sexta-feira, 13 de julho de 2012

S U B M A R I N O


O submarino é resultado do interesse do homem na busca de meios que lhe permitissem agir debaixo da água para destruir navios inimigos, sem ficar exposto a grandes riscos. Segundo o grego Aristóteles (384-322 a.C.), já em 332 a.C. soldados vestidos com roupas impermeáveis dotadas de tubos que captavam ar na superfície, foram abrir furos no casco dos navios de Alexandre Magno (356-323 a.C.), rei da Macedônia, que estava assediando a cidade de Tiro, no litoral sul do Líbano atual. 
Alguns inventores dedicaram-se no passado ao problema de como construir um barco submersível, entre eles Leonardo da Vinci (1452-1519). Mas a primeira informação histórica de um submarino, propriamente dito, vem do século 16, quando o bispo de Upsala, na Suécia, registrou o uso de barcos de couro que podiam mergulhar. Na mesma época (1573), o oficial William Bourne, comandante dos serviços de artilharia naval da esquadra britânica, descreveu num tratado os diferentes meios que poderiam ser usados para destruir os navios espanhóis da Invencível Armada.  Entre eles um barco mergulhador feito de madeira, com revestimento estanque de couro e um sistema interno de controle que lhe permitia imergir ou emergir conforme o desejo do seu condutor. Sua idealização baseava-se no princípio que o físico grego Arquimedes (287-212 a.C.) enunciara séculos antes, segundo o qual "todo corpo mergulhado em um líquido recebe um empuxo vertical, para cima, igual ao peso do líquido deslocado pelo corpo".
Apesar disso, a fase experimental do submarino só teve início, realmente, em 1624. Foi quando o holandês Cornélio van Drebbell (1572-1634), construiu em Londres uma unidade que copiava os planos de Bourne, equipando-a com um microscópio de sua invenção e percorrendo com ela cerca de três quilômetros no rio Tamisa, a 4,5 metros de profundidade. Em 1653, o francês De Son substituiu os remos do modelo anterior por rodas de pá movidas a mão, e logo depois um contemporâneo seu, o inglês John Wilkins (1614-1672), cientista e bispo de Chester, teve duas ideias: usar um lastro de água para facilitar a imersão, e purificar o ar respirável pela condensação do gás carbônico na superfície fria da parte interna do costado.  
Em 1776, o inventor norte-americano David Bushnell (1742-1824) projetou e construiu um submarino em forma de ovo (ilustração acima), com um só tripulante que o movimentava por meio de hélice manual. Para imergir o aparelho, deixava-se entrar água por uma válvula de fundo, que era esgotada por meio de bomba de mão quando se desejava emergir. Anos depois (1800) Robert Fulton, também dos Estados Unidos, construiu um submarino de madeira, o Nautilus, protegido por chapas de ferro e forrado de cobre, com duas formas de propulsão: velas quando na superfície, aproveitando a força do vento, e uma espécie de manivela em forma de caracol, semelhante às hélices e acionada manualmente durante submerso. Tendo conseguido manter-se mergulhado durante seis horas no porto de Havre, na França, ofereceu o invento a Napoleão, mas este nem respondeu à oferta. 
Foi este o primeiro modelo (ilustração ao lado) que usou um depósito de ar comprimido, a fim de renovar periodicamente o ambiente interno. Rebocava uma mina que devia explodir sob o casco do navio atacado. . Devido às suas características ele é geralmente considerado o verdadeiro precursor dos submarinos modernos. Em 1803 Fulton foi oferecê-lo aos ingleses, que aceitaram a proposta. Mas pouco depois, a vitória na batalha naval de Trafalgar, em 21 de outubro de 1805 (quando a armada inglesa, comandada pelo almirante Nelson, derrotou a franco-espanhola, comandada pelo almirante Villeneuve) tornou desnecessária a construção de submarinos pela Inglaterra. Voltando aos Estados Unidos, o inventor não conseguiu o apoio de seu governo para novos planos de submarinos.
Um contrabandista chamado Johnson parece ter construído, em 1815, um submarino que atuou com êxito no litoral norte-americano. O seu proprietário foi depois contratado, ao que parece por um grupo de bonapartistas, para libertar Napoleão de seu cativeiro na ilha de Santa Helena, projeto que não chegou a ser executado devido à morte de Napoleão. Nos anos seguintes, em diferentes países, as diversas experiências feitas com submarinos redundaram na morte dos experimentadores;. Na Guerra da Secessão dos Estados Unidos, entre 1861 e 1865, os sulistas empregaram um tipo de submarino que destruiu diversos navios da armada nortista, afirmando-se que o número destes chegou a 34.
Os criadores do submarino moderno foram os engenheiros mecânicos John Philip Holand (1840-1914), irlandês, e Simon Lake (1866-1945), americano, que mesmo trabalhando separadamente, sem vínculo entre si, aproveitaram na construção desses barcos os progressos realizados em relação a motores elétricos. Em 1899 o submarino Narval, do engenheiro Labauf, foi o primeiro a ser construído com fins não apenas de defesa do litoral, mas verdadeiramente ofensivos. Na guerra russo-japonesa (1904/1905) o submarino chegou a provocar grandes apreensões ao comando naval russo, mas não constituiu uma ameaça real aos grandes navios de guerra. Mesmo antes da 1ª Grande Guerra, os alemães dedicaram-se particularmente ao estudo e à experimentação desses barcos como arma na guerra naval, tornando-se temíveis tanto para a esquadra aliada como para as frotas mercantes.
Foi em 08/08/1914 que os alemães lançaram o primeiro torpedo contra um vaso de guerra inglês, errando o alvo. No dia seguinte o submarino autor da proeza foi afundado por um cruzador britânico. Fevereiro de 1915 marcou o início da primeira investida submarina contra a navegação mercante, que acarretou grandes danos aos aliados. Os progressos na construção permitiram aos submarinos alemães realizar longas viagens oceânicas e, além do ataque a navios, também efetuar o bombardeio de povoações costeiras. Na 2ª Grande Guerra o submarino foi igualmente usado em grande escala, sobretudo pelos alemães. No decorrer do conflito eles afundaram 11.816.800 toneladas de navegação mercante aliada, isto é, aproximadamente 60% de todas as perdas causadas a esse tipo de navegação.
Após o conflito, diversas potências dedicaram-se com afinco ao aperfeiçoamento de novos tipos de submarinos. Os norte-americanos construíram modelos movidos a energia elétrica, o que lhes permitiu maior raio de ação e resolveu certos problemas de reabastecimento. Utilizando energia nuclear, o Tritão, norte americano, deu a volta ao mundo sem vir à superfície, percorrendo 57.000km em 54 dias, de 16/02 a 10/05/1960. E os novos modelos continuam sendo aperfeiçoados (na ilustração acima, submarino nuclear francês)..   
Por FERNANDO KITZINGER DANNEMANN

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