Por Hiram Reis e Silva, Porto Alegre, RS, 28 de maio de 2010.
“O nosso presidencialismo é esse pântano de alianças espúrias que impedem qualquer governo. O parlamentarismo prejudica a deliciosa política de chantagem ao Executivo”. (Arnaldo Jabor)
Arnaldo Jabor
O famoso roteirista de cinema, diretor de curtas e longas metragens, crítico de teatro, jornalista e escritor carioca nasceu no dia 12 de dezembro de 1940. Jabor é formado em Direito pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro e possui o Curso de Cinema Itamaraty-Unesco. Iniciou sua carreira, em 1962, no jornal ‘O Metropolitano’, ligado ao movimento estudantil e, nas décadas de 60, 70 e 80, dedicou-se ao cinema. A década de 90, marcada pelo sucateamento da cinematografia nacional, obrigou-o a buscar novos rumos no jornalismo estreando como colunista de ‘O Globo’, em 1995, e mais tarde na ‘TV Globo’, ‘Jornal Nacional’ e ‘Bom Dia Brasil’.
Jornalista independente e perspicaz, dono de um estilo irônico único, muitas vezes debochado, é, sem dúvida, um dos mais importantes cronistas da atualidade brasileira. Fez, recentemente, em 19 de abril, uma contundente crítica a respeito da assinatura da tão festejada, pelos alienados PeTralhas, da ‘Declaração Conjunta de Irã, Turquia e Brasil’.
O Lula fez o PAC do Irã
Aparência em Vez de Realidade
Por Arnaldo Jabor
“Lulla era um ídolo. Lula era o Lullu do Ocidente. Todos os presidentes o adoravam. Aí os comunas do Itamaraty do P pensaram:
- Vamos usar o Lulla para contestar a América e a Europa.
E resolveram, quem é o país mais sinistro do mundo, - é o Irã, que nega o Holocausto, massacra dissidentes, e nos considera cães infiéis, logo, é com eles que vamos nos aliar, vamos mostrar que nossa gente bronzeada tem o seu valor.
Aí o Ahmadinejad e os aiatolás viram aqueles oferecidos e pensaram:
- Esse Lulla é o queridinho do Ocidente, está em ‘Lua de Mel’ consigo mesmo, vamos usá-lo para ganhar tempo e enrolar a ONU, a gente dá um pouco de urânio para a Turquia e faz a bomba atômica, na moita, aqui mesmo.
- Ah! Obrigado Alá, pelo Lulla!
Aí Marco Aurélio Garcia organizou a festa, os docinhos, as empadinhas e pronto. Vimos a cena mais patética das arábias ‘Lula fazendo O PAC do Irã’, isso igual ao PAC, a aparência ao invés da realidade, a mídia em vez do fato.
Só que americanos e europeus não são bobos como nós, sacaram que era uma ilusão e ignoraram o show e Lulla deixou de ser ‘O Cara’ de Obama.
Caiu de ‘Lady Gaga’ para inocente útil do ‘Ahmadinejad’. Que vergonha!
Quem usou Lulla foi aquele ditador sangrento é isso.
Sempre que o Marco Aurélio Garcia, top, top, top, toca o bumbo, o Lulla dança”. (Arnaldo Jabor)
Declaração Conjunta de Irã, Turquia e Brasil - 17 de maio de 2.010
Apesar da pantomima criada, em torno da Declaração, ela não conseguiu, absolutamente, eliminar as preocupações das potências ocidentais sobre o programa nuclear iraniano que acusam de estar tentando desenvolver, secretamente, armamentos nucleares. Os Estados Unidos afirmaram que a assinatura do acordo não interromperá nem desacelerará sua pressão por sanções mais duras contra o governo de Teerã. Manifestaram, ainda, sua preocupação com a declaração das lideranças iranianas de que o acordo não impediria o país de continuar enriquecendo urânio em seu território.
Vamos reproduzir alguns tópicos da ‘importante’ Declaração que estabelece a troca de urânio levemente enriquecido (SEU - Slightly Enriched Uranium) do Irã por combustível nuclear enriquecido no exterior e que depende, definitivamente, da posição do ‘Grupo de Viena’.
“Tendo-se reunido em Teerã em 17 de maio, os mandatários abaixo assinados acordaram a seguinte Declaração: (...)
5. (...), a República Islâmica do Irã aceita enviar um estoque de 1.200 kg de urânio levemente enriquecido à Turquia. Enquanto estiver na Turquia, este urânio permanecerá como propriedade do Irã. O Irã e a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) poderão acionar observadores para monitorar as condições de segurança deste estoque.
6. Irã informará a AIEA por escrito, por canais oficiais, a respeito deste acordo em sete dias após a data desta declaração. Após uma resposta positiva do grupo de Viena (Estados Unidos, Rússia, França, AIEA), os detalhes da troca de combustível serão objeto de um acordo escrito e arranjos apropriados entre o Irã e o grupo de Viena, comprometido especificamente a fornecer os 120 quilos do combustível necessários para o reator de pesquisas de Teerã (TRR).
7. Quando o grupo de Viena declarar seu comprometimento com as condições e pontos desta declaração, ambas as partes se comprometerão com a implementação do acordo mencionado. O Irã expressou estar preparado, em acordo com a declaração, para enviar seu urânio pouco enriquecido em um mês.
8. Se as condições desta declaração não forem respeitadas, a Turquia, a pedido do Irã, se compromete a devolver sem condições e rapidamente o urânio levemente enriquecido ao Irã.
9. A Turquia e o Brasil recebem favoravelmente a disposição da República Islâmica do Irã em manter as negociações com os países do grupo 5+1 (Estados Unidos, Rússia, China, França, Reino Unido e Alemanha) em qualquer lugar, incluindo Turquia e Brasil, a propósito das preocupações comuns.
10. Turquia e o Brasil apreciam o compromisso do Irã com o TNP e seu papel construtivo em buscar a concretização dos direitos nucleares de seus Estados membros. A Republica Islâmica do Irã, por sua vez, aprecia os esforços construtivos dos países amigos, Turquia e Brasil, em criar um ambiente condutor para a realização dos direitos nucleares do Irã”.
Política Externa
“Já vivi épocas de cores mais vivas. O pré-64 era vermelho, não só pelas bandeiras do socialismo, mas pelo sangue vivo que nos animava a construir um País, romanticamente. Era ilusão? Era. Mas tinha gosto de vida. A minha esquerda já foi sincera. Hoje é esta trama-pelega”. (Arnaldo Jabor)
A caótica ‘diplomacia’ brasileira continua na sua tentativa de ocupar, a qualquer custo, um maior espaço no cenário mundial mesmo que tenha de usar, para isso, armas que acabem por abrir as portas de uma ‘Nova Desordem Mundial’. Os ‘arquitetos’ do Itamaraty sonham com a ocupação de um assento ‘permanente’ no Conselho de Segurança da ONU, a chefia do Banco Mundial e a Secretária-Geral da ONU.
Parece que a sucessão de erros e fracassos de nossos diplomatas não diminui suas ambições. Não bastasse termos aceitado, submissos, a invasão de nossas refinarias na Bolívia, a indecorosa proposta de renegociação do Acordo de Itaipu, com o Paraguai, a incompetência no trato da Sucessão Hondurenha, o perdão da dívida que alguns países têm para com o Brasil (mais de US$ 400 milhões) enquanto aqui o magnânimo governo afirma não ter recursos para conceder aumento aos aposentados...
O ‘bom amigo’ Lulla
Mahmoud Ahmadinejad depois de chamar Lulla de “bom amigo” e “irmão”, afirmou que o: “Brasil e Irã compartilham valores morais. Somos contra a discriminação, o preconceito, a agressão, a tirania”. Enquanto Lulla sorria emocionado com as palavras afetivas do “bom amigo” os dissidentes iranianos continuavam sendo presos, torturados, enforcados, as minorias religiosas perseguidas e os direitos das mulheres iranianas regrediam ao século treze.
O que se poderia esperar de um despreparado presidente que segurando, amigavelmente, o braço do presidente russo Medvedev afirmou que passou “grande parte da sua juventude sendo contra a invasão da Rússia no Afeganistão” e que relatou, entusiasmado, que havia desenhado um Plano de Paz para Oriente Médio, que contemplava o Afeganistão! E concluiu a reunião, dando prosseguimento aos seus devaneios, lendo um artigo do ministro da Agricultura afegão dizendo que “a paz no Afeganistão chama-se Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária)” porque “no dia que existir uma empresa agrícola como esta, que produza alimentos para aquele povo, haverá paz no Afeganistão” e complementou que por isso estava mandando os técnicos brasileiros para lá.
A ironia do presidente Obama, ao se referir a Lulla, declarando: “Esse é o Cara!” Finalmente, é escancarada. Os Estados Unidos e os demais membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU mostraram a Lulla e a seus diplomatas trapalhões que poderiam incluir sua ‘aplaudida Declaração’ à sua extraordinária coleção de trapalhadas.
Coronel de Engenharia Hiram Reis e Silva
Professor do Colégio Militar de Porto Alegre (CMPA)
Site: http://www.amazoniaenossaselva.com.br
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