Por João Bosco Leal
Ao reclamar de uma dor no joelho o jogador não se lembra de quantas alegrias o mesmo já proporcionou ao permitir suas peladas de fim de semana, que se ajoelhasse durante suas orações agradecendo a vida e os bens recebidos, que caminhasse pela areia da praia, corresse ao encontro de um abraço e milhares de caminhadas.
Encarando as dificuldades dessa maneira seria possível perceber que raramente temos um verdadeiro motivo para reclamações, qualquer que seja sua natureza. As possibilidades apresentadas durante a vida são infinitas e só a própria pessoa pode decidir viver ou não aquele momento.
As escolhas das atitudes como arriscar, correr, lutar, fazer amigos, unir ou separar bens e pessoas, são incontáveis e exclusivas de cada um. Ninguém precisa ou é obrigado a fazer praticamente nada, mas fazendo ou não, sempre arcará com as consequências de sua opção.
Os que não praticam nenhum tipo de atividade física não sentirão as mesmas dores no joelho de um atleta, mas jamais terão a mesma desenvoltura física. Aqueles que não arriscam certamente possuem menos riscos de perder que o jogador e os que não correm diminuem suas possibilidades de acidente.
Correr riscos desnecessários nunca deveria ser a opção de uma pessoa, mas é preciso considerar que deixando de exercer diversas atividades por conta de suas chances de no futuro sentir dor, cair, se machucar ou qualquer outra preocupação, teremos uma vida coberta de privações, não vivida em sua plenitude.
Sempre estaremos sujeitos a um acidente, imprevisto, inesperado, mas a vida seria muito chata sem essas possibilidades. Avião, para quedas, para pentes, surf, skate e motocicleta são maravilhosos para muitos e aterrorizantes para outros, mas é exatamente essa a maravilha do ser humano, o poder de escolha.
É triste ver uma pessoa que passou pela vida sem experimentar algumas dessas coisas que teve vontade, ou apenas curiosidade, simplesmente por ser arriscado. Os riscos fazem parte de praticamente tudo em nossa vida. Cada ação, por mais simples e em qualquer área que seja realizada, provocará uma reação. Nem sequer caminharíamos, se tivéssemos medo de tropeçar e cair.
No lado sentimental, muitas pessoas se reprimem até de fazer um carinho público no amado, na esposa, por medo da reação de outros, deixando assim de amar, de demonstrar seu afeto para com quem realmente interessa na sua vida, enquanto as mais confiantes exprimem melhor seus sentimentos quando sorriem, abraçam, beijam e trocam carinhos com seus entes queridos, independentemente do que pensam aqueles que os criticam exatamente por sentirem falta desses atos.
Aquele que teve um amigo, filho, namorada ou esposa, que por algum motivo já não faz parte de sua vida, não deveria ficar triste, mas alegre pelos momentos agradáveis que passaram juntos, os carinhos trocados, sorrisos e passeios maravilhosos que realizaram.
Na realidade esse tipo de sofrimento nem é pela perda, afastamento, mas pelo que foi planejado, sonhado para terem realizado juntos e jamais ocorrerá. Isso é mais um motivo para pensarmos na demonstração de afeto, carinho que, por estarem em lugar público, muitas pessoas deixaram de realizar com medo do que diriam os reprimidos de plantão.
Não se pode passar pela vida sem vivê-la, pelo medo de sentir dor, correr riscos, se aventurar, sentir e demonstrar sentimentos, se nenhuma dor pode ser maior que a dor pelo que não vivemos.
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