Do alto da torre de que aprecia a planície cá embaixo, onde dá duro quem banca seus vencimentos atuais e seus proventos futuros, ele esbravejou sem requintes de vernáculo nem cerimônias ensejadas pelo cargo público que ocupa, de secretário nacional de Justiça do Ministério da Justiça:
No lar em que foi criado, nas classes que frequentou e nos expedientes que deu em delegacias, aprendeu que manda quem pode e obedece quem tem juízo.
Neste reinado sob Lula, alguns ganham para mandar e quase todos pagam para obedecer.
Com os cavalos expostos aos eventuais temporais que já abandonaram São Paulo, mas vez por outra ainda perturbam o Rio de Janeiro, a resposta da plebe só pode ser: sim, é verdade!
Não podemos nós nem pode ele.
Quem pode mesmo é Sua Majestade el-rey e presidente da nada serena República brasileira, de posse de todos os poderes conferidos e emanados do povo, com o povo e pelo povo.
E, sobretudo, bafejado por índices nunca antes alcançados por político algum de nenhum partido no para todo o sempre nestes tristes trópicos, onde mais que a lei imperam a chuva, o suor (o da canícula, não do próprio rosto) e a cerveja.
Ao Tuminha delegado, filho de cardeal da polícia política paulista, foi ensinado na escola e no ofício que no Brasil a lei, ora, a lei é relativa.
Poderosa só é a lei de Chico de Brito, como se diz no Agreste Pernambucano, do qual veio seu chefe e noço guia, Lula Único: elas são tantas que quem tem padrinho, além de não morrer pagão, passa incólume entre seus espinhos, que só alcançam e ferem os desvalidos da sorte.
Hoje, não!
Mas Sua Excelência o secretário nacional de Justiça foi além em seu desafio à cidadania preocupada com suas relações de amizade com um chefão da "máfia chinesa", ao garantir em alto e bom som que é amigo de quem quiser e não tem de dar satisfação a ninguém.
Aí a coisa muda de figura, pois, se é verdade que aqui funciona um Estado Democrático de Direito, quem manda não é o delegado Tuminha, nem o ministro da Justiça, nem mesmo ? suprema blasfêmia ? noço guia genial dos povos da floresta, do cerrado, da caatinga e do canavial.
A democracia, ensinam os clássicos da ciência política, é o "império da lei".
E onde impera a lei, a antiga musa da tirania cala, como já cantava outro Luís, o caolho Camões, quando inventou esta "última flor do Lácio, inculta e bela", ao mesmo tempo esplendor e sepultura.
E sob as ordens frias e impessoais da norma jurídica não é permitido a agentes da lei, pagos e merecedores da confiança da cidadania para mantê-la, conviver em intimidade com quem fora dela prospera.
Carcereiros não podem ficar amiguinhos de presidiários, não é sensato que juízes frequentem festas de traficantes, nem lícito que promotores recebam favores de acusados ou policiais obsequiem suspeitos.
Isso merece repúdio, por contrariar o mais elementar dos direitos da cidadania: o de defesa.
O delegado Romeu Tuma Jr. não é imune ao poder de polícia de seus colegas federais. Mas por que excluíram o depoimento dele no inquérito, se aceitaram ouvi-lo?
Sua manutenção no cargo, desafiando o antiquíssimo conceito romano da "mulher de César", que não só deve ser como também precisa parecer honesta, é algo que "nunca antes ocorreu na História deste país".
A eventual barganha da moral pública por menos de um minuto e meio por dia do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), em que o pai senador milita, no horário eleitoral gratuito é inaceitável, mesmo sob nossa "ética da conveniência".
Ainda que Paris tenha valido uma missa nos tempos de Henrique IV, não é o caso de vender agora a honra do País por 85 segundos diários para louvar a Dilma do Lula Único.
peguei do: Resistência Democrática
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