Jorge Videla e Reynaldo Bignone foram ambos condenados Foto:Enrique Marcarian/Reuters |
sábado, 7 de julho de 2012
DITADOR ARGENTINO CONDENADO POR ROUBO DE BEBÊS
Jorge Videla foi condenado a uma pena de prisão pelo roubo de bebês durante a ditadura militar. O ex-ditador argentino já estava em prisão perpétua
Fonte: Expesso.sapo com agências
A justiça argentina condenou o ex-ditador Jorge Rafael Videla a 50 anos de prisão pelo roubo sistemático de bebês durante a ditadura militar, entre 1976 e 1983. Videla já tinha sido condenado à prisão perpétua em 2010, pelo sequestro, tortura e assassinato de 31 pessoas em 1976.
Além de Videla, primeiro governante do regime militar, sentaram-se no banco dos réus Reynaldo Bignone, último presidente da ditadura - que foi condenado a 15 anos de cadeia -, e ainda outras oito pessoas acusadas de repressão e que foram condenadas a penas de prisão até 30 anos.
A justiça argentina considerou provada "a prática sistemática e generalizada de sequestro e detenção de crianças menores de 10 anos de idade" num contexto de "aniquilação" de "parte da população civil", com o argumento de acabar com a "subversão" durante a ditadura.
Condenações juntam a pena de prisão perpétua
De acordo com a agência EFE, Videla, de 84 anos, e os outros arguidos ouviram a sentença imperturbáveis, sentados na primeira fila do Tribunal Número 6 de Buenos Aires, enquanto as vítimas e familiares das vítimas da repressão, que encheram a sala, aplaudiam a sentença. Em alguns casos, as condenações juntam-se a pena de prisão perpétua a que já foram condenados por crimes contra a humanidade cometida durante o regime militar.
O processo, que começou em fevereiro de 2011, decorreu após denúncias apresentadas há mais de 15 anos pela organização "Avós da Plaza de Mayo", sobre testemunhos das vítimas e dos responsáveis pela repressão - como o próprio Videla, que chegou a negar o plano sobre o roubo sistemático de bebês e que chegou a afirmar que as mães "eram militantes ativas da máquina do terrorismo", e que "muitas usavam os seus filhos embrionários como escudos humanos no momento de serem combatentes".
"Ver as caras dos responsáveis é um sinal de justiça"
"Esta é uma sentença histórica, que confirma o plano do roubo sistemático de bebês e, na minha opinião, é muito positivo as novas condenações de Videla e Bignone. Ver as caras dos responsáveis é um sinal de justiça", disse Estela de Carlotto, presidente da organização "Avós da Plaza de Mayo".
Além de Vilela e Bignone foram também condenados o ex-almirante António Vañek (40 anos de cadeia), o ex-capitão da Marinha de Guerra, Jorge Eduardo Acosta (30 anos), e o ex-general Omar Riveros (20 anos).
O ex-almirante Rubén Oscar Franco e o ex-agente dos serviços secretos Eduardo Ruffo foram absolvidos.
De acordo com organizações humanitárias, 105 crianças roubadas durante a ditadura foram entretanto localizadas e recuperaram a identidade, apesar de mais de 400 denúncias ainda se encontrarem pendentes. Mais de 300 famílias já depositaram dados nos bancos de ADN com a esperança de recuperarem filhos e netos desaparecidos durante o regime militar.
Cerca de três mil pessoas detidas clandestinamente desapareceram durante a ditadura na Argentina, segundo dados oficiais de Buenos Aires. Videla foi o máximo responsável por um sistema repressivo que, segundo as Associações de Direitos Humanos, torturou e assassinou 30 mil pessoas.
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