Ilustração Toinho de Passira
Fontes: Estadão, Correio do Estado, Gazeta do Sul, Jornal do Brasil e "the passira news".
O Brasil está fora da disputa pelo Oscar de melhor filme estrangeiro. O representante do país na disputa, "Lula - O Filho do Brasil", não conseguiu passar nem pela primeira peneira e entrar ou lista de nove pré-selecionados divulgada nesta quarta-feira, dos quais cinco irão verdadeiramente disputar a estatueta.
Isso representa um prejuízo incalculável para a indústria cinematográfica brasileira e para nossa cultura. A festa do Oscar é uma vitrine prestigiada e atrai para os participantes o comércio exterior, o reconhecimento da qualidade artística e do amadurecimento técnico.
Não somos ingênuos em imaginar que “Lula, o filho do Brasil” perdeu a chance de concorrer apenas por que é muito ruim. Mesmo que fosse bom e merecesse disputar dificilmente conseguiria a indicação, por questões políticas:
O cidadão Lula, o personagem do filme, retratado pelos realizadores como um misto de São Francisco de Assis e Indiana Jones, é tido como antiamericano, principalmente por suas ligações fraternas tanto com o coronel venezuelano Hugo Chávez, quanto com o abominável iraniano Mahmoud Ahmadinejad.
Se alguém, como nós, abomina que as artes e cultura sejam torpedeadas por problemas políticos, não pode esquecer que o filme “Lula, filho do Brasil” foi escolhido numa marmelada cultural, debaixo de pressões políticas, econômicas e puxa-saquismo interesseiro.
Os eleitores, ou eram funcionários públicos em cargos comissionados, ameaçados de perder o emprego se não escolhessem “o filme certo”, bajuladores escolhidos a dedo, ou gente de pires na mão, de olho em dinheiro público, para conseguir realizar suas obras.
Em resumo, a comissão que escolheu o filme, foi composta por membros indicados pelo Gabinete do Ministério da Cultura, pela Agência Nacional de Cinema do Brasil (Ancine), pela Secretaria do Audiovisual do Ministério da Cultura e pela Sociedade Civil Organizada, representada pela Academia Brasileira de Cinema. O resultado não poderia ter sido outro.
Qual teria sido o critério para a escolha de Lula, o filho do Brasil? Arte, popularidade, críticas favoráveis, bilheteria? Em qualquer desses itens o filme sobre Lula ficaria para trás. Apesar de amplamente divulgado e paparicado foi um fracasso monumental de bilheteria, abominado pela crítica, abandonado no meio, pelos espectadores sonolentos com a história que se arrastava inverossímil e sonolenta, por intermináveis 130 min.
O filme que custou oficialmente 16 milhões, muitos falam que na verdade custou o dobro, bancado por empreiteiras ligadas ao governo, acabou dando prejuízo, por falta absoluta de espectadores.
Quando foi escolhido para pleitear uma vaga para o Brasil no Oscar deste ano, Lula – O Filho do Brasil passou na frente de outros 22 filmes que também haviam sido inscritos no Ministério da Cultura. Entre eles, estavam vários títulos com desempenho melhor do que o de Fábio Barreto, tanto pelas reações entusiasmadas dos críticos especializados – como “A Suprema Felicidade”, de Arnaldo Jabor, e “Os Famosos e os Duendes da Morte”, de Esmir Filho – quanto pelos números de bilheteria como “Chico Xavier”, de Daniel Filho, e “Nosso Lar”, de Wagner de Assis.
No próximo ano, com a nova Ministra da Cultura, Ana Buarque, irmã de Chico Buarque, escolhida pelo critério do sobrenome, talvez sejamos representados por algo como “Dilma, a búlgara filha da...”
Em toda a história do cinema nacional, apenas quatro filmes foram indicados ao Oscar de filme estrangeiro e nenhum deles venceu. Os selecionados foram O pagador de promessas (1963) de Anselmo Duarte, que havia ganhado a “Palma de Ouro” em Cannes, O Quatrilho(1996) de Fábio Barreto, o mesmo diretor do filme de Lula, O que é isso, Companheiro? (1998) de Bruno Barreto, e Central do Brasil(1999) de Walter Salles, uma cooprodução franco-brasileira.
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