segunda-feira, 22 de novembro de 2010

MEU APRENDIZADO

Por João Bosco Leal

Sempre ouvi que quanto mais sabemos, mais queremos e temos o que aprender. Que envelheceremos e morreremos aprendendo. Nesse meu período de dois anos sem poder fazer praticamente nada, passei a fazer algo que podia, e para o qual dispunha de muito tempo, pensar.

Percebi, a cada dia que passava, o quanto ainda podia aprender sobre diversas coisas, e o quanto o ocorrido me fez perceber muitas que não conseguia ver, sobre diversos assuntos e, principalmente, sobre o reconhecimento de quem é quem em minha vida.

O questionamento sobre minha própria vida não deixou de existir em nenhum momento. Passei a questionar atitudes tomadas e fatos ocorridos no passado, se agiria novamente dessa ou daquela maneira, em diversos assuntos e aspectos.

Tem sido um aprendizado constante, crescente, sobre as coisas e pessoas verdadeiramente importantes em nossas vidas. E quanto mais aprendo, mais consigo ver, com clareza, o quanto ainda preciso aprender.

Sempre entendi, e continuo assim pensando, que a vida é feita de escolhas, boas e ruins, e que sobre cada uma delas pagaremos um preço. Podemos escolher, por exemplo, trabalhar muito e enriquecer muito, escolha feita pela grande maioria dos jovens, mas isso normalmente nos afasta demasiadamente de casa, de nossos filhos, de seu crescimento, de seu aprendizado.

No caso descrito, é um preço muito elevado, pois quando se percebe que poderia ou deveria ter agido de outra forma, percebe também que não há volta, seus filhos já cresceram e nunca mais serão crianças. São adultos e provavelmente já com seus próprios filhos, seus netos. Penso que ainda há tempo de viver agora a amizade com esses filhos e acompanhar agora o crescimento e o aprendizado dos netos.

Isso, porém, nem sempre é possível. Vejo pais que mal conseguem conversar com seus filhos, tamanha a distancia criada entre eles. Felizes os pais que, como eu, têm em seus filhos companheiros, amigos, verdadeiros filhos. Os que nos procuram para trocar ideias, se aconselhar, aproveitar nossa experiência de vida.

Podemos escolher também nossos amigos e perceber, depois de algo como o acidente ocorrido comigo, quem é e quem não é amigo, e aqueles que não deviam ser chamados sequer de conhecidos. Por outro lado, aparecem aqueles que imaginávamos conhecidos e que se tornam verdadeiros companheiros, amigos de verdade.

Percebo, na prática, e com muita clareza, que as escolhas sempre estarão cobrando seu preço e, como citado, acertando ou errando nós é que pagaremos por ele, o que significa, entre outras coisas, que nunca devemos julgar os outros, pois elas mesmas é que pagarão ou receberão pelas escolhas que fizeram.

Escolhas também podem ser feitas nos relacionamentos, tratando o assunto racionalmente, com maturidade, pensando e escolhendo tanto com quem quanto como se relacionar, pensando sobre amizade, companheirismo, cumplicidade, coisas que não fazemos na juventude, quando as paixões determinam as escolhas.

O mais importante desse período de reflexão é que percebi que não me conheço totalmente e que me conhecendo mais, posso fazer alterações de curso, me corrigir, o que cada um só pode fazer consigo mesmo, nunca com outro.

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