Paulo de Tarso foi um apóstolo diferente dos demais, por ter dado maior ênfase aos irmãos gentios, pois a sua atenção era destinada a eles que estavam espalhados pelo mundo (Atos 13:47). Paulo, assim como os outros Apóstolos, também teria, em tese, visto Jesus Cristo (Atos 9:17, I Coríntios 15:8, dentre outros textos). Paulo era um homem culto, pois era fariseu seguidor de rabi Gamaliel. Destaca-se dos outros apóstolos pela sua cultura, considerando-se que os outros apóstolos em sua maioria eram pescadores. A língua materna de Paulo era o grego. É provável que também dominasse o aramaico.
Educado em duas culturas (grega e judaica), Paulo fez muito pela difusão do Cristianismo entre os gentios e é considerado uma das principais fontes da doutrina da Igreja. As suas Epístolas formam uma secção fundamental do Novo Testamento. Alguns afirmam que ele foi quem verdadeiramente transformou o cristianismo numa nova religião, e não mais uma seita do Judaísmo.
Foi a mais destacada figura cristã a favorecer a abolição da necessidade da circuncisão e dos estritos hábitos alimentares tradicionais judaicos (veja Controvérsia da circuncisão e Concílio de Jerusalém). Esta opção teve a princípio a oposição de outros líderes cristãos, mas, em consequência desta revolução, a adoção do cristianismo pelos povos gentios tornou-se mais viável, ao passo que os Judeus mais conservadores, muitos deles vivendo na Europa, permaneceram fiéis à sua tradição, que não tem um móbil missionário.
Infância
Paulo nasceu em Tarso, na Cilícia, que atualmente pertence à Turquia, numa família judaica da Diáspora (dispersão) (na altura já havia uma diáspora de judeus que viviam espalhados pelo mundo, sobretudo na Pérsia, mas também em torno do mediterrâneo, em Alexandria e no norte de África, na Turquia, Grécia e outras partes do Império Romano, incluindo a atual Península Ibérica). Nasceu numa data desconhecida mas "sem dúvida antes do ano 10 da nossa era" (Étienne Trocme).Nascido na tribo de Israel de descendencia Benjamim (Fp.3-5), adquiriu a cidadania romana mantendo a fé judaica, educou-o na tradição judaica. Durante toda sua vida sua cidadania romana foi um meio de proteção física. Como ele próprio diz, foi circuncidado ao oitavo dia e mantém-se sempre na lei mosaica. Diz-se mesmo um Fariseu. A sua formação primária foi feita numa escola de cultura grega, como atestam as suas cartas. Mas ele afirma que recebeu também o ensino por parte de rabinos.
Jerusalém
A carta aos Romanos é, se se pode afirmá-lo, a obra máxima do Apóstolo Paulo |
Em determinada altura Paulo deve ter ido viver em Jerusalém. As cartas dos apóstolos afirmam que ele foi aluno do rabino Gamaliel em Jerusalém. Não há dúvida de que passou uma parte importante da juventude em Jerusalém.
Foi em Jerusalém que Paulo participou no apedrejamento de Estêvão, um líder de um grupo fervoroso dos seguidores de Jesus, naquela época nomeado diácono. Ainda não se chamava de Cristianismo a doutrina de Cristo, mas sim de "Caminho". O apelido "cristão", o termo que hoje e usado no mundo para todos os seguidores de cristo,surgiu pela primeira vez na cidade de Antioquia em referencia aos discípulos de Cristo naquela cidade (At 11,26).
(quadro - autor: Ben Long) |
Foram assim chamados pelos moradores daquela grande metrópole devido ao bom exemplo que davam e por sempre testemunhar a respeito de Jesus. Desde então o apelido pegou e suplantou os outros apelidos que eles tinham, como por exemplo o de "nazarenos", apelido pelo qual eram conhecidos os discípulos pelos judeus (At 24,5). O apelido cristão generalizou-se de tal forma que, em pouco tempo, todos os membros das igrejas de Cristo passaram a ser assim chamados. Não houve outro que representasse tão bem os discípulos de Cristo até meados do terceiro século, período no qual houve a necessidade de acrescentar um sobrenome a este apelido. Paulo foi um perseguidor destes seguidores de Jesus, núcleo de cristãos que procuravam difundir a nova fé entre os judeus de Jerusalém.
O argumento de Paulo na sua perseguição aos seguidores do "Caminho" era a defesa da "tradição dos pais" e da lei mosaica, que ele via como ameaçada pelos seguidores de Jesus. Alguns autores chegam mesmo a colocar a hipótese de Paulo ter sido um zelotemas Paulo na verdade foi um Fariseu, dado o seu fervor religioso. Também o fato de sua vida ter sido colocada em perigo após ter tomado partido pelos cristãos leva Étienne Trocmé a dizer que isso "corresponde bem ao pouco que sabemos sobre a organização do partido zelote".
Em determinado momento, Paulo de Tarso saiu do mundo judaico e foi para Atenas pregar. Os relatos contam que, na sua estada na Acrópole, ele consegue converter Dionísio Ariopaseta.
Missão de Damasco
Saulo, ferveroso defensor da tradição judaica (e por isso talvez mesmo um zelote), foi enviado a Damasco para fazer face à agitação dos seguidores do "Caminho".
Foi durante esta missão a Damasco que Saulo tomou o partido dos cristãos que perseguia anteriormente. Foi aqui que Paulo, indo no caminho de Damasco, já perto da cidade, viu um resplendor de luz no céu que o cercou, e caindo por terra, ouviu uma voz que lhe dizia: "Saulo, Saulo, por que me persegues?". (Atos 9.1-22) Paulo muda de lado. A esta mudança de partido ele fez corresponder uma mudança de nome. Abandonou o nome Saulo e, deste momento em diante, fez-se conhecer como Paulo.
Viagens e apostolado
Após muitos anos de atividade missionária, com três grandes viagens apostólicas descritas na Bíblia (incluindo Grécia, Macedônia e Ásia Menor nos itinerários), onde fundou diversas comunidades, foi preso em Jerusalém por volta do ano 61 d.C. sob a falsa acusação de estar infiltrando gentios no Templo de Jerusalém, o que era punido com a morte pelos judeus. Conseguindo se desvencilhar das mãos das autoridades do templo, apelou ao Imperador Romano, sendo enviado a Roma.
Na viagem para Roma o navio em que seguia naufragou, tendo ido parar à ilha de Malta. Esteve numa gruta, onde hoje se situa a Igreja de São Paulo em Rabat. Durante os três meses que ali terá passado, Paulo terá sido mordido por uma serpente e saído ileso do confronto. Um episódio que levou os habitantes locais a vê-lo como um Deus. Mais tarde, terá curado o pai do governador da ilha antes de partir.
Quando finalmente chegou a Roma teria sido julgado e, após cerca de dois anos encarcerado, foi libertado.
Paulo na prisão. O apóstolo passou por circunstâncias as mais adversas, incluindo viagens difíceis, naufrágio, incompreensões, perseguições, açoites, cadeias e prisões (II Co 11.12-29) |
Segundo a tradição e pelo que é descrito em suas cartas, reiniciou sua atividade missionária, sendo que, muito provavelmente, visitou a Península Ibérica e retornou à Ásia Menor, onde, em Trôade, foi denunciado por um ferreiro de nome Alexandre, sendo repentinamente preso e, mais uma vez, enviado a Roma. Lá, ficou encarcerado no Segundo Subsolo do Cárcere Mamertino.
Foi julgado e condenado à morte por Nero que, naqueles tempos, estava perseguindo duramente os cristãos. Em face de ser cidadão romano, em vez de ser crucificado, Paulo teria sido decapitado em 64 d.C. em um lugar conhecido como Águas Salvias. , na "Via Ostiense", local tradicionalmente aceito como sendo de seu martírio.
Aspecto físico
Não se tem qualquer relato confiável do aspecto físico de Paulo. Os únicos relatos que se possui são do final do século II e não são mais do que a projecção dos ideais estéticos a uma figura lendária. Dizia-se que Paulo era manco de uma perna, tinha problemas de vista e era calvo, tinha aproximadamente 1,50 metros de altura.
Há indícios de que Paulo tinha problemas de saúde, padecendo de uma doença crónica e dolorosa, da qual ignoramos a natureza, mas que lhe terá sido um obstáculo à sua atividade normal. Por volta dos anos 58–60 ele descrevia-se a si próprio como um velho.
Um comentário:
itT0fl21Aí está um apóstolo que fez juz ao seu ministério. Como sería salutar se os "apóstolos" (como se auto denominam), de nossa época, muitos detentores até de predicados similares a Paulo (cultos, religiosos etc)e vivendo uma época de tanta facilidade de comunicação e locomoção apresentassem o denodo, a disposição e sobretudo a ação para bradarem o contido em Filipenses 3:7 a 9.
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