A vida é uma incompletude a nos marcar inteiramente-(Gudé)
Por José Eugênio Maciel
“A imortalidade de que reveste a natureza humana, faz o homem sempre presente.
Presente pela amizade que conquistou. Presente pelo exemplo que legou.
Sempre presente porque ‘educou’”.
Michel Wolle
A professora Diva Camargo deixou grandes lições, lições que não ficaram no quadro, não estão nos apontamentos dos livros ou repousaram nas anotações feitas por aqueles que ela ensinou. O aprendizado maior foi o saber que ganhou espaço relevante na memória do coração dos seus alunos.
Ao tomar conhecimento da morte da ilustre professora Diva, imediatamente veio a lembrança algumas expressões bem estampadas no seu rosto, a serenidade era uma delas. Mesmo com todo o conhecimento e experiência professorais, ela estava sempre disposta a alargar o horizonte do saber próprio e imediatamente o fazia para compartilhar em sala de aula e com os colegas do magistério. Tal serenidade permitiu-lhe, aliás, com acentuada peculiaridade, ter a autoridade para conduzir as aulas atraindo para si naturalmente à atenção para as explicações, sempre claras, seguras, didáticas.
Com os olhos e expressão de ternura, fora sempre atenciosa a manifestação dos estudantes, ouvia-lhes atentamente pautando-se na condição de professora ou de um ser humano amigo. No cotidiano do seu mister amealhava amizades que até mesmo só puderam perceber e reconhecer a importância de tal convivência quando já não mais eram seus alunos. A mesma sensação agora, porém definitiva, doída, marcadamente irreversível diante da perda.
A professora Diva desde o momento em que merecidamente se aposentou, começou a fazer falta por causa de um grande e cristalino valor bem próprio dela e da educação que recebeu, a conduta ética. A moral como base de valores irrenunciáveis, em sala de aula ou em qualquer outra situação, era a mesma figura humana ou profissional, a ética do respeito, a ética no cumprimento dos deveres, a ética no trato com as pessoas, sempre franca, a lisura ao se dirigir as suas classes, a ética da clareza. Ela faz falta à medida que a chamada modernidade social privilegiadora do individualismo egoísta e o ter como ostentação, Diva era o ser humano como ser e o ser como humano, um valor que infelizmente não tem mais a relevância que outrora precisaria ter.
Professora Diva, você leva junto de ti esta última homenagem quando nem todas as luzes hão de se apagar, muito menos definitivamente. O iluminar prossegue clareando a caminhada de uma jornada que tem que prosseguir mesmo sem a sua presença física. Continuarás a ser diva que sabia o que ensinava e ensinava com o saber próprio dos mestres.
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