Por Reinaldo Azevedo
O PT deve ter as sua pesquisas internas indicando que a Dilma que aderiu a grupos terroristas pode não ser exatamente um ativo eleitoral. Daí ter chamado a atenção para esse aspecto de sua biografia, ressaltando a sua “luta contra a ditadura”. Ficou por conta de Lula aquela que pode ser a sua mais escandalosa metáfora em quase oito anos de governo: Dilma seria, no Brasil, o que Mandela foi na África do Sul! Uau!!! Que é isso, companheiro?
Mandela se tornou Mandela, convenham, só depois de ter negociado o fim do Apartheid e de ter sido eleito presidente do país. Se Dilma já larga nessa altura, caso seja eleita, ainda acaba se transformando na Nossa Senhora de Forma Geral do Brasil!
A comparação é uma bobagem formidável. Mandela, de fato, começa a luta contra o apartheid de forma pacífica e depois adere à luta armada. Dilma dispensou a primeira parte. Embora algumas correntes do CNA e o próprio líder sul-africano tenham flertado com o marxismo, a sua luta essencial era contra o odioso regime de segregação racial.
O negócio de Dilma era bem outro. Em 1min38s, ela afirma:
“Eu? Eu lutei, sim. Eu lutei pela liberdade e pela democracia. Lutei contra a ditadura do seu primeiro ao seu último dia”.
Bem, até que alguém não me traga um documento, um indício que seja, evidenciando que os grupos terroristas Colina, VPR e VAR-Palmares lutaram pela democracia, serei obrigado a sustentar: é mentira! Dilma até pode ter “lutado” pela democracia, mas só depois de ter abandonado aquelas organizações. Enquanto pertenceu a elas, lutou, “do primeiro ao último dia”, para implantar uma ditadura comunista no Brasil. Também é falaciosa a tese de que nada mais havia a fazer a não ser partir para o terrorismo. Seria desmerecer a resistência pacífica que, ela sim, pôs fim ao regime militar.
Dilma afirma: “[lutei] com os meios e as concepções que eu tinha”.
Ok.
Os meios: arma na mão.
As concepções: comunismo.
O que isso tem a ver com democracia?
E segue adiante:
“Quando o Brasil mudou, eu mudei. Mas nunca, nunca mesmo, mudei de lado”.
Vamos pensar?
“Quando o Brasil mudou…” Não! O Brasil não mudou! O Brasil foi mudado. E foi mudado por aqueles que não acreditaram na saída armada e que tinham, pois, uma concepção diversa de luta política. Se ela só mudou depois que o Brasil mudou, então não ajudou a operar a mudança, feita à revelia dela e dos que pensavam como ela. Não deixa de ser a parte sincera da sua fala.
E o que significa não ter “mudado de lado”? Aquele a que ela pertencia, o das organizações terroristas, não era exatamente bom. Se afirma que está do mesmo lado, das duas uma: ou tomava o seu comunismo de então por democracia, o que é besteira, ou, Deus nos acuda!, toma a democracia de agora como o comunismo possível. E isso pode significar que, sob seus eventuais cuidados, a democracia tende a ser menos… democrática!
As palavras têm sentido. E eu cuido do sentido das palavras. Desde aqueles testes de leitura lá do primário…
Do: Dois em Cena
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