Fundamental é saber o destino que a escada leva.Quem conta degraus não sabe-Gudé
Por José Eugênio Maciel
“Acredito nos jovens à procura de caminhos novos buscando espaços largos
na vida. Creio na superação das incertezas deste fim de século”.
Cora Coralina
Os jovens estudantes não querem apenas estudar. Ou para estudar precisam organizar o próprio movimento estudantil em favor da educação. Há tempos que os estudantes, por iniciativa própria, não eram notícias por serem protagonistas da história na qual não desejam serem meros coadjuvantes figurando em papéis impostos e manipulados pelos outros.
Estudantes da FECILCAM – Faculdade de Ciências e Letras de Campo Mourão, percorreram as salas e caminharam pelas ruas com cartazes, faixas gritando palavras de ordem, eles querem a descentralização dos estágios. Criticam o veto do conselho diretor da instituição. Querem que o estágio obrigatório nos cursos de licenciatura possa ser realizado nas cidades de origem e não só em C. Mourão. Os jovens dizem que muitos acadêmicos acabam deixando de estudar pela falta de condições econômicas para se manterem aqui.
Independentemente do mérito e do encaminhamento da luta, os jovens devem ser ouvidos e o mais importante, eles podem agora dar vida ao Diretório Central dos Estudantes, através desta luta especificamente como a melhoria, ampliação e a implantação de novos cursos para a Faculdade.
Também foi notícia durante esta semana a posse da nova diretoria da UMES – União Mourãoense dos Estudantes, a presidente da entidade tomou posse no Colégio onde estuda, o Estadual. Segundo a jovem Lídia Maria dos Santos Fernandes a entidade será reestruturada e começará organizando ou reorganizando os Grêmios Estudantis dos Estabelecimentos de Ensino de Campo Mourão.
Historicamente, no Brasil e em Campo Mourão, muitas das lideranças da política, sindicais, empresariais surgiram no movimento estudantil, na juventude organizada para lutar pela educação. A rebeldia, o protesto, a ousadia foram fundamentais quando no País se deu o golpe militar de 64, os estudantes não se calaram, resistiram o quanto puderam, sofreram com mortes, perseguições, exílio e banimento. A violência pôs abaixo a então sede da UNE – União Nacional dos Estudantes e a UBES – União Brasileira dos Estudantes, a primeira representava os universitários e a segunda os secundaristas.
Em Campo Mourão o movimento estudantil universitário foi fundamental para transformar a então FECILCAM que era mantida pelo Município para ser estadualizada. É preciso retomar a luta pela nossa Universidade. E muitos abandonaram tal luta ao chegarem ao poder e nele se acomodar nas confortáveis poltronas nos últimos andares até se esquecendo dos andares lá de baixo, dos estudantes que querem agora andar com as próprias pernas. E a UMES que já foi durante muitos anos um dos movimentos estudantis mais representativos do Paraná, sediando congressos memoráveis e sempre tendo líderes participando da UPES – União Paranaense dos Estudantes Secundaristas retoma a sua história.
Ainda que se diga que a maioria é alienada, não gosta de política ou de qualquer participação que implique em responsabilidade, não todos os jovens que estão escamoteados da realidade, de braços cruzados. Os que querem agir já, não têm muita paciência, o que é bom e próprio deles, que vivem o presente.
Tomara que a interrogação colocada no título do Artigo de hoje não faça mais sentido, e seja trocado pelo da exclamação.
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