quarta-feira, 10 de novembro de 2010

DA GENTE QUE EU GOSTO

Mario Benedetti

Eu gosto de gente que vibra, que não tem de ser empurrada, que não se tem de dizer que faça as coisas, mas que sabe o que tem que fazer e que faz. Gente que cultiva seus sonhos até que esses sonhos se apoderam de sua própria realidade.
Eu gosto de gente com capacidade para assumir as consequências de suas ações, de gente que arrisca o certo pelo incerto para ir atrás de um sonho, que se permite, abandona os conselhos sensatos deixando as soluções nas mãos de Deus.
Gosto de gente que é justa com sua gente e consigo mesma, da gente que agradece o novo dia, as coisas boas que existem em sua vida, que vive cada hora com bom animo dando o melhor de si, agradecido de estar vivo, de poder distribuir sorrisos, de oferecer suas mãos e ajudar generosamente sem esperar nada em troca.

Eu gosto de gente capaz de me criticar construtivamente e de frente, mas sem me lastimar ou me ferir. De gente que tem tato.
Gosto de gente que possui sentido de justiça.
A estes chamo de meus amigos.
Gosto de gente que sabe a importância da alegria e a pratica.
De gente que por meio de piadas nos ensina a conceber a vida com humor.
De gente que nunca deixa de ser animada.
Gosto de gente que nos contagia com sua energia.
Gosto de gente sincera e franca, capaz de se opor com argumentos razoáveis a qualquer decisão.
Gosto de gente fiel e persistente, que não descansa quando se trata de alcançar objetivos e ideias.

Me encanta gente de critério, que não se envergonha em reconhecer que se equivocou ou que não sabe algo.
De gente que, ao aceitar seus erros, se esforça genuinamente por não voltar a cometê-los.
De gente que luta contra adversidades. Gosto de gente que busca soluções.

Gosto de gente que pensa e medita internamente. De gente que valoriza seus semelhantes, não por um estereótipo social, nem como se apresentam.
De gente que não julga, nem deixa que outros julguem.
Gosta de gente que tem personalidade.
Me encanta gente que é capaz de entender que o maior erro do ser humano é tentar arrancar da cabeça aquilo que não sai do coração.

A sensibilidade, a coragem, a solidariedade, a bondade, o respeito, a tranquilidade, os valores, a alegria, a humildade, a fé, a felicidade, o tato, a confiança, a esperança, o agradecimento, a sabedoria, os sonhos, o arrependimento, e o amor para com os demais e consigo próprio são coisas fundamentais para se chamar GENTE.
Com gente como essa, me comprometo, para o que seja, pelo resto de minha vida... já que, por tê-los junto de mim, me dou por bem retribuído.

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Mario Orlando Hamlet Hardy Brenno Benedetti Farugio ou Mario Benedetti.
Escritor uruguaio, poeta, romancista, dramaturgo, ensaísta, jornalista, Mario Orlando Hamlet Hardy Brenno - como foi batizado por seus pais, Brenno e Matilde - é referência nas letras uruguaias com uma obra de compromisso humano e social que o levou ao exílio durante a ditadura.
Nascido em 14 de setembro de 1920 em Paso de los Toros, Tacuarembó, Benedetti integra a chamada geração de 45, uma das mais criativas na literatura uruguaia e de grande influência na América Latina, com Juan Carlos Onetti, Angel Rama e Idea Vilariño entre seus expoentes.
"Benedetti é um testemunho incomparável da singularidade uruguaia, dizia o ensaísta Carlos Real de Azúa, e eu acho que é isso", afirmou a escritora Sylvia Lago, amiga do poeta. "Um homem com uma obra multifacetada, que cultivou todos os gêneros literários e que se manteve sempre em uma atitude ética e estética admirável".
Autor de mais de 80 livros de poemas, novelas, contos e ensaios, o escritor obteve vários reconhecimentos internacionais, entre os quais o prêmio Rainha Sofia de Poesia Iberoamericana. (ANSA)
O escritor uruguaio Mario Benedetti trabalhou como vendedor, taquígrafo, contador, funcionário público e jornalista. Entre 1938 e 1945, morou em Buenos Aires. Ao retornar a Montevidéu, passou a trabalhar no semanário Marcha.
Nesse mesmo ano, publicou o primeiro livro de poesias, La víspera indeleble. Nos anos seguintes, Benedetti lançaria a primeira coletânea de ensaios, Peripecia y novela (1948), a primeira de contos, Esta mañana (1949), e o primeiro romance, Quién de nosotros (1953). Em 1959, com a publicação do livro de contos Montevideanos, consagrou-se como escritor. E, no ano seguinte, o lançamento de A Trégua lhe rendeu fama internacional.
Por questões políticas, abandonou o Uruguai em 1973. Nos 12 anos de exílio morou na Argentina, Peru, Cuba e Espanha. Traduzido em todo o mundo e autor de uma vasta obra, Benedetti é considerado um dos mais importantes escritores uruguaios da atualidade.

De e-mail recebido do amigo Luiz Cezar Alves - pesquisando na Internet encontrei o poema encaminhado em formato de PPS, nos blogs abaixo:

Do Blog da Fabiana - Algarve-saibamais e BlogduCana.

Imagens da Internet fotoformatação (PVeiga)

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