Laryssa Borges-Direto de Brasília
O ex-governador do Paraná, Roberto Requião (PMDB), afirmou neste sábado (12) que é uma "fraude política" a intenção original da convocação da convenção nacional peemedebista, feita apenas para confirmar o nome do deputado Michel Temer como candidato a vice-presidente da chapa da petista Dilma Rousseff. Requião, que disputa entre o PMDB a indicação para que concorra à presidência da República com uma candidatura única, sem coligação, disse ser "coisa de moleque" a atitude daqueles que condenam sua proposta de disputar de forma independente a chefia do Palácio do Planalto.
"Deboche é a candidatura única (de Temer como vice, sem outros candidatos). (A crítica à minha postura) é coisa de moleque. Debochado não sou eu", disse Requião ao chegar à convenção da legenda, em Brasília. "Minha candidatura oferece oxigênio a uma convenção que estava até agora fechada. Não houve mobilização em sentido contrário ao nome de Temer. Estou aqui com a intenção democrática para que (a convenção) não se transforme em fraude política", explicou.
O PMDB abriu neste sábado a convenção nacional do partido com dois candidatos à presidência da República e a indicação do presidente da Câmara dos Deputados, Michel Temer, como nome para compor a chapa petista ao Palácio do Planalto ao lado da ex-ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff.
A votação sobre a postura do partido em nível nacional nas eleições de outubro já foi iniciada e contempla duas cédulas para votação. Na primeira, aparece o nome de Temer como candidato único a vice-presidente na coligação PT-PMDB, "delegando à Comissão Nacional as deliberações sobre as demais coligações". Na outra opção de votação, aparecem as candidaturas do ex-governador do Paraná, Roberto Requião, e do jornalista Antônio Pedreira.
Apesar da candidatura independente, Roberto Requião disse não ser "ingênuo" a ponto de acreditar que pode ter sua candidatura vitoriosa na convenção peemedebista. "Não sou ingênuo a ponto de imaginar que uma convenção com passagem e hotel pagos pela Executiva me ofereça oportunidade (de vitória)", ressaltou.
SIMON DIZ QUE PMDB SE ALIA A DILMA SOB RISCO DE PERDER CARGOS
O senador Pedro Simon (PMDB-RS), defensor da candidatura do ex-governador do Paraná, Roberto Requião, à presidência da República, criticou neste sábado (12) a resistência do PMDB em apresentar uma candidatura própria à presidência da República e atribuiu a postura da legenda ao risco de o partido perder "meia dúzia de cargos" que vem mantendo nos governos Lula e Fernando Henrique Cardoso.
Ao discursar na convenção nacional peemedebista em Brasília, o parlamentar acusou a cúpula da agremiação de estar "acostumada" a exigir postos políticos nas administrações federais. "Não dá pra dizer que Lula impôs candidatura ao PMDB. A cúpula do PMDB está acostumada a ter meia dúzia de cargos no governo. E a meia dúzia (de cargos que tinha no governo) do FHC é a (mesma) meia dúzia (de cargos) que tem no governo Lula", condenou. "Eles querem manter os cargos. Não estamos aqui brigando por cargos. Estamos aqui brigando pelo Brasil", disse.
No primeiro escalão da administração federal petista, o PMDB já contou com os ministérios da Saúde, Integração Nacional, Defesa, Agricultura, Comunicações, Minas e Energia e Banco Central.
Na convenção, Simon relembrou o recente episódio do suposto dossiê que teria sido elaborado pela coordenação de campanha de Dilma e disse que não existem acusações contra a "honra" ou "decência" do ex-governador paranaense.
"Quantos dossiês já tem por aí querendo envolver Dilma, quantos dossiês tem por aí querendo envolver Serra. Não tem uma palavra contra a honra e decência do Requião. Por que o maior partido, o que tem mais história, o que tem mais tradição, mais biografia, maior número de deputados federais, maior número de senadores, maior número de governadores e prefeitos, vereadores, filiados, por que esse partido não pode ter cândidato a presidente? Nosso candidato não é de oposição", defendeu Simon.
Em seu discurso, o senador gaúcho elogiou ainda cada um dos principais postulantes à presidência da República e defendeu que Requião passe a integrar a lista de presidenciáveis. "Gosto muito da Dilma, acho ela muito competente. Acho que o governo do PT é antes e depois da Dilma. O Zé Dirceu (ex-ministro da Casa Civil e deputado cassado, José Dirceu) levou o Lula à beira do impeachment (com o escândalo do mensalão). A Dilma é uma grande candidata. Não tem melhor lá no PT que a Dilma. Acho o Serra um grande candidato, dez vezes melhor que o Fernando Henrique Cardoso. Marina é santa demais para nós. Nós somos pecadores demais. Por que não botar o Requião junto? E aí vamos discutir", comentou, já minimizando as chances de a candidatura própria do ex-governador sair vitoriosa entre os convencionados. "Não ter nenhuma chance não tem nenhum problema", disse.
CONVENÇÃO DO PMDB CONFIRMA CHAPA DILMA-TEMER À PRESIDÊNCIA
Ao chegar à convenção peemedebista, Temer afirmara que o governo Lula não teria tido todas as conquistas sociais e políticas adquiridas nos últimos sete anos e meio sem a participação da legenda, responsável pelo controle de sete ministérios (Agricultura, Minas e Energia, Comunicações, Defesa, Integração Nacional, Banco Central e Saúde). Para Temer, caberá à agremiação o papel de "protagonista" no pleito de outubro, apoiando Dilma em seu eventual novo governo.
A convenção nacional do PMDB confirmou neste sábado (12), por 560 votos, o nome do presidente da Câmara dos Deputados, Michel Temer (PMDB-SP), como nome a ser apresentado para compor a chapa da petista Dilma Rousseff à presidência da República. O fim da votação foi anunciado pelo vice-presidente do PMDB, Valdir Raupp, às 15h06. Ao todo, houve 473 convencionais contabilizando 660 votos. O número de votos é maior que a quantidade de convencionais pelo fato de alguns políticos, como lideranças ou presidentes de diretórios estaduais, terem direito a votar mais de uma vez.
Com a confirmação do nome do parlamentar presidente da Câmara, ficam derrotadas as candidaturas independentes do ex-governador do Paraná, Roberto Requião, e do jornalista Antônio Pedreira, que disputavam a aprovação da legenda para concorrer ao Palácio do Planalto. Roberto Requião ficou com 95 votos. Antônio Pedreira teve 4 votos, houve seis votos em branco e dois votos nulos.
Neste sábado também foi lançada, em Salvador, a candidatura do tucano José Serra à presidência da República. Com dificuldades de encontrar um vice para compor a chapa, o ex-governador de São Paulo atacou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e chegou a comparar o chefe do Poder Executivo ao rei Luís XIV, autor da frase "o Estado sou eu". O tucano insinuou ter mais experiência que Dilma e relembrou "escândalos do mensalão" e "esquadrões de militantes pagos com dinheiro público".
Redação Terra
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