Levantou-se e caminhou para a sua cela. No percurso cruzava com desconhecidos e perguntou a um dos religiosos o que estava acontecendo. Contou que havia meditado por uns minutos e tudo mudara. Identificado, o velho monge, foi levado a uma nova cela e o superior foi visitá-lo para ouvir a história. Na ocasião ministrou a extrema unção e assistiu à tranqüila e silenciosa morte do outro. Sobre a lápide funerária, foi grafado: “Um minuto na presença de Deus, equivale a uma eternidade”.
Tem gente que afirma que os velhos tempos eram bárbaros e desumanos. Isto só pode ser coisa de bêbado, para exaltar a civilização e o status de servidão. Desde cedo ensinam nas escolas que nosso passado foi pobre, cheio de escassez e miséria e que agora vivemos na sociedade do bem estar. A insistência persuasiva destas afirmações serve apenas para desviar a consciência da escravidão em que vivemos. A tranqüilidade do passado fica esquecida quando temos que lidar com a violência e driblar os controles cotidianos a que somos submetidos na atualidade.
Os super computadores, gps, satélites, chips implantados nos cartões, identidades e outras facilidades da vida moderna, podem localizar cada pessoa instantaneamente, disponibilizam toda a informação sobre a vida que um dia foi privada. As câmeras de vigilância estão espalhadas para seguir os comuns e até facilitam a identificação de bandidos menores. Mas são inúteis para identificar os negócios nos gabinetes oficiais. Salvo se o poder maior, o núcleo de comando central da nação assim o desejar, para trocar os desafetos por companheiros na condução dos negócios. Para aliviar a barra, tudo acaba em segredo de justiça, o que vale dizer em pizza!
O refúgio exclusivo contra os controles do estado, tem sido espiritual. Mesmo assim é freqüente que a busca deste refúgio termine em reuniões onde o fanatismo, a culpa e as sessões de expulsão de diabos que, dizem, atormentam a vida dos seguidores de seitas, continua sendo o alimento de persuasão para reforçar a crença na bondade do governo, nas maravilhas do coletivismo e do bolsa família, na bondade de Deus exclusivamente para com os que pagam os dízimos e repetem frases das escrituras, pinçadas para justificar a impotência da maioria diante das políticas desastrosas do mundo material.
Tudo contribui para que a juventude despreze a família, o estado e o trabalho. Tudo contribui para a anarquia insensata e para a fuga aos deveres e responsabilidades construtivas. Mas isto é reflexão para velhos aparvalhados e babacas. O “admirável mundo novo” é uma realidade constrangedora onde está ausente como norma de conduta, qualquer das virtudes que poucos ousam praticar.
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