Por João Bosco Leal
Quando os filhos nascem seus pais sofrem uma enorme mudança. Mudam os objetivos, os sonhos, desejos, ambições, nascem as preocupações e aumentam as responsabilidades.
Com seu crescimento desses filhos, os primeiros passos, primeiras palavras, primeiras quedas nos fazem rir. Entretanto, seus pequenos machucados nos transtornam e enchem de culpa. Aquele tombo com o consequente galo na cabeça, um corte com a necessidade de alguns pontos ou até um membro fraturado, nos levam a sentimentos de culpa, por não havê-los protegido o suficiente, e também a começar a entender que não seremos capazes de protegê-los contra tudo e contra todos.
No início da fase escolar, as pequenas brigas, apelidos, gozações e até xingamentos nos fazem querer, ou até mesmo tomar a atitude de ir tomar satisfações e fazer ameaças aos professores, diretor ou até mesmo aos pais do "agressor" de nossos filhos. É o nosso total despreparo para entender que nossos filhos começaram a viver em sociedade e isso trará uma infinidade de coisas boas, mas também ruins, durante toda a sua vida, e que eles próprios precisam aprender a conviver com isso, e a se defender quando necessário.
Em alguns casos, a ignorância ou o simples despreparo dos pais, fazem com que, nessa época, ensinem seus filhos a bater, ser agressivos, pois para estes, "bater é melhor que apanhar", enquanto outros pais ensinam aos seus a cordialidade. Começa aí a diferença de caráter, de formação e de comportamento dos futuros adultos, que certamente levarão, para o resto de suas vidas, esses ensinamentos mais ou menos cordatos ou agressivos.
Essas crianças crescem e durante sua juventude os pais ainda podem transmitir alguns ensinamentos, algumas experiências de vida, sempre daquelas que, mesmo quando errando, pensamos ser o melhor para elas, sua vida, seu futuro. Passa o tempo e elas começam a rebelar contra tudo o que dizemos, pois somos velhos, ultrapassados, e em nosso tempo não havia sequer computadores, celulares e nunca ouvimos boas músicas.
Nada sei nem estudei sobre educação, além da experiência passada na tentativa de educar, da melhor maneira possível, e dentro da minha ótica, meus três filhos. Mas, para todos, estudiosos ou não, e em qualquer nível cultural ou econômico, a vida passa e esses filhos se casam e começam ter os próprios filhos, começando, agora eles próprios, a sentir tudo o que sentimos e, por esse motivo, invariavelmente começam a enxergar muitas coisas, ou até a própria vida, de uma maneira bem mais próxima da nossa própria visão.
Começam a entender nessa fase o que significa "amor de pai e de mãe", que o criou, lhe deu carinho, aqueceu, alimentou, protegeu e amou sempre, em qualquer situação, quando estava certo ou errado. Começam a entender que por mais velhos, chatos e ignorantes que sejam seus pais, existem pessoas que possuem pais bem piores, que sequer quiseram conhecer seus filhos, das mães que os doaram ainda na maternidade, sem chegar a conhecê-los nem com um olhar, das que os abandonaram em sacos de lixo, dos pais bêbados, viciados, que agridem fisicamente a esposa e os filhos simplesmente por estarem bêbados ou drogados, e assim muitos outros exemplos poderiam ser dados de pais que certamente são piores que pensamos serem os nossos.
Por pior que seja um pai, desde que esteja sóbrio, longe de bebidas ou drogas das quais eventualmente possa ser usuário, não tenha a menor dúvida de que, tudo o que deseja para seu filho, é que seja melhor que ele, que obtenha a felicidade e o sucesso que ele próprio sonhou mas não obteve.
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