domingo, 22 de julho de 2012

BARÃO DO ITARARÉ? UM FRASISTA POLITICAMENTE (IN)CORRETO

“Antes o atrapalho do pensamento do que o dito atrapalhado” (Gudé)
Por José Eugênio Maciel
“O voto deve ser rigorosamente secreto. Só assim, afinal, o eleitor não
 terá vergonha de votar no seu candidato”
Aparício Torelly – Barão de Itararé 
Aparício Torelly, o Barão de Itararé,
e sua publicação A Manha
Foto: Almanaque d'A Manha 1955
Segundo Semestre, reedição Studioma,
São Paulo/SP, 1995
             Se as articulações que antecederam as definições político-partidárias em torno dos nomes foram intensas e repletas de conchavos, depois de estabelecido o quadro de candidaturas em Campo Mourão, a campanha vem ocorrendo sem um clima quente, de acirramento, ao menos por enquanto.
         Eleições municipais efetivamente é um pleito que gera mais interesse do povo por tratar-se do poder local, sendo o contato direto entre os postulantes a prefeito e vereança com o eleitor. Ademais, o que dizem os candidatos sobre o município o próprio povo pode averiguar, assim como a biografia dos pretendentes.
         A campanha de determinados candidatos poderá ser riquíssima, milionária até. O que se sabe é que ela será rica como folclore, muito comum neste período, os programas humorísticos nem terão trabalho para caricaturar nomes, apelidos, declarações e acontecimentos bem típicos da corrida eleitoral.
         O jornalista e escritor Aparício Torelly, gaúcho nascido em Rio Grande (1895) viveu a maior parte do tempo como profissional no Rio de Janeiro, onde morreu (1971). Ele era um contador e inventor de histórias muitíssimas engraçadas. Sobre o humor, escreveu ele: Senso de humor é o sentimento que faz você rir daquilo que o deixaria louco de raiva se acontecesse com você”. Foi ele que deu o próprio título de Barão de Itararé, sátira feita em cima dos títulos honoríficos dados à nobreza e mais precisamente se referindo a Itararé, a batalha que nunca existiu.
O impagável Barão de Itararé, nascido
Aparício Torelly, gaúcho, 1895-1971,
expunha suas diatribes no jornal
A Manha, oferecendo ao leitor coqueteis
de ficção, realidade, ironia e espiritualidade
          A seguir transcrevo algumas tiradas. Proponho ao caro leitor novamente ler a frase do Barão, logo abaixo do título do Artigo de hoje, o quanto ela é atual, infelizmente.
         Cada povo tem o governo que merece, mas não é menos verdade que muitos povos não merecem o governo que têm.
         O mal do governo não é a falta de persistência, mas a persistência na falta.
         A exigência de concurso para preenchimento de um cargo público é um pretexto que o governo tem para não dar emprego a quem não lhe é simpático. A nomeação de um interino é o meio de que o governo dispõe para dar uma colocação aos que não passariam num concurso.
         O feio da eleição é se perder.
         Deputado come milho, papagaio leva a fama.
         Anistia é um ato pelo qual o governo resolve perdoar generosamente as injustiças e crimes que ele mesmo cometeu.
         A moral dos políticos é como elevador: sobe e desce. Mas, em geral, enguiça por falta de energia, ou então não funciona definitivamente, deixando desesperados os infelizes que confiam nele.

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