Por José Eugênio Maciel
“Não desejo morrer pela paralisação progressiva das minhas faculdades, como um homem vencido. A bala de meu assassino poderia por fim à minha vida. Acolhê-la-ia com alegria”.
Mahatma Gandhi
Mohandas Karamchand Gandhi, conhecido como Mahatma ("a grande alma") |
Há 63 anos, 30 de janeiro, Mahatma Gandhi foi assassinado. Um dos mais fascinantes personagens da História mundial, protagonista da independência da Índia. Adepto da não-violência – “Não-violência é a lei de nossa espécie, assim como a violência é a lei do bruto. O espírito, dormente no bruto, não sabe de nenhuma lei que não a do poder físico. A dignidade de homem requer obediência a uma lei mais alta, a força do espírito”. – foi vítima do fanatismo religioso e político entre hindus e mulçumanos.
Figura física magra apoiada no cajado, óculos redondos e pequenos, calvo, fino bigode, trajando roupas brancas que, conforme as vestes, lembravam fraldas, espelhavam o desapego material, haja vista a maneira simples como vivia. Tanto assim que, ao visitar o rei da Inglaterra, no Palácio de Buckingham, o soberano perguntou-lhe como estava a Índia e Gandhi respondeu apontando para os membros descarnados e para a tanga deselegante: “Olhe para mim, e saberá como está a Índia”.
Foi necessário Gandhi ser assassinado para que efetivamente a Índia conquistasse a sua independência.
Na História mundial ou a de uma tribo se encontra o drama entre povos em si ou contra outros, mártires e heróis, conquistas e revezes, o que torna praticamente inevitável a morte para que haja a ruptura, a concretização de ideais sonhados?
A crucificação de Jesus Cristo possibilitou o surgimento do cristianismo e da religião. E se ele prosseguisse pregando a palavra, morresse idoso, qual seria o papel dele na história?
Assim como Gandhi e Jesus, Martin Luther King sabia que a vida corria tanto perigo que seria iminente uma tragédia. Decidido a mudar a história dos Estados Unidos e contribuir para a causa mundial pelo fim do racismo, Luther King não recuou. A morte dele no dia quatro de abril de 1968 foi crucial para que os negros começassem a ser tratados como gente. O enforcamento de Tiradentes teve enorme influência na luta pela autonomia do Brasil, pois ele deu a própria vida pela causa libertária do povo.
As grandes causas em favor de um mundo fraterno, de dignidade, paz e justiça só se conquistam com muita luta e morte?
O Prêmio Nobel da Paz, Nelson Mandela, primeiro presidente negro da África do Sul, apela as populações de todo o mundo a praticarem o bem, para construírem um mundo melhor |
A História adverte neste sentido. Entretanto, existe uma notável exceção, Nelson Mandela. Ele é o personagem vivo mais importante da atualidade e do século anterior. Viveu para libertar e conduzir o seu povo sul africano. Não sem drama, o martírio lhe custou 27 anos de prisão. O prêmio Nobel da paz concedido a Gandhi e Mandela foi uma forma de o mundo se redimir das vezes que não deu a atenção até que os rumos da história proporcionassem transformações
Luther King proferiu um dos mais emocionantes e importantes discursos, “Eu tenho um sonho”, a mensagem confirma o seu posicionamento em favor da não-violência, inspirado em Gandhi. O pastor estadunidense, noutro momento, se referiu ao indiano: “Gandhi foi infalível. Se a humanidade tem de progredir, Gandhi é imprescindível. Ele viveu, pensou e agiu inspirado por uma visão da humanidade evoluindo para um mundo de paz, e harmonia. Se o ignorarmos, o risco será nosso”.
Imagens da Internet - fotoformatação (PVeiga).
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