo brado retumbante: "Dirceu, quadrilheiro do povo mensaleiro".
O quadrilheiro do povo mensaleiro
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