Por José Eugênio Maciel
“Com a roupa encharcada de chão
Todo artista tem de ir aonde o povo está”.
Milton Nascimento e Fernando Brant – Nos bailes da vida
Após um dia inteiro de calor intenso, a noite veio com o céu azul tisnado dando sinais que iria chover. A temperadora da última quarta-feira caia, primeiramente com a brisa suave e em seguida ventos trazendo um friozinho saudável. Rapidamente e antes do horário previsto para iniciar o espetáculo os lugares estavam tomados. A ansiedade do público era mesclada pela aguardada e paciente espera. Existia apenas o temor que a chuva caísse, mas felizmente para aquele momento, o que caiu foi somente a temperatura
Além do ar livre, o local tinha um clima de educação e de cultura pulsantes e entrelaçadas, a avenida não tinha carros, ela era para aquela noite, transformada em chão destinado às pessoas que ali se reuniam. Cercadas por elas mesmas, circundadas pelo prédio da nossa Faculdade de um lado e de outro a Casa da Cultura e o Teatro Municipal, o local da apresentação de Arthur Moreira Lima não poderia ser melhor.
Um piano pela estrada trouxe a Campo Mourão um dos maiores nomes da nossa Cultura, ele chegou embalado pelos acordes das notas, dos estribilhos, do toque das teclas, como na canção Nos bailes da vida, o pianista veio onde o povo estava, tocou o piano ao mesmo tempo em que tocava numa plateia atenta e vibrante.
A harmonia do repertório apresentado pelo magnífico pianista refletia como ritmo harmônico dos presentes, o silêncio naturalmente atento ao ouvi-lo e os aplausos espontâneos em retribuição ao artista.
Fazendo parte do projeto, Arthur se apresentou na Escola Municipal Bento Mossurunga. E não poderia ser a melhor escolha (ou feliz coincidência). O maestro e compositor paranaense nascido em Castro (1879-1970) é o autor do Hino do Paraná feito em 1903 e oficializado em 1947. Bento foi, à época, importante referência nacional devido a qualidade da música que compunha e executava.
Imagens da Internet - Fotoformatação (PVeiga).
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