segunda-feira, 9 de maio de 2011

CARTA ABERTA AO PREFEITO MUNICIPAL DE CAMPO GRANDE, MS, NELSON TRAD FILHO

Morada do Baís: Construída entre 1913 e 1918, foi uma das primeiras edificações construídas na cidade em alvenaria. Era a residência da família Bernardo Franco Baís que após sua morte, o prédio foi utilizado para hotelaria, em 1970 para atividades comerciais e em 1986 foi tombado pelo patrimônio histórico do município.

Extensiva a muitos outros prefeitos, das milhares de cidades do nosso Brasil

Senhor prefeito,

A grande parcela da população campo-grandense que sempre o apoiou, fazendo com que chegasse até aqui, sabe de suas ambições políticas e, penso, poderá continuar lhe apoiando para postos mais elevados.

Entretanto, gostaria de lhe indicar um ponto onde sua administração poderia melhorar muito, na acessibilidade, atendendo assim uma população hoje enorme no país e que, com o avanço da medicina, tende a crescer muito.

Campo Grande hoje é muito atrasada nesse ponto. Sete meses atrás escrevi um texto sobre o tema, mostrando que a nova sede da Agetran, exatamente a que deveria dar o exemplo no trânsito, não possuía estacionamentos para deficientes físicos ou pessoas com qualquer outro tipo de necessidade especial.

Ao lá comparecer para retirar uma licença de estacionamento em vagas exclusivas, constatei o fato e imediatamente apontei o problema para o responsável local. Quando retornei, vinte dias após, para buscar a autorização que em outras capitais como Curitiba é expedida na hora, percebi que haviam colocado uma vaga para idosos e outra para deficientes físicos no estacionamento dos funcionários, de acesso proibido ao público.

O texto, intitulado "Um crime contra a cidadania", foi publicado em www.joaoboscoleal.com.br no dia 01/10/10, inclusive com fotos, e republicado em mais 10 blogs, sites ou jornais de todo o país, como lá mesmo pode ser constatado.

A sede do Agetran, apesar de hoje com os portões do estacionamento abertos, continua com somente uma vaga para cada tipo, idosos e deficientes, quando a própria Lei Federal 10.098 de 19/12/2000, em seu artigo 7º, com mais de dez anos de vigência, determina que existam 2 % do total das vagas de estacionamento para cada.

O Parque de Exposições Laucídio Coelho, da ACRISSUL, motivo de muitos debates recentes, e que, conforme suas próprias declarações, é um ponto tradicional de lazer da população, possui, em seu estacionamento central uma única vaga para deficientes físicos e duas para idosos defronte a sede do IAGRO, e mais nenhuma em qualquer outro local do imenso parque, como diante dos pavilhões de leilões.

E essa única vaga destinada aos deficientes é permanentemente usada por um dos funcionários do órgão que é cadeirante, ou seja, não há vagas para deficientes onde, diariamente, centenas de produtores rurais são obrigados a comparecer para recolher impostos que movimentam a economia municipal e estadual.

Ao visitar a Morada dos Baís, centro de diversos eventos culturais da capital, fiquei ainda mais surpreso. Uma exposição de arte que lá está sendo realizada ocupa várias salas, uma inclusive no andar superior. Mas não se passa de uma sala para outra sem que se suba ou desça escadas. Não há rampas de acesso às salas ou um elevador que transporte pessoas ao piso superior.

No dia do lançamento da atual exposição, coincidentemente chamada "Condutores de Alegria", seis pessoas que lá estavam não puderam conhecê-la toda, por não conseguirem subir escadas. Com toda a tecnologia hoje disponível, mesmo sendo um prédio tombado pelo patrimônio histórico do município, arquitetos competentes devem lhe apresentar soluções para essa execução sem que haja interferência na arquitetura do mesmo.

Prefeito sonhe alto em sua carreira, mas lembre-se de que para continuá-la precisa de votos, e a parcela de pessoas que hoje possui algum tipo de necessidade especial, segundo o IBGE, é de 15% da população brasileira.

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