segunda-feira, 16 de maio de 2011

DEPOIS DE OPERAÇÃO, POLICIAMENTO DEVE SER REFORÇADO NO CENTRO DE CURITIBA

Foram apreendidos 80 quilos de crack, 40 quilos de maconha, armas e R$ 10 mil em dinheiro. Cerca de 40 pessoas foram detidas e 22 permanecem presos – operação realizada na sexta feira - 06 de maio

Fernanda Leitóles, Aline Peres e Gladson AngeliGAZETA DOPOVO

Na sexta-feira (06/maio) foram
apresentadas 22 pessoas presas por envolvimento com o tráfico
foto: Maurilio Cheli/SMCS

A região central de Curitiba deve ter o policiamento reforçado, informou o comandante geral da Polícia Militar, Marcos Teodoro Scheremeta. A medida faz parte da Operação Liberdade, realizada entre a quinta-feira (5) e esta sexta-feira (6), e que resultou na prisão de traficantes e na apreensão de grande quantidade de drogas e armas. O objetivo é evitar que traficantes voltem a praticar crimes na região.

“O sucesso desta operação se deve ao trabalho conjunto da Polícia Militar, da Polícia Civil e da Guarda Municipal, tanto no planejamento quanto na execução do trabalho”, afirmou Scheremeta. Durante a apresentação do balanço da operação, o governador Beto Richa (PSDB) garantiu que ações integradas de combate à criminalidade e ao tráfico de drogas serão realizadas em outras regiões do estado.

Polícia cumpriu 43 mandados de
busca e apreensão em hotéis e
pensões da região central
(Foto: Aniele Nascimento / Agência de Noticias Gazeta do Povo)

“No Paraná, declaramos uma guerra sem trégua ao tráfico de drogas. É inaceitável a elevada taxa de criminalidade do nosso Estado. Vamos combater com energia e determinação a criminalidade no Paraná”, disse o governador.

Cerca de 400 policiais civis e militares e 200 guardas municipais participaram da operação que resultou na prisão de 40 pessoas suspeitas de envolvimento com o tráfico e usuários. Muitos assinaram termo circunstanciado e foram liberados. Permanecem presos 22 suspeitos, entre eles Rogério Aparecido Bertolin, Gabriel Eduardo Alves Cordeiro, e Reinaldo Gonçalves Bonfim. Os três são apontados como chefes do tráfico na região.

Entre os presos estão ainda um policial militar e um agente penitenciário. A prisão do PM foi acompanhada pela Corregedoria da corporação.

As investigações para a operação começaram em fevereiro, coordenadas pela Divisão Estadual de Narcóticos (Denarc). Os policiais cumpriram mandados de busca e apreensão em 43 hotéis e pensões da região central. Foram apreendidos 80 quilos de crack, quantidade suficiente para cerca de 250 mil pedras. Segundo a polícia, a venda desta droga resultaria em um lucro de R$ 2,5 milhões aos traficantes. Também foram apreendidos 40 quilos de maconha, cinco armas e R$ 10 mil em dinheiro.

Os hotéis vistoriados são considerados como de “alta rotatividade”, nos quais os hóspedes – alguns deles traficantes - costumam permanecer por pouco tempo. Segundo o secretário de Estado da Segurança Pública, Reinaldo de Almeida César, a região central foi escolhida para a operação porque os traficantes – que se "escondem" na periferia e na RMC – distribuem a droga no Centro.

Confronto

Um homem suspeito de ter furtado um veículo acabou sendo morto durante a ação. Quarenta e três mandados de prisão foram cumpridos. Um policial militar e um agente penitenciário estavam entre os presos e teriam ligações com o tráfico. Não foram repassadas informações sobre a lotação dos dois presos.

Fiscalização nos hotéis

Após a batida policial, órgãos da prefeitura de Curitiba e do governo do estado fiscalizaram os estabelecimentos para verificar se há irregularidades. O Corpo de Bombeiros, a Vigilância Sanitária e a Secretaria Municipal de Urbanismo são alguns órgãos que participaram das vistorias.

Hóspedes reclamam da truculência

Os brasilienses Amanda e Roberto *, que estão hospedados em um hotel na Rua André de Barros, na região central, e estavam em Curitiba por causa de um congresso, não têm boa impressão da cidade. O casal foi acordado por volta das seis horas por quatro homens desconhecidos encapuzados e vestidos de preto, armados de fuzis. Nem passou pela ideia da estudante de Direito e do oficial do Exército de que aquela cena fazia parte de uma operação policial contra o tráfico. “Só imaginei que era um assalto. Ninguém informou que era policial e nem mostrou mandado de busca e apreensão”.

A situação constrangedora só se resolveu quando surgiu uma policial feminina, que permitiu que ambos pudessem vestir uma roupa. Enquanto isso, dezenas de hóspedes aguardavam no corredor. Nesta sexta-feira, segundo Amanda, o hotel está vazio por conta da operação. Até a última quinta-feira, o estabelecimento estava cheio de turistas e congressistas, principalmente militares. “Nunca mais voltaremos à Curitiba, e o próximo congresso - que estaria marcado para agosto -, se depender de mim, terá sede em outra cidade”. Na opinião do casal, a abordagem deveria ter sido planejada de forma bem diferente, respeitando os hóspedes. Ela garante que ao chegar a Brasília irá abrir um processo de danos morais contra a Secretaria de Segurança Pública.

Assim como eles, os hóspedes do Apart Hotel Casa Grande, na Rua Riachuelo, também tiveram uma surpresa. A proprietária do estabelecimento, Maria Valcierene Graffi Procópio, contou que vários policiais invadiram o local e arrebentaram quatro portas. Segundo ela, ao conversar com o delegado responsável pela operação, foi dito que a orientação era de que os policiais entrassem com chave mestra em cada apartamento. No entanto, nada disso aconteceu. “Eles chegaram a colocar a arma na cabeça de um dos hóspedes que estava com uma criança no apartamento”, lamenta.

Dos 30 apartamentos que o hotel tem 15 são de mensalistas, na grande maioria, de senhores aposentados, estudantes e estrangeiros. Inclusive, tinha hóspedes de outros estados que vieram participar de uma feira na cidade. No atual momento, o hotel estava com sua capacidade preenchida e sem problemas. Ninguém foi levado preso. “A polícia deixou prejuízos materiais, morais e um péssimo cartão de visitas para quem vem de fora”. O delegado-geral da Polícia Civil, Marcus Vinícius Michelotto disse que todas as denúncias de abuso serão investigadas. Porém, ele defendeu a operação e a forma como os policiais conduziram as ações. “Quando os policiais entram em um lugar para fazer uma abordagem, eles não sabem que está lá dentro. Não dá para adivinhar quem é o bandido”, afirmou.

* Nomes fictícios

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