segunda-feira, 21 de junho de 2010

AQUARELA DO BRASIL - FRANCISCO ALVES - 1939

Primeira gravação do samba-exaltação de Ary Barroso pelo cantor Francisco Alves em 1939.

"Ao soar o carrilhão dando as doze badaladas, ao se encontrarem os ponteiros na metade do dia, também os ouvintes da Rádio Nacional se encontram com uma mensagem musical na voz de Francisco Alves, o Rei da Voz".

Assim se iniciava a audição de Francisco Alves, todos os domingos ao meio dia, pela Rádio Nacional do Rio de Janeiro.

Era considerado, quando vivo, o maior cantor do Brasil e rivalizava com Carlos Gardel da Argentina.
Seu fim trágico, na via Dutra, pôs fim à grande estrela hoje quase totalmente desconhecida, inclusive no Rio de Janeiro, cidade da eterna cultura deste país.

Observem a correta pronúncia do português: Brasi(l) e não Brasi(u).

Um dos maiores fenômenos da história da música popular brasileira, Francisco Alves foi peça-chave no mercado fonográfico nacional. Surgiu em uma época em que as técnicas de gravação se aprimoravam no Brasil, os discos se popularizavam, o rádio se desenvolvia e o samba se consagrava como estilo musical. Com estimados 5 milhões de discos vendidos, sua carreira é toda superlativa. Ficou eternamente conhecido como o Rei da Voz (apelido dado pelo radialista César Ladeira), representante ilustre da era de ouro do rádio. Nascido no Rio, passou a infância nos bairros do Estácio, Saúde e Vila Isabel, futuros berços do samba. Trabalhou como operário de fábrica e decidiu fazer aulas de canto para candidatar-se a uma vaga em uma companhia de circo. Conseguiu a vaga, mas teve que continuar trabalhando em outro ramo, dessa vez como chofer de praça, para ganhar dinheiro. Sua primeira gravação aconteceu em 1919 com três composições de Sinhô, o Rei do Samba; "Pé de Anjo", "Fala, Meu Louro" e "Alivia Estes Olhos". Em 1924 gravou pela Odeon, mas não teve êxito até 1927, quando, pela mesma Odeon, foi o primeiro cantor a realizar gravação por processo elétrico. O disco de Francisco Alves interpretando "Albertina" e "Passarinho do Má", ambas de autoria de Duque, tem o registro Odeon 10.001. A partir daí estourou e se transformou no maior cantor do Brasil. Gravava para a Odeon e ao mesmo tempo para a Parlophon, em que usava o pseudônimo Chico Viola. Estreou em 1929 no rádio, em programa da Rádio Sociedade, usando pela primeira vez o veículo de comunicação que faria a sua fama e glória. Foi o responsável pela consagração de diversos compositores negros de samba, como Cartola, Heitor dos Prazeres e Ismael Silva. Reinou absoluto nos anos 30 e 40 no cenário da música vocal brasileira com uma produção massiva de novas gravações e programas, cercado por outros grandes cantores, como Mário Reis (com quem gravou mais de 20 músicas em dupla), Orlando Silva, Silvio Caldas, Carlos Galhardo. Também compunha, ainda que seja difícil saber exatamente quais composições são de fato suas e quais foram "compradas" a outros compositores. Rico e famoso, Alves fazia propostas a sambistas como Noel Rosa e Ismael Silva, pagava e assumia a autoria de seus sucessos. Sua carreira não teve declínio. Quando morreu ainda estava no auge. Sua morte, em um acidente automobilístico, quando dirigia seu Buick, provocou comoção popular em todo o país. Milhares de pessoas acompanharam o enterro e há até mesmo registro de um suicídio provocado pela morte do cantor. Muitos foram os sucessos na voz de Francisco Alves. Alguns dos mais emblemáticos são a valsa "Boa Noite, Amor" (J.M. Abreu/ F. Matoso), "É Bom Parar" (Rubens Soares), "Foi Ela" (Ary Barroso), "A Mulher que Ficou na Taça" (com Orestes Barbosa), "Serra da Boa Esperança" (Lamartine Babo), "Se Você Jurar" (Ismael Silva), "Fita Amarela" (Noel Rosa), "Aquarela do Brasil" (Ary Barroso), "Onde o Céu Azul É Mais Azul" (Alcyr Pires Vermelho/ João de Barro/ Alberto Ribeiro), e ainda "A Voz do Violão" (com Horácio Campos), "Malandrinha" (Freire Júnior), "Caminhemos" (Herivelto Martins) e "Cadeira Vazia" (Lupicínio Rodrigues/ Alcides Gonçalves).

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