Uma das características mais marcantes e mais sub-reptícias do atual governo, foi a desagregação social, territorial e classista nacional. Contrariando a obrigação primordial de qualquer governo, a de defender, promover e fortalecer a unidade nacional, Lula e seus assessores (também os chefes) não perderam qualquer oportunidade de impulsionar a separação.
O lema de Cândido Rondon, em suas incursões pela Amazônia, época de aproximação da cultura “branca” com os indígenas embrenhadas no “inferno verde”, era “integrar para não entregar”. Sabia o Marechal Rondon que a reunião de todos os brasileiros em torno de mesmos objetivos de crescimento, ordem e progresso, era essencial para o desenvolvimento nacional; se houvesse um rompimento da unidade, abertas estariam as portas para que ideologias, interesses comerciais, extrativistas ou, simplesmente, ocupacionais estratégicos militares de nações mais poderosas nos invadissem, principalmente a Amazônia desprotegida, e dividissem o Brasil.
Lula andou no sentido contrário. Pregou a dissociação para apoderar-se do todo, para amealhar os cacos com discursos diferentes para públicos diferentes e pintando-se de herói de cada agrupamento diferente.
Não é difícil lembrar de seu apoio à então ministra Matilde Ribeiro justificando a violência de um preto contra um branco como justiça histórica, por outro lado, um branco agredir um negro seria crime. O próprio Lula, antes de perceber que a elite do país é quem o comanda e ele é o comandante máximo da nação, embora por trás dele há comando mais forte, pregava a insurgência dos pobres contra os ricos num tal resgate histórico.
“Esquecendo-se” – quando ele não ignora, esquece-se do que não lhe interessa lembrar – que foi em São Paulo que tornou-se ídolo nacional do rebutalho vermelho, defendia uma revolta do resto do país contra os acadêmicos paulistas, culpados, segundo ele, pelos nossos 500 anos de servidão.
Para a “alegria” dos pais de jovens em idade escolar, gaba-se de não ter estudo e ser mais esperto que um sociólogo da estatura de FHC, fazendo-se de exemplo a ser seguido. Através de esmolas sociais, diz aos mais pobres, justamente quem recebe seu cabresto, que a escolaridade é inútil. Para pouca escolaridade existe a aprovação continuada que não permite que qualquer estudante de escola pública seja reprovado, mesmo que só vá à escola pra lanchar de graça.
São inúmeros os discursos, exemplos, atos e frases do presidente em que fica evidente sua intenção de fragmentar a unidade nacional para promover-se como o sabidão que juntou os cacos. Ele é analfabeto, mas, reconheço, muito esperto, na pior acepção do termo.
Mais uma vez ele, por meio de seu partidozinho de criação e seus miquinhos vermelhos amestrados, prega a divisão, o confronto entre brasileiros.
A oposição propõe que todos os brasileiros contrários à política desonesta do PT se vista de verde e amarelo nos dias 13 de agosto e 13 de setembro. Atitude legítima como foi a da imprensa nos tempos de Collor insuflando os estudantes a pintarem a cara de verde-amarelo.
O partido de Lula, numa atitude bem chavista, a cara do Foro de São Paulo, contra ataca e propões que todos vistam vermelho. O PSDB propõe o protesto, o PT propõe o confronto.
Resta a esperança que ocorra com o PT o que ocorreu com o mesmo Collor que, para enfrentar os cara-pintadas, pediu que todos saíssem de verde e amarelo para apoiá-lo e a população vestiu-se de preto. Eu, inclusive.
Como brasileiro é um bicho torcedor, que torce por política com a paixão com que torce por seu time, se esse confronto vier a dar merda, o PT far-se-á de coitadinho e culpará a oposição de provocar. Escrevam o que digo e rezemos para que tal confronto não ocorra, que seja apenas divagação minha. Mas rezemos forte.
©Marcos Pontes em "Esculacho e Simpatia".
Um comentário:
Obrigado pela deferência, Pedro. Sua cópia me soa como elogio. Esteja à vontade a voltar sempre que queira.
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