Por José Eugênio Maciel
“Quem pouco viu, muito se maravilha”
[Provérbio chinês]
“Nem tanto a terra nem tanto ao mar”, o ditado é muito popular no Brasil. Largamente praticado correndo solto por conta da chamada mistura étnica indígena, portuguesa e africana. Tal mistura – sem pejorativo do termo - está muito presente nos nossos falares, língua e linguagem. O vocabulário oficial e o não oficial podem tanto estarem tão próximos que se fundem, como tão distantes que se dissociam.
Em termos de brasis muito passou e passa a ser termos relativos. Chega de fazer voltas com as palavras, pois elas, mesmo em círculos que vão se fechando, poderiam demorar em se alcançar o ponto central. Desde quando se confirmava o fim do segundo turno para as eleições, qual seria a designação correta: presidente ou presidenta?
“Nem tanto a terra nem tanto ao mar”, ou seja, ambas as designações estariam corretas, informam os dicionaristas. Entretanto, não se pode negar que os sufixos ante, ente ou inte, derivados do grego independem do gênero, masculino ou feminino. A presidente Dilma tem o direito de manifestar a preferência para ser chamada por presidenta, sem, no entanto, obrigar a todos a assim tratá-la.
O professor teria que chamar a aluna de estudanta? O médico a enferma assistida de pacienta? O pai de chamar a filha dele de adolescenta?
A presidente pode não gostar quando não a chamarem de presidenta. Mas Dilma não teria o direito de ficar descontenta.
A colunista Dora Kramer, a mais talentosa jornalista da análise política, na última sexta, no artigo publicado no Jornal O Estado de S. Paulo discorreu sobre o tema, entre outros assuntos abordados na ocasião. Em Titularidade, cabe a transcrição:
É uma idiossincrasia vã essa exigência de Dilma de ser chamada de ‘presidenta’. Isso se for mesmo exigência dela e não invenção de marqueteiro.
Não foi por implicância que a imprensa decidiu tratá-la por ‘presidente’: é o originalmente correto – o termo ‘presidenta’ – foi incorporado ao idioma por dicionarista -, soa muito melhor e segu3e a regra de substantivos usados para os dois gêneros.
Mesmo auxiliares da presidente têm alguma dificuldade de se referir a ela segundo a nova norma. Sem contar que é constrangedor ver gente adulta tentando se adaptar só para agradar ao poder.
No lugar de tentar impor a sua regra, mais adequado seria o governo se adequar à prática idiomática comum no país. Inclusive porque não é isso o que fará a afirmação feminina, muito menos determinará o sucesso ou fracasso da primeira mulher presidente do Brasil.
Bom senso é como caldo de galinha: mal não faz”.
Um comentário:
Se ela fosse fã de Lázaro, iriam chamá-la de Lazarenta?
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