segunda-feira, 1 de outubro de 2012
ROUBANDO A CENA: WALTER BRENNAN E MERCEDES MCCAMBRIDGE
Alguns personagens
realmente chamam toda a atenção para si quando aparecem na tela. Um caso memorável
é o de Madame De Farge em “A Queda da Bastilha/A Tale of Two Cities” (1935)
que, histericamente, pede que todos os réus sejam condenados à guilhotina. Quem
a interpreta é a desconhecida atriz Blanche Yurka, mas vez ou outra surgem
intérpretes igualmente inesquecíveis. Quem não se lembra do sempre divertido
Edward Everett Horton? Ou da talentosa coadjuvante Thelma Ritter? Ou desses
dois atores que são o assunto do post?
Walter Brennan foi ganhador de três Oscars de Melhor Ator
Coadjuvante, incluindo na primeira cerimônia em que esse prêmio foi
apresentado, em 1936. Um de seus papéis mais marcantes é Eddie em “Uma Aventura
na Martinica/To Have and Have Not” (1944). Eddie bebe muito e tem um andar
peculiar, que Brennan obteve colocando uma pedra em um de seus sapatos.
Companheiro de Humphrey Bogart, mas
de maneira mais cativante que o pianista Sam de Casablanca, ele tem direito até
a uma divertida frase de efeito: “Você já foi picado por uma abelha morta?” (Was
you ever bit by a dead bee?).
Seus personagens são normalmente tipos
peculiares e mais velhos que o ator. Um acidente, em condições que eu
desconheço, deixou-o quase sem dentes e criou marcas em seu rosto. Sua voz
ficou rouca após combater na Primeira Guerra Mundial, quando o ator ficou
exposto a diversas substâncias tóxicas. Ao voltar da guerra, mais uma tragédia:
Walter perdeu quase todo seu dinheiro no início da década de 1920, quando se
envolveu com a especulação financeira. Foi neste momento que ele começou a
participar de filmes como extra, roubando a cena sempre que lhe era permitido.
Mercedes
McCambridge ganhou apenas um
Oscar, e no seu filme de estreia, “A Grande Ilusão/All the King's Men” (1949).
E continuou com grandes atuações ao longo da carreira. Mercedes é uma de minhas
atrizes coadjuvantes favoritas e só de ver seu nome na tela eu já me alegro
porque, sem dúvida, verei uma grande atuação.
Em “Johnny Guitar”(1954, ela ganha destaque como Emma, a antagonista
invejosa e mal-amada. Este é meu western favorito, e com certeza Mercedes é
fundamental para que eu goste tanto desse filme. Dentro e fora do filme ela
teve uma rivalidade com Joan Crawford, que não gostou nem um pouco de ter como
sua antagonista uma mulher mais jovem.
No ano de 1956 ela apareceria em poucos minutos do longo épico “Assim caminha a
humanidade/Giant”, mas seria de total importância. Como Luz Benedict, a decidida e
fatalmente teimosa irmã de Bick (Rock
Hudson), ela está incrível. Implicando com Elizabeth Taylor e protegendo James Dean, sua presença é curta, mas
fundamental para a história. Por sua atuação ela foi indicada ao Oscar de
Melhor Atriz Coadjuvante, perdendo para Dorothy Malone.
Em 1958 ela maltrata a pobre Janet Leigh enquanto seu marido Charlton
Heston está ocupado com Orson Welles em “A Marca da Maldade/Touch of Evil”. No
ano seguinte ela voltaria a contracenar com Elizabeth Taylor, desta vez
interpretando a mãe da bela moça, em “De repente, no último verão”.
Em “Cimarron” (1960) ela é uma mãe de família que vai para o oeste em
busca de terras, conhecendo as personagens de Glenn Ford e Maria Schell. Seu
tempo na tela é ínfimo, mas marcante. E na década seguinte vem o filme que a
tornou uma estrela cult: “O Exorcista” (1973). Tendo sofrido de bronquite a
vida toda, Mercedes usou o problema a seu favor para dublar o demônio (isso
mesmo). Ela não foi creditada, mas posteriormente seu nome foi adicionado aos
créditos.
Vinda do famoso Mercury Theatre, grupo
de teatro de Orson Welles que levou muitos talentos ao cinema, Mercedes teve
uma carreira de sucesso no rádio antes de chegar ao cinema e na década de 1970
voltou aos palcos em uma série de peças, como “A Ratoeira” e “Gata em teto de
zinco quente”. Sempre em papéis secundários, roubando a cena e fazendo muito
sucesso. |Crítica Retrô |
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