O setor público atrapalha o desenvolvimento do país. Não se trata do velho argumento liberal de que todo governo é ruim e quanto menos dele, melhor. O Estado brasileiro é que não presta. Nas últimas décadas, apesar do avanço institucional e na economia, a má gestão virou problema estrutural. O Índice de Competitividade Mundial de 2010, elaborado pelo insuspeito Institute for Management Development (IMD), da Suíça, mediu 327 indicadores qualitativos e quantitativos em 58 economias do mundo. No quesito eficiência governamental, o Brasil ficou em 52° lugar, o mesmo do ano passado.
As áreas em que União, estados e municípios são cruciais pioraram: saúde (40ª posição), infraestrutura (49ª) e educação (53ª), por exemplo. A política fiscal ficou na 37ª colocação. O governo gasta cada vez mais e pior. A estrutura institucional brasileira não passa da 54ª no estudo e a legislação para os negócios, da 55ª. Apesar de tudo isso, empresas e trabalhadores tentam sobreviver. O Produto Interno Bruto (PIB, a soma das riquezas geradas no país), estimado em US$ 1,57 trilhão, passou de 10º maior para 8º. Isso mostra o dinamismo da economia, mas também se deve ao fortalecimento do real.
O então candidato à Presidência da República em 1989 pelo recém-criado PSDB, Mário Covas, defendeu um “choque de capitalismo” para tirar o país do marasmo. A receita continua válida, mas deve ser acrescida de uma revolução administrativa. Até agora, não se tratou do assunto a fundo na atual corrida eleitoral. Os dois pré-candidatos com reais chances de vencer, a petista Dilma Rousseff e o tucano José Serra, defendem o fortalecimento do Estado, mas não de sua produtividade. A diferença é enorme. Sem a melhora e o barateamento dos serviços públicos, o Brasil continuará um país subdesenvolvido.
Autor: Ricarso Allan-Correio Braziliense - 22/05/2010
Nenhum comentário:
Postar um comentário