Por João Bosco Leal
Os mais diversos meios de comunicação brasileiros nos últimos dias têm se dedicado quase que a um único assunto: a reação da presidente Dilma diante da veiculação de notícias de corrupção em seu governo.
Escaldada pela péssima reação pública quando de sua demora em demitir os acusados Erenice Guerra e Antonio Palocci, Dilma passou a demitir com mais agilidade os envolvidos em denúncias de corrupção como ocorrido no Ministério dos Transportes, comandado pelo PR.
As denúncias posteriores recaíram sobre irregularidades no Ministério da Agricultura, comandado pelo PMDB, maior partido da base de sustentação de seu governo e do qual fazem parte o Presidente do Senado, José Sarney, e o Vice-Presidente da República, Michel Temer.
A Polícia Federal prendeu mais de trinta pessoas ligadas direta ou indiretamente ao Ministério do Turismo, também comandado pelo PMDB e a reclamação dos líderes desse partido foi contra o uso de algemas nessas prisões.
A pressão foi tão grande que no dia seguinte não ocorreram votações no Congresso Nacional, com sua pauta totalmente trancada pelo assunto "algemas".
Poderia concordar com os protestos caso os deputados e senadores estivessem reclamando pelo fato de serem pessoas acusadas e ainda não condenadas, e o fizessem sempre, com a mesma intensidade, quando a polícia civil de todos os estados brasileiros fizesse o mesmo uso, em homens e mulheres, jovens e idosos, indiscriminadamente, acusados de roubarem nos supermercados e também ainda não condenados.
Pelo comportamento desses parlamentares, fica claro que os mesmos só se revoltam quando as algemas são colocadas em pessoas acusadas de roubar bastante, milhões ou bilhões, dos cofres públicos, o que não teria tanta importância, pois nos últimos dois governos isso virou algo trivial.
As algemas, por esse raciocínio, só poderiam ser colocadas nos infelizes acusados de terem roubado um cobrador de ônibus, um caixa de um supermercado da periferia, ou mesmo um carro, pois os acusados desses crimes são e devem ser tratados como bandidos, apesar do valor insignificante de seus roubos.
Para os que só aparecem nos escândalos de bilhões, superfaturamentos de cifras inimagináveis para milhões de brasileiros, o tratamento deve ser diferente, sem algemas, sem exposição pela imprensa e uma cela individual, com um bom colchão, televisão, frigobar e internet à sua disposição, onde aguardarão horas ou no máximo dias para que obtenham um habeas corpus e possam responder o processo em liberdade.
Ora, senhores parlamentares, bandido é bandido, ladrão é ladrão e criminoso é criminoso, independentemente do tamanho de seu delito, e se a polícia algema milhões de pequenos infratores, deve sim algemar os grandes, até porque estavam sendo investigados e com os telefones grampeados com ordem judicial. E a polícia só prendeu quando as provas eram bastante consistentes. Nesse caso, se a polícia pode expor os pequenos, deve também expor os maiores.
Como nunca votei no PT, sinto-me à vontade para dizer que a Presidente Dilma Rousseff possui em suas mãos uma oportunidade única de receber o apoio da imensa maioria dos brasileiros, não de políticos nem de empreiteiros, mas de contribuintes e eleitores como eu, se resolver enfrentar essas verdadeiras quadrilhas instaladas em praticamente todos os níveis de todos os Poderes Constituídos da República e realmente realizar uma faxina moral no país.
Se parlamentares pressionarem muito, por perderem as galinhas dos ovos de ouro de seus assaltos, conclame a população, Presidente Dilma, pois, para extirpar de vez a corrupção no país, apoio certamente não lhe faltará.
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