sexta-feira, 26 de agosto de 2011

VAMOS FALAR SOBRE O CORAÇÃO?

Por Oswaldo Amaral

Nenhum órgão do corpo humano exerce tanto fascínio quanto o coração. Embora boa parte de seus mistérios tenha sido desvendada no último século, esse músculo, que começa a bater quando ainda estamos no ventre materno, encanta até mesmo os médicos especialistas acostumados a lidar com seus problemas diariamente.

Não é à toa que ele é cantado por intérpretes de todas as gerações e emociona desde que a poesia é poesia. Por esse motivo, o coração foi escolhido pelo Correio Braziliense para abrir uma série de reportagens sobre as importantes engrenagens da fantástica máquina que é o corpo humano.

Para explicar a dinâmica do coração, cardiologistas costumam segmentar o órgão em três partes: a muscular ou mecânica, chamada de miocárdio; a coronária ou hidráulica, composta por artérias que podem ser comparadas a um encanamento que irriga o músculo; e o sistema elétrico, que inicia a cada batimento uma corrente que também é responsável pela contração das fibras musculares.

Entre as doenças que atingem o coração e que mais matam no Brasil e no mundo está a aterosclerose. No decorrer da vida, por fatores genéticos ou devido à má alimentação, ocorre o acúmulo de placas gordurosas nas paredes das artérias de médio e de grande porte, fator redutor do fluxo sanguíneo. “A aterosclerose compromete a circulação e desencadeia o infarto do miocárdio. Ele ocorre quando o sangue não chega ao coração, destruindo o tecido cardíaco e impedindo o transporte de oxigênio e de nutrientes para o resto do corpo”, pontua o cardiologista Carlos Alberto Pastore, professor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e diretor de Serviços Médicos do Instituto do Coração (Incor).

As arritmias, mazelas no setor elétrico, também comprometem a eficiência do sistema cardíaco. O órgão tem um marca-passo natural, chamado nódulo sinusal, que faz o controle da frequência dos batimentos de acordo com as necessidades humanas. Disfunções no sistema elétrico, extremamente complexo e delicado, geram os descompassos.

As anomalias nos batimentos podem ser perceptíveis ou não. As vítimas desse problema, no entanto, foram extremamente beneficiadas com o surgimento do exame de eletrocardiograma, principal arma diagnóstica contra tais alterações. As arritmias são consideradas graves pelos cardiologistas quando causam debilidade, desorientação, enjôos e desmaios — sinais de que o sangue não está sendo bombeado devidamente.

Vidas salvas

Avanços tecnológicos na área da cardiologia foram responsáveis por poupar milhões de vida no decorrer dos últimos anos. “A angioplastia, por exemplo, permitiu intervenções menos invasivas. Ela contribuiu significativamente para diagnosticar obstruções e auxiliar na colocação do stent, uma estrutura metálica introduzida fechada na artéria e expandida no local onde está a placa de aterosclerose”, lembra Marco Antônio Perin, cardiologista intervencionista do Hospital Albert Einstein, em São Paulo.

Os dois especialistas são enfáticos: a prevenção é a melhor forma de cuidar do coração. Ela deve ser feita o quanto antes, principalmente se a pessoa tem histórico de doenças coronárias na família. A alimentação é importante, mas a dieta adequada não é suficiente.

Os sinais de alerta mais comuns são dor no peito ao fazer esforço, cansaço extremo, palpitações e hipertensão, mas as doenças do coração também podem chegar sem alarde.

É fundamental evitar os fatores de risco, como o mau colesterol, o diabetes, o sedentarismo, o cigarro e os males emocionais, como depressão e ansiedade.

“Nos últimos tempos, temos tido casos de síndrome do coração partido. A ocorrência é muito parecida com o infarto do miocárdio, mas não é causada pela obstrução das coronárias, e sim por desgastes e desilusões emocionais. Os poetas estão certos, o órgão é realmente muito sensível às emoções”, enfatiza Pastore.

Fonte: Correio Braziliense - publicado em Idade certa.

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