Hiram Reis e Silva, Porto Alegre, RS, 26 de agosto de 2011
"Ninguém nega o valor da educação e que um bom professor é imprescindível. Mas, ainda que desejem bons professores para seus filhos, poucos pais desejam que seus filhos sejam professores. Isso nos mostra o reconhecimento que o trabalho de educar é duro, difícil e necessário, mas que permitimos que esses profissionais continuem sendo desvalorizados. Apesar de mal remunerados, com baixo prestígio social e responsabilizados pelo fracasso da educação, grande parte resiste e continua apaixonada pelo seu trabalho. (...) Pois, se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela, tampouco, a sociedade muda”.
(Paulo Freire)
Quantas e quantas vezes lemos relatos de mestres constrangidos por familiares de alunos que tentam imputar-lhes responsabilidade pelos desvios de conduta cometidos por seus dependentes. Boa parte dos pais de hoje delegaram à escola a necessidade de impor limites aos seus filhos e, quando isso acontece, quase que invariavelmente, ouvem e acreditam apenas na versão fantasiosa elaborada pelos seus “anjinhos”. Não se oportuniza o contraditório, o professor é, invariavelmente, o culpado. Tenho saudades do início de minha carreira no magistério quando os pais confiavam nos mestres e os tratavam como amigos e parceiros. Sinto uma profunda nostalgia ao lembrar como meus alunos prestavam a atenção nos ensinamentos de ética, moral e nos exemplos que lhes mostrávamos de grandes seres humanos do longínquo pretérito ainda que esses comentários não fizessem, absolutamente, parte do currículo. Eu me sentia um EDUCADOR.
Ao Mestre com carinho
Nos momentos de crise ou desânimo aconselho aos meus amigos professores que revejam algumas cenas do filme “Ao Mestre com Carinho”, de 1966, em que alunos fazem uma homenagem ao seu professor cantando “To sir with Love”.
Ao Mestre com Carinho
Chegou o momento de fechar os livros
E de trocar um último olhar.
Enquanto parto, sei que me afasto,
Do meu melhor amigo.
Alguém que me ensinou o que é certo,
E como agem os fortes.
É muito para se aprender.
O que eu posso lhe dar em troca?
Se o senhor quisesse a lua,
Eu tentaria pegá-la
Mas prefiro que aceite o meu coração,
Ao mestre, com carinho.
Fonte: http://www.youtube.com/watch?v=2U-nM8Tp78Q
http://www.youtube.com/watch?v=GsmpVldGlMI&feature=related
O bairro operário londrino de East End serve de pano de fundo para um épico do cinema mundial chamado “Ao Mestre, com carinho”. O filme trata do relacionamento de um professor e seus alunos e repercute os problemas e medos dos adolescentes da década de sessenta. O seu protagonista, Sidney Poitier, encarna Mark Thackeray, um engenheiro desempregado que encontra no magistério uma saída temporária para solucionar sua crise pessoal e acaba descobrindo sua verdadeira vocação.
Seus indisciplinados alunos cursam o último ano letivo e sentem-se perdidos e confusos ante a perspectiva de ter de abandonar a tranquilidade do ambiente escolar e encarar o mundo adulto. A classe, liderada por Denham, Pâmela e Barbara testam Thackeray de todas as maneiras, mas não conseguem quebrar-lhe o espírito. O professor, acostumado às hostilidades, enfrenta o desafio; lenta e progressivamente, vai conquistando espaço, até se tornar figura de referência, não apenas para sua turma, mas para os pais de seus alunos e demais colegas de trabalho. Thackeray mostra o conflito de um mestre que quer se aproximar de seus alunos ao mesmo tempo em que tenta manter um tratamento formal com eles. Pâmela Dare, uma de suas alunas, insiste que ele a chame pelo primeiro nome, o que ele consegue fazer só no final do filme.
- Brasil um País Eternamente do Futuro!
O Brasil continua marcando passo, sendo ultrapassado por países que decidiram, décadas atrás, apostar na educação, na disciplina e na erradicação da corrupção. Reproduzo o desabafo que o Professor Maurício Girardi enviou, recentemente, para a Coluna do Juremir Machado da Silva.
- Histórias de Professor
Fonte: Correio do Povo, Coluna Juremir, 14.07.201
Caro Juremir!
Meu nome é Maurício Girardi. Sou Físico. Pela manhã sou vice-diretor no Colégio Estadual Piratini, em Porto Alegre, onde à noite leciono a disciplina de Física para os três anos do Ensino Médio
Pois bem, olha só o que me aconteceu: estou eu dando aula para uma turma de segundo ano. Era 21/06/11 e talvez pela entrada do inverno, resolveu também ir à aula uma daquelas alunas “turista” que aparece uma que outra vez para “fazer uma social”. Para rever os conhecidos.
Por três vezes tive que pedir licença para a mocinha para poder explicar o conteúdo que abordávamos. Parece que estão fazendo um favor em nos permitir um espaço de fala. Eis que após insistentes pedidos, estando eu no meio de uma explicação que necessitava bastante atenção de todos, toca o celular da menina, interrompendo todo um processo de desenvolvimento de uma idéia e prejudicando o andamento da aula.
Mudei o tom do pedido e aconselhei aquela menina que, se objetivo dela não era o de estudar, então que procurasse outro local, que fizesse um curso à distância ou coisa do gênero, pois ali naquela sala estavam pessoas que queriam aprender e que o Colégio é um local aonde se vai para estudar. Então, a “estudante” quis argumentar, quando falei que não discutiria com ela. Neste momento tocou o sinal e fui para a troca de turma.
A menina resolveu ir embora e desceu as escadas chorando por ter sido repreendida na frente de colegas. De casa, a mãe da menina ligou para a Escola e falou com o vice-diretor da noite, relatando que tinha conhecidos influentes em Porto Alegre e que aquilo não iria ficar assim.
Em nenhum momento procurou escutar a minha versão nem mesmo para dizer, se fosse o caso, que minha postura teria sido errada. Tampouco procurou a diretora da Escola. Qual passo dado pela mãe? Polícia Civil! Isso mesmo, tive que comparecer no dia 13/07/11 na oitava delegacia de polícia de Porto Alegre para prestar esclarecimento por ter constrangido (?) uma adolescente (17 anos), que muito pouco frequenta a aula e quando o faz é para importunar, atrapalhar seus colegas e professores.
A que ponto chegamos? Isso é um desabafo. Tenho 39 anos e resolvi ser professor porque sempre gostei de ensinar, de ver alguém se apropriar do conhecimento e crescer. Mas te confesso, está cada vez mais difícil. Sinceramente, acho que é mais um professor que o Estado perde. Tenho outras opções no mercado. Em situações como essa, enxergamos a nossa fragilidade frente ao sistema.
Como leitor da tua coluna, e sabendo que abordas com frequência temas relacionados à educação, te peço que dediques umas linhas a respeito da violência contra o professor.
Parabéns pelo teu trabalho e um grande abraço!
Maurício Girardi
– Livro
O livro “Desafiando o Rio–Mar – Descendo o Solimões” está sendo comercializado, em Porto Alegre, na Livraria EDIPUCRS – PUCRS, na rede da Livraria Cultura (http://www.livrariacultura.com.br) e na Livraria Dinamic – Colégio Militar de Porto Alegre.
Para visualizar, parcialmente, o livro acesse o link:
http://books.google.com.br/books?id=6UV4DpCy_VYC&printsec=frontcover#v=onepage&q&f=false.
Coronel de Engenharia Hiram Reis e Silva
Professor do Colégio Militar de Porto Alegre (CMPA); Presidente da Sociedade de Amigos da Amazônia Brasileira (SAMBRAS); Vice-Presidente da Academia de História Militar Terrestre do Brasil/Rio Grande do Sul; Membro do Instituto de História e Tradições do Rio Grande do Sul (IHTRGS); Colaborador Emérito da Liga de Defesa Nacional.
Site: http://www.amazoniaenossaselva.com.br
E–mail: hiramrs@terra.com.br
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