sexta-feira, 6 de julho de 2012

CRESCE O NÚMERO DE EVANGÉLICOS NO BRASIL. MAS FORA DA IGREJA CONTINUA NÃO HAVENDO SALVAÇÃO


ECLESIA UNA

Está nos jornais desta última semana: Catolicismo cai 22,4% e vê nova ascensão de evangélicos; uma notícia semelhante saiu no G1: Aumento de evangélicos no Brasil reduz número de católicos para 64,6%. “Herança da colonização portuguesa, o catolicismo enfrenta o momento de maior arrefecimento da história do Brasil”, reporta o Terra. “Mesmo mantendo sua predominância, o catolicismo perde cada vez mais terreno para a religião evangélica.” Os números falam por si. Nas últimas duas décadas, a pesquisa revela que um grupo de aproximadamente 123 milhões de fiéis deixou de se declarar “católico”.
O uso do itálico na palavra “fiéis” é proposital. Ora, se estes que deixaram o catolicismo fossem verdadeiramente fiéis, não teriam abandonado a sua fé, traído a sua Igreja, renegado o seu Batismo. Se “migraram” da barca de Pedro para a confusão dos botes protestantes, é porque ou não possuem um conhecimento autêntico da doutrina – questão de ignorância – ou se entregaram ao relativismo moral e ao pragmatismo subjetivista – questão de egoísmo mesmo.
Gostaria de deter-me um pouco nesta questão do relativismo. Está se espalhando de maneira assustadora no meio dos cristãos uma ideia diabólica, segundo a qual a religião não seria mais importante, afinal “placa de igreja não salva ninguém” – é o que dizem costumeiramente. Pior de tudo: há muitos “católicos” aderindo a esta forma de pensamento – não surpreende que muitos desses mesmos “católicos” depois se filiem a comunidades evangélicas, traindo uma Fé que, na verdade, nunca conheceram de fato. Realmente, a salvação não tem nada a ver com “placa de igreja”. A salvação tem a ver com a Igreja. O uso da letra maiúscula aqui identifica algo muito maior e mais significativo que um simples edifício material ou uma mera denominação religiosa; identifica aquilo que as Escrituras dizem ser o Corpo Místico de Cristo (cf. Cl 1, 24). E este edifício espiritual, que tem o próprio Cristo como cabeça, é sim necessário para a salvação. Afinal, foi pela Igreja que Jesus se entregou em sacrifício, ensina São Paulo: “Cristo amou a Igreja e se entregou por ela, para santificá-la, purificando-a pela água do batismo com a palavra, para apresentá-la a si mesmo toda gloriosa, sem mácula, sem ruga, sem qualquer outro defeito semelhante, mas santa e irrepreensível” (Ef 5, 25-27). E esta Igreja tem fundamento visível, constituído pelo próprio Deus. Foi a São Pedro que nosso Senhor concedeu as chaves do Reino dos céus e foi sobre ele também que edificou a Sua Igreja (cf. Mt 16, 18-19). Pela história, sabemos que os apóstolos deixaram sucessores e estes, ao longo dos séculos, foram transmitindo a Fé que receberam, mantendo-a íntegra, incólume. Então, não tem nada de “o que importa é o coração” ou “eu me basto”; o que basta é a doutrina apostólica, é o ensinamento dos primeiros cristãos, é a pregação do Evangelho na sua pureza. E isto é legado aos cristãos pela Igreja Católica, fora da qual – dizemos e repetimos com orgulho – não há salvação.
Ora, mas isto não é entrar em defesa de “placa de igreja”? Absolutamente não! Como foi dito, estamos falando da Igreja, e não de igrejas… Estas têm a ver com fundação humana, tem a ver com a rebeldia, com a desobediência, desde a revolta de Lutero no século XVI até o escândalo dos mercenários pentecostais de nosso tempo, como Valdomiro Santiago, Edir Macedo et caterva. Quando dizemos que fora da Igreja não há salvação, falamos daquela fundada por Deus – a Igreja de Cristo, “una, santa, católica e apostólica”, esposa do Cordeiro.
Como diz São Cipriano, “aquele que se separa dela (…) se junta com uma adúltera”. Estes que se juntaram principalmente às seitas pentecostais geralmente experimentaram os amargos frutos da Teologia da Libertação. Sedentos de uma experiência mais pessoal com nosso Senhor, acabaram entregando-se a uma prostituta – nem todos verdadeiramente conscientes disto. Outros dissidentes, porém, traíram a Cristo gratuitamente. Mesmo sabendo que “esta Igreja, peregrina na terra, é necessária à salvação” (CIC, n. 846), correram para as seitas, em busca de conforto econômico, físico ou psicológico. “Porque virá tempo – já alertava o Apóstolo dos gentios – em que os homens já não suportarão a sã doutrina da salvação. Levados pelas próprias paixões e pelo prurido de escutar novidades, ajustarão mestres para si. Apartarão os ouvidos da verdade e se atirarão às fábulas” (2 Tm 4, 3-4).
Aquilo que o IBGE traduz como estatística já estava profetizado por São Paulo há milênios. Não temos o que temer; não há porque se assustar. Acontece em nossos tempos aquilo que nosso Senhor já falava que seria o julgamento: “A luz veio ao mundo, mas os homens amaram mais as trevas do que a luz, pois as suas obras eram más” (Jo 3, 19).
Graça e paz.
Salve Maria Santíssima!

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