segunda-feira, 23 de maio de 2011

A JUSTIÇA PODE SER JUSTA

Por João Bosco Leal

Pela imprensa tenho acompanhado o desenrolar do processo movido contra o ex-diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional - FMI, Dominique Strauss-Kahn, que tramita na Suprema Corte do Estado de Nova York, onde foi indiciado sob sete acusações de violência sexual contra uma camareira do hotel onde se hospedava.

A importância do cargo ocupado por DSK agitou a economia do mundo todo, com a desvalorizações de moedas e movimentos agitados nas maiores bolsas de valores do mundo, além de apostas variadas nas suas consequencias.

Mesmo enquanto sua renuncia formal não ocorria, as especulações em torno do nome de seu sucessor já agitavam vários governos, principalmente europeus, preocupados com o possível atraso nas decisões do FMI em relação ao socorro financeiro que seria dado aos países em dificuldades naquele continente.

Outros, como o Brasil através do Ministro Guido Mantega, se manifestaram pleiteando o cargo para um membro de um país dentre os chamados emergentes, principalmente do grupo que ficou conhecido como BRIC.

Toda essa movimentação me levou a fazer alguns questionamentos e suposições, sobre se o fato realmente teria ocorrido, ou se por trás de tudo poderia estar ocorrendo alguma grande armação política promovida por interesses contrariados.

Uma pessoa com um dos cargos mais cobiçados do mundo certamente não atingiu esse posto sendo pouco competente, ou não sabendo como se comportar nas mais diversas situações que, é claro, vivencia.

Oportunidades de todas as espécies devem lhe ser apresentadas em todos os lugares por onde passa, desde aquelas envolvendo corrupção, às sexuais, logicamente num nível bem superior ao de uma camareira, e ele deve saber que por trás de qualquer dessas situações pode estar uma armadilha.

O que me chamou mais a atenção no caso, além de todas essas possibilidades, foi a demonstração dada novamente pela justiça norte-americana de que, naquele país, a justiça é para todos. Não importa a nacionalidade, a posição social ou econômica, todos estão sujeitos às mesmas leis.

Em qualquer lugar deveria ser assim, mas não é o que ocorre, por exemplo, em nosso país. Milhares os casos de conhecimento dos que sabem ler e escrever ou que possuam em sua casa um rádio ou uma televisão demonstram que no Brasil é diferente.

Os veículos de comunicação, de concessão exclusiva do governo federal, que deveriam ser utilizados para dar informação, lazer e cultura à população, em sua grande maioria são de propriedade dos políticos que mais burlam as leis ou de quem lhes presta serviços e defendem seus interesses, deixando de veicular muita coisa.

Os acusados pelo Mensalão do PT poderão sequer ser julgados por prescrição de seus crimes. A extradição de Césare Battisti será novamente discutida pelo STF porque Lula, legalmente apontado como quem poderia extraditá-lo não o fez, provocando um novo pedido de seu país.

Saqueadores dos cofres públicos nunca são condenados a devolver o dinheiro roubado e acusados já presos, como o cirurgião que molestava sexualmente suas pacientes anestesiadas, são liberadas da prisão para responder o processo em liberdade e fogem do país.

A corrupção se alastrou tanto que o governo já não é capaz sequer de impedir o uso de celulares nas prisões, nem por aqueles com poder financeiro suficiente para corromper apenas um único carcereiro.

A justiça brasileira está à serviço exclusivo dos que, mesmo culpados e condenados, podem pagar para por ela serem beneficiados.

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