segunda-feira, 31 de maio de 2010

O MAIS NOVO FILHO DE IVAIPORÃ

O presidente da Coamo, engenheiro agrônomo José Aroldo Gallassini, recebeu na noite de 28 de maio de 2010 o título de Cidadão Honorário de Ivaiporã, na região do Vale do Ivaí. O título foi entregue em sessão legislativa com presença de cooperados, lideranças locais e da região de Campo Mourão, e também do secretário de Estado da Agricultura e Abastecimento, Erikson Camargo Chandoha, que representou ma cerimônia o governador Orlando Pessuti.
O reconhecimento ao líder cooperativista foi resultado da proposição do vereador Sadi Marcondes Mendes, aprovada por unanimidade pelos colegas vereadores. “A homenagem é justa e merecida pelos trabalhos que ele realizou e continua realizando para o progresso do homem do campo e do nosso município. Lembro muito bem da luta que foi para a chegada da Coamo, que graças a Deus, a sensibilidade e visão da diretoria foi transformada em realidade. Antes da Coamo tínhamos uma agricultura e depois, uma outra, muito melhor. Como agricultor sei da importância da Coamo para nós”, aponta o vereador Marcondes.
Para o prefeito do Município de Ivaiporã, Cyro Fernandes Correia Júnior, para que a Coamo chegasse aonde está teve um grande processo e contou com a participação de muitos homens e mulheres. “Porém, um homem foi mais importante nesse processo. Um homem, Aroldo Gallassini teve muitos desafios e olhando para o futuro idealizou a cooperativa que hoje é a maior da America Latina. Merecidamente, ele se torna um ivaiporaense”, afirma. Ele ressaltou que as ações da Coamo em Ivaiporã tem garantido aos agricultores o acompanhamento as novas tecnologias e conquista de boas produtividades nas suas lavouras.

O secretário de Estado da Agricultura e Abastecimento (Seab) Erikson Camargo Chandoha destacou a história do homenageado que começou no trabalho na Acarpa, hoje Emater. “Tenho acompanhado de perto o trabalho e dinamismo do Gallassini a frente da Coamo, ele é um exemplo e motivo de orgulho para todos nós paranaenses. Recententemente, tivemos a felicidade de entregar a este líder do cooperativismo o título de ´Personalidade Extensionista´, nos 54 anos da Emater, e hoje participar desta importante honraria”, considera. O mais novo filho de Ivaiporã ao receber o título de Cidadania Honorária disse da sensação de vitória após tantas lutas empreendidas para ver implantado a Coamo no município.
A relação do homenageado com Ivaiporã remonta ao ano de 1971, quando foi promovido a Chefe Regional da Acarpa, hoje Emater, cuja extensão territorial abrangia uma vasta região compreendida entre os municípios de Ivaiporã à Ubiratã. “Nesta condição fiquei por um período muito curto, pois que já havíamos fundado a Coamo em novembro de 1970, razão pela qual logo tive que desligar-me daquela autarquia.” Ele destaca a importância e potencialidades de Ivaiporã no cenário estadual. “É um município com cooperativismo dinâmico, forte e responsável na busca constante do desenvolvimento sócio-econômico dos nossos produtores rurais. Tem se despontado no cenário político e econômico do Estado do Paraná. Estou extremamente orgulhoso e honrado em receber por parte desta comunidade este título de Cidadão Honorário”, comemora.
Do

BRASIL, O PAÍS QUE NÃO SABE VOTAR

Pela LEI, o brasileiro(a) tinha que se tornar eleitor, após os 18 anos. Aliás, essa era a LEI vigente, antes dos políticos descobrirem o “filão de ouro” dos votos dos adolescentes com 16 anos. Para que fosse um exercício de CIDADANIA RESPONSÁVEL, não deveria ser obrigatório nem na maioridade. Na realidade, O VOTO deveria ser uma escolha livre, espontânea e, principalmente CONSCIENTE. Não um DEVER IMPOSTO.

Por que – o aparentemente – ATO MÁXIMO de CIDADANIA é tão corrupto e irresponsável? A classe política NUNCA se preocupou em esclarecer ao eleitor, que seu VOTO é fundamental tanto na escolha para deputado estadual, federal, senador, como também para presidente, governador e prefeito... Hoje se pode dizer, sem medo de pré julgar, que a maioria dos deputados – estaduais ou federais – não estão interessados em representar os REAIS INTERESSES do povo. Para ser indulgente, digo que PARTE deles, negociam seu passe de acordo com a necessidade mais premente das comunidades das periferias, ou a ambição das classes mais favorecidas. O povão, troca seu voto por promessas ou favores imediatos. A outra parte, por “tamboretes” em gabinetes de políticos para satisfazerem seus egos.Principalmente desde a abertura da Caixa de Pandora, nas duas Casas do Legislativo, é difícil garantir a idoneidade moral de QUALQUER candidato, seja qual for seu partido. Com a INDECENTE impunidade dos implicados, a moralidade da maioria dos políticos, se já era passível de críticas, hoje vota-se para não ser punido. Para moralizar um pouco a SAÚDE DA POLÍTICA NACIONAL, seria necessário fortalecer os partidos de maior representatividade e, extinguir os que pretendem ser apenas uma SIGLA. Se a classe política fosse SÉRIA, seria um benefício para o país e, a própria classe.Aliás, verdade seja dita, não se pode julgar SÓ o ELEITO. O ELEITOR, foi ensinado a não vender barato seu voto. Há muito tempo está acostumado antecipar o voto, depois de muitos favores, aspirações ou necessidades já atendidas ou garantidas.Mas, continua sendo do maior interesse de TODA a classe política – em qualquer hipótese levantada – que o POVO continue IGNORANTE e dependente do MAU COSTUME de garantir a ESMOLA no momento do SEU interesse. Do contrário, os políticos correriam O RISCO de O POVO descobrir o REAL VALOR DO VOTO, o VERDADEIRO CAMINHO PARA A DEMOCRACIA SEM ADJETIVOS, e poderiam correr o risco de perder a rendosa porfia.
Tivéssemos uma classe eleitoral HONESTA, talvez pudéssemos até pensar, ser mais difícil, termos uma classe de Excelências que mais mereceriam uma cela, a um gabinete com tamboretes mil, para serem distribuídos conforme o interesse do momento.

(imagens da Internet)

Glacy Cassou Domingues – Grupo Guararapes.
Fonte: http://www.fortalweb.com.br/grupoguararapes/msg.asp?msg=917


VOCÊ SABE O QUE É CIDADANIA?

A história da cidadania confunde-se em muito com a história das lutas pelos direitos humanos.
A cidadania esteve e está em permanente construção; é um referencial de conquista da humanidade, através daqueles que sempre lutam por mais direitos, maior liberdade, melhores garantias individuais e coletivas, e não se conformam frente às dominações arrogantes, seja do próprio Estado ou de outras instituições ou pessoas que não desistem de privilégios, de opressão e de injustiças contra uma maioria desassistida e que não se consegue fazer ouvir, exatamente por que se lhe nega a cidadania plena cuja conquista, ainda que tardia, não será obstada.
Ser cidadão é ter consciência de que é sujeito de direitos. Direitos à vida, à liberdade, à propriedade, à igualdade, enfim, direitos civis, políticos e sociais. Mas este é um dos lados da moeda. Cidadania pressupõe também deveres.
O cidadão tem de ser cônscio das suas responsabilidades enquanto parte integrante de um grande e complexo organismo que é a coletividade, a nação, o Estado, para cujo bom funcionamento todos têm de dar sua parcela de contribuição.
Somente assim se chega ao objetivo final, coletivo: a justiça em seu sentido mais amplo, ou seja, o bem comum.

A cidadania expressa um conjunto de direitos que dá à pessoa a possibilidade de participar ativamente da vida e do governo de seu povo. Quem não tem cidadania está marginalizado ou excluído da vida social e da tomada de decisões, ficando numa posição de inferioridade dentro do grupo social”

DALLARI, D.A.
Direitos Humanos e Cidadania. São Paulo: Moderna, 1998. p.14

APONTAR PARA QUEM?

Nas Entrelinhas - Alon Feuerwerker-Correio Braziliense - 31/05/2010


Na América do Sul temos a vantagem de não haver até o momento situações como a do Irã ou a da Coreia. Se alguma nação daqui evoluísse para o produção da bomba, atrairia imediatamente os Estados Unidos de maneira ainda mais decisiva do que hoje

A presença brasileira no imbróglio alavancou o noticiário aqui sobre a crise em torno do projeto nuclear iraniano. Menos badalada, outra confusão forma-se no Extremo Oriente, entre as duas Coreias. A do Sul acusa a do Norte de ter afundado um navio militar.

As Coreias estão tecnicamente em estado de beligerância desde o conflito dos anos 1950. Ele acabou num armistício, mas nunca chegou a haver acordo de paz.

Por que há duas Coreias? O arranjo vem do fim da Segunda Guerra Mundial. Entre os entendimentos das grandes potências, um previa que derrotada a Alemanha Nazista a União Soviética entraria efetivamente em guerra contra o Japão. E a península coreana seria compartilhada por americanos e soviéticos.

A cristalização da Guerra Fria transformou a península em zona de grande tensão e criou uma divisão nacional que o Norte, governado pelo Partido Comunista, jamais aceitou. E o Norte tentou resolver o assunto à força, invadindo o Sul. Quase conseguiu. Ocupou praticamente todo o vizinho.

No pedaço de chão que sobrou, tropas americanas e outras, sob a bandeira da ONU. desembarcaram e empurraram os norte-coreanos para bem além da separação original. Os militares dos Estados Unidos chegaram à fronteira com a China, ameaçando unificar a península sob a batuta do Sul.

Mas aí os chineses, já governados por Mao Tsé-Tung, não acharam graça e entraram na guerra, empurrando os americanos para os limites de 1950. Aí o conflito parou. Morreram uns 800 mil do lado aliado e 1,5 milhão do lado sino-norte-coreano. Para que tudo ficasse como estava antes de a bagunça estourar.

A divisão das Coreias sobreviveu ao fim da Guerra Fria, também porque a existência do Norte é um vetor de equilíbrio regional entre chineses e americanos. E porque o Norte investe maciçamente em força militar como elemento estabilizador do status quo. E do poder dominante ali.

Paradoxal é que a militarização do Norte e a ameaça permanente de conflito acabam consolidando a presença americana. É mais ou menos o que acontece no Oriente Médio, onde a potencial nuclearização do Irã abre caminho para reforçar estrategicamente o papel da Casa Branca.

Já escrevi que nunca antes o movimento nacional palestino esteve tão limitado às opções políticas de Washington. E a escalada da presença americana no levante será a resposta “natural” à persistência de um Irã ameaçador para os aliados dos Estados Unidos. Fala-se de Israel, mas este tem mais meios do que os vizinhos árabes para defender-se dos iranianos.

Um cenário de paz duradoura no Extremo Oriente e no Oriente Médio levaria à integração econômica de cada região e à redução da necessidade de alinhamentos — ou de intervenção externa. Mas não é o que se delineia.

Na Coreia do Norte e no Irã, a militarização e o fechamento político parecem ser a resposta de grupos voltados unicamente a manter-se no poder, incapazes de proporcionar bem-estar a seus povos ou de sobreviver num ambiente de democracia. E toda ação traz junto reação.

Na América do Sul temos a vantagem de não haver até o momento situações como a do Irã ou a da Coreia, do contrário haveria obstáculos intransponíveis à integração regional.

Eis uma variável que os apologistas da bomba brasileira deveriam levar em consideração: como nas duas regiões citadas, se alguma nação daqui evoluísse para o produção da bomba atrairia imediatamente para cá os Estados Unidos de maneira decisiva. Ainda mais decisiva do que hoje.

Numa América do Sul democrática, pluralista e completamente livre das armas de destruição em massa a liderança brasileira é natural, pelo peso específico em território, população e economia. Numa outra situação, não seria.

Ficaríamos os sulamericanos mais parecidos com as áreas atuais de conflito. Aliás, ainda sobre este assunto, todo mundo que busca armas nucleares é para apontá-las em direção a alguém. Com objetivos expansionistas ou dissuasórios.

E nós, apontaríamos nossos mísseis nucleares para quem?

A GUERRA DOS MUNDOS

Ricardo Noblat-Autor(es): Agência O Globo-O Globo - 31/05/2010


“As pessoas não querem o pós-Lula, querem que o Lula continue” (Rubens Figueiredo, cientista político, na Globonews)

Somos campeões mundiais em número de horas destinadas a navegar na internet. O Twitter, entre nós, é um fenômeno, como foi o Orkut. Estudiosos estrangeiros se espantam com o elevado número de comentários postados em sites e blogs daqui. A sociabilidade do brasileiro é real e virtual. A rede, assim, poderá servir para que votemos melhor.

Certo? Não necessariamente.

Até desconfio que não.

Grande parte das pessoas que escrevem ou comentam o que é postado na rede manifesta seu inconformismo com o comportamento dos tradicionais meios de comunicação — jornais, emissoras de rádio e de televisão.

Principalmente em ano eleitoral.

É bom lembrar que há eleições a cada dois anos. O inconformismo, assim, seria permanente. E cresce veloz.

Dá-se cada vez mais como verdade absoluta na web que nós, jornalistas, manipulamos os fatos para que sirvam aos interesses mesquinhos e inconfessáveis de nossos patrões — esses, por sua vez, aliados incondicionais de poderosos grupos econômicos que exploram o país e o povo. A crise que atinge os jornais por toda parte é apresentada como sinal irrecusável da falta de confiança popular no seu conteúdo.

Ora, a crise dos jornais tem várias causas. E a verdade, na maioria das vezes, costuma estar no meio. Mas não é disso que quero tratar. Como titular de um blog há seis anos e refém de um computador durante dez a 12 horas por dia de domingo a domingo, digo sem medo de errar que se reproduzem na web, sobretudo em espaços reservados ao jornalismo, os mesmos defeitos apontados nos veículos convencionais de comunicação.

Vou além: de fato, tais defeitos se agravam ali com frequência.

Porque o mais acessado meio de comunicação do planeta é um território sem leis e sem códigos de ética (o ministro Carlos Ayres Britto, do Supremo Tribunal Federal, considera a internet o último refúgio de liberdade do homem). E também porque o anonimato é permitido. Ah, quantos crimes cruéis não são cometidos a cada segundo na rede devido ao anonimato.

E ouse falar contra o anonimato.

Você será acusado de pugnar contra a livre manifestação de pensamento e correrá o risco de se tornar alvo de uma campanha difamatória.

Ouse sugerir algum tipo de regulamento que discipline o que pode ser postado. Ou pelo menos o que não deve. Com toda a certeza você será execrado como o mais vil dos inimigos do direito universal ao livre acesso à informação e à opinião.

Fira injustamente a imagem de alguém ou de alguma instituição no jornal, televisão ou rádio. O atingido apelará para a Justiça. E você será julgado. Na internet, não. Porque se você conseguir identificar quem o ofendeu e decidir processálo haverá quem se encarregue de clonar a ofensa e de disseminá-la rede adentro.

Para cada anônimo identificado e processado surgirão milhares dispostos a encampar a ofensa.

A internet servirá nas eleições para que candidatos e partidos tentem, legitimamente, atrair apoios e votos por meio de mensagens e debates. Esse será, digamos, o lado sadio do uso da rede. Mas ela servirá também para a sistemática e organizada tentativa de se destruir reputações e espalhar rumores e mentiras.

Não duvide: acabará prevalecendo o lado negativo do uso da rede.

Sob a proteção do anonimato ou da falsa identidade, e com a ajuda de militantes voluntários ou pagos, partidos e candidatos já começaram a travar o jogo sujo na internet. Ao cabo do processo eleitoral, seria curioso comparar o grau de veracidade do que foi postado na rede com o grau de veracidade do que foi veiculado por jornais, emissoras de televisão e de rádio.

Mais do que curioso: poderia ser educativo.

O que alguns chamam de Partido da Imprensa Golpista tem seu equivalente no Partido da Internet Golpista. A sigla é a mesma — PIG. O mal que podem causar é o mesmo.

Com algumas diferenças: um está em declínio, o outro, em expansão. Um tem CNPJ, o outro, nem CPF.

PALÁCIO DO CATETE – MUSEU DA REPÚBLICA

Fátima Silva

Opulência é a palavra exata para definir os salões dos andares nobres do Palácio do Catete. Localizado no bairro de mesmo nome, na cidade do Rio de Janeiro, o prédio foi sede do poder republicano entre 1897 e 1960 e hoje abriga o Museu da República. Logo na entrada o portão, fundido na Alemanha, em 1864, é totalmente trabalhado em relevos delicados como em uma renda. A partir daí um suntuoso hall ladeado por seis colunas de mármore, conduzem à escadaria principal construída em módulos pré-fabricados de ferro fundido, e que só posso definir como uma orgia de estímulos visuais.


Salão Ministerial

Em claraboia, um magnífico vitral de origem alemã, composto por 288 peças, faz as honras do vão da escadaria que, por si só, já apresenta elementos de arte suficientes para surpreender a cada degrau que se sobe ou desce, com uma perspectiva única. Os querubins que se enroscam pelo corrimão da escada convidam a uma viagem singular pela lembrança de tempos memoráveis. Como vigias do Palácio os retratos dos presidentes que ali fizeram a história da república, ficam enfileirados nas duas paredes paralelas a escadaria no primeiro andar.

Pinturas, pisos, acabamentos, esculturas, lustres e vitrais se sucedem de forma tal, que não deixam tempo livre aos olhos, retratando fielmente a grandiosidade de dias de muita pompa e ostentação. A incrível variação de estilos na decoração de cada salão, dos dois primeiros andares, remonta a um tempo em que se valorizava a arte em toda a sua forma possível de expressão. Nenhum detalhe, desde as maçanetas e fechaduras das portas, até as molduras dos espelhos, ou a pintura dos tetos e paredes e a ornamentação dos móveis, é simples. O que poderia parecer caótico num primeiro momento, na verdade reflete a vontade de se criar ambientes majestosos, que se destacassem de acordo com a importância do prédio ou do proprietário.

O palacete foi construído por Antônio Clemente Pinto, português que veio para o Brasil aos 25 anos e que em pouco tempo, passou de protegido do Barão de Ubá a proprietário de quinze fazendas de café e dois mil escravos em Cantagalo, Nova Friburgo e São Fidélis, entre outros bens. Em 1854 Antônio tornou-se o barão de Nova Friburgo, título que recebeu do imperador por serviços prestados a região norte fluminense, entre eles, a construção da Estrada de Ferro Cantagalo, que unia suas fazendas, mas que agilizou o transporte do café da região para o Rio de Janeiro. Esse título faria com que o prédio ficasse conhecido como o Palácio de Nova Friburgo. Em 1858, o barão comprou a casa de número 159 e o terreno da Rua do Catete, assim como um terreno de fundos que chegava à praia do Flamengo. A construção do então Palácio de Nova Friburgo, um dos mais luxuosos da corte, iniciou-se em maio do mesmo ano, porém em 1860, o barão adquiriu as casas de número 161 e 163 visando, com isso, ampliar o jardim do Palácio. Somente em 1866 a família ocupou o palácio, com a obra ainda não concluída.


Vão: Escadaria

O Barão e a Baronesa faleceram respectivamente em 1869 e 1870, desfrutando muito pouco do palácio. Em 1890 o palácio foi vendido á Companhia Grande Hotel Internacional por herdeiros do barão. Com a falência desta, por ocasião do encilhamento, foi comprado por Francisco de Paula Mayrink, acionista da Companhia que lá morou por três meses. A partir de então ele só o usava nos fins de semana e chegou a construir um embarcadouro nos fundos do Palácio, nos limites com a praia do Flamengo. Passando por dificuldades financeiras vendeu o palácio ao governo em 1896, depois de um acordo com o Banco do Brasil na qual o imóvel estava hipotecado, por três mil contos de réis. Foi nesse mesmo ano que, no governo de Prudente de Moraes, foi decidida a transferência do Poder Executivo do Palácio do Itamaraty para o Palácio Novo Friburgo, que seria também a residência dos presidentes.

Mudanças internas e externas foram feitas para adaptar o edifício as suas novas funções. No segundo andar, no entanto, a reforma procurou preservar o aspecto original do palácio, acrescentando apenas, em alguns salões, as armas da República. Em 24 de fevereiro de 1897, aniversário da primeira constituição da República, o palácio passou a ser chamado de Palácio do Catete. Após a mudança da capital para Brasília, foi tomada a decisão de transformar o Palácio no Museu da República, incluindo-o na estrutura do Museu Nacional como Divisão de História da República, inaugurado em 15 de Novembro de 1960 com a presença do então presidente Juscelino Kubitschek.

O alemão Gustav Waehneldt assina o projeto de arquitetura italiana. A distribuição dos três pavimentos internos do Palácio reflete padrões renascentistas quando o pavimento térreo se destinava a acomodar os empregados e um salão de refeições voltado para o jardim. O segundo pavimento era destinado as grandes recepções e abrigava a capela para uso exclusivo da família, no último pavimento ficavam os dormitórios e outras áreas privadas. A cozinha, alojamentos para demais empregados e cavalariça ficavam em prédio anexo. No alto do prédio sete águias, ave que simbolizava o baronato de Nova Friburgo e que chegaram a torná-lo conhecido, também, como Palácio das Águias. A construção do palácio á beira da rua, coisa incomum as construções da época, se deve ao fato de que a baronesa queria sua vista para o movimento da rua e não para os jardins que ficaram ao fundo, chegando inclusive a dizer que “se fosse para ver só mato”, que não teria saído da fazenda de café.

A decoração tem móveis e lustres franceses que obedecem à temática de cada salão. Esses recebem nomes como salão Pompeano, Veneziano, Mourisco e são tão distintos entre si como os objetos que os compõe. Por todas as paredes, piso e tetos detalhes, entalhes, pinturas se alternam com esculturas várias, criando um efeito digno dos mais suntuosos filmes épicos. As pinturas rivalizam com os cristais dos lustres que pendem majestosos do teto e os espelhos duplicam as imagens dos móveis antigos e peças de decoração que parecem nunca ter saído dali. Uma escada um tanto sombria, levando-se em consideração o restante dos cômodos, conduz ao terceiro andar onde se tem uma reconstituição do quarto onde Getúlio Vargas suicidou-se e do gabinete do Presidente Prudente de Moraes, além da exposição “Cronologia da República”.

Na verdade a vontade que se tem, num primeiro momento, é deitar-se no chão e passear o olhar pelos tetos, todos eles retratando cenas como Baco e Ariadne e Deuses do Olimpo e exibindo enormes lustres e detalhes primorosos por toda sua volta. Como uma criança impaciente, várias vezes vi minha mão tencionando tocar alguma peça, acariciar algum detalhe, examinar a textura de uma pintura pequena, sutilmente adornando um espelho quase do tamanho da parede, tão delicados são os detalhes que aguçam a imaginação.


Quarto de Getúlio Vargas

Os jardins refrescam olhos e alma após a visita. Lagos, pontes, grutas, chafarizes e esculturas de ninfas fazem um conjunto digno de nota com os cisnes brancos e o sol da manhã. Por toda a extensão dos jardins pessoas se espalham em várias formas possíveis de lazer e cultura. Alguns jovens ensaiam numa orquestra perto do chafariz, um grupo da terceira idade se junta em uma roda e fazem uma seresta pontuada de saudosismo e emocionadas interpretações, acompanhados por violões e cavaquinhos. Grupos teatrais levam peças infantis ou contam histórias para pequenos espectadores ansiosos. Alguns lêem, outros se sentam à sombra das árvores apenas observando, muitos fotografam e todos, numa impressionante comunhão de cores, estilos, arte e formas de lazer parecem compor um quadro tão extraordinário quanto o que se descortina dentro do palácio.

domingo, 30 de maio de 2010

LULA, POR QUE NÃO TE CALAS?

Depoimento de um médico de Limeira

No último dia 25 de março o presidente Lula esteve em Tatuí, e lá fez a entrega simbólica de 650 ambulâncias para 573 municípios brasileiros. A cerimônia foi essencialmente política, pois os veículos são destinados ao SAMU, ou seja, os serviços de atendimento médico de urgência.
Acontece que a maior parte dos municípios contemplados não tem este serviço implantado, e nem mesmo tem verba prevista em seus orçamentos. Custa caro montar toda esta estrutura. As ambulâncias são a parte visível do negócio, mas é necessário aparelhá-las com equipamentos de UTI, de pessoal de apoio bem treinado, de médicos especializados principalmente. E isto tem que funcionar 24 horas por dia, pois emergência não tem hora.
Ou seja, ou a maioria das ambulâncias vai ter outro destino, ou vão virar sucata logo.
Como costuma fazer, o presidente Lula faz seus “discursos” de improviso, que sempre buscam contentar a platéia presente, e exagera nas frases feitas e cheias de pompa sobre os mais variados temas. Diga-se de passagem, normalmente o presidente não sabe nada sobre o que está falando, e suas gafes já são sobejamente conhecidas e divulgadas mundo afora. Nesta cerimônia em Tatuí, o presidente Lula foi extremamente infeliz com algumas de suas colocações.
Segundo o presidente da Associação Médica Brasileira, Lula teve “outro rompante de incontinência verbal”. Mais uma vez, culpou os médicos para os problemas de saúde que o Brasil enfrenta há décadas. Disse que a classe médica não se interessa em atender o interior, “pois é muito fácil ser médico na Avenida Paulista”, segundo suas palavras.
Depois, mandou um recado ao Conselho Federal de Medicina, por este ser contra a revalidação automática dos diplomas dos médicos formados em Cuba. E ainda criticou aqueles que são contra a volta de um imposto para melhorar a saúde.
E por fim, ainda criticou o médico que no passado cuidou dele próprio, ao sofrer o acidente de “trabalho” que lhe amputou o dedo. Ou seja, versou sobre tudo o que finge saber.
Como em todos os “discursos”, Lula fala o que lhe dá na telha, e nem se preocupa mais em ter coerência. Deve acreditar que somos todos burros, pois quanto mais fala, mais sua popularidade “aumenta”, segundo as informações “oficiais”. Mas para os que ainda tem paciência de ouví-lo, basta acompanhá-lo por algumas semanas. A opinião ora é uma, ora é outra. Depende da platéia. Como estamos numa democracia, livre “como nunca se viu na história deste país”, também tenho o direito de opinar.
O que o senhor presidente não disse (ou não sabe) é que é impossível à imensa maioria dos médicos montar um consultório na Avenida Paulista, um dos locais mais caros do país, principalmente se trabalhar no serviço público, onde recebe um salário de fome, não tem um plano de carreira decente e não encontra condições dignas de trabalho. Aparelhos defasados, funcionários insuficientes para o apoio (enfermagem, técnicos diversos), filas para marcação de exames, falhas em tratamento de doenças básicas. Se em São Paulo , que é a locomotiva da nação, é assim, o que dizer do restante do país? Há dezenas de crianças morrendo em pseudo-UTIs em hospitais públicos por aí. A sigla deveria ser Última Tentativa Inútil e não unidade de terapia intensiva. Intensivas são só as mortes nestes nosocômios.
Não disse o presidente (ou não sabe) que médico nenhum consegue trabalhar no interior sozinho. A não ser que seja para distribuir “vale-saúde”, a exemplo dos inúmeros outros que ele criou. Pois tratar e cuidar de alguém sem apoio, sem retaguarda e sem condições, só na cabeça dele.
Quanto aos médicos de Cuba, formados em uma realidade totalmente diferente da nossa, eles podem sim trabalhar no Brasil. Como qualquer outro, formado em qualquer lugar do mundo, que se submeta às avaliações necessárias e sejam aprovados. Desde que saibam Medicina. E o Conselho Federal de Medicina, autarquia federal, é o órgão definido por lei para avaliá-los. O que o senhor presidente quis dizer (mas não teve coragem) é que quer fazer um agrado ao moribundo amigo Fidel, valorizando escolas falidas e que pregam uma falsa “medicina social”.
Faltou falar sobre o assunto referente ao médico que o atendeu quando sofreu seu acidente de “trabalho”. Talvez seu dedo pudesse ser salvo, senhor presidente, se existisse na ocasião um atendimento decente em posto de saúde, unidades de emergência bem aparelhadas, um profissional médico bem preparado, com boa formação. Isso se o “SUS” da época funcionasse. Isso se um médico que atende “SUS” ganhasse um honorário, e não uns trocos.
Pois a CPMF, que geraria verba destinada ao “SUS” do seu governo, virou dinheiro nas meias, cuecas e malas pretas na sua gestão. E até hoje o “SUS” não funciona de forma decente!
E o senhor ainda quer recriar mais um imposto, para continuar alimentando as falcatruas? Senhor presidente, com o perdão da palavra, estou com o “saco cheio” do senhor e de seus “discursos”.
Se o senhor sofresse um novo acidente de “trabalho” e fosse eu o médico que lhe atendesse, cortaria-lhe a língua, e não o dedo.
E faria um bem ao país, pois cada vez que o senhor abre a boca, não causa um acidente. Causa um desastre.
Luiz Ricardo Menezes Bastos, médico,
presidente da Associação Paulista de Medicina, Regional de Limeira.

fonte: blog do horaciocb

COMO DEIXAR A CASA MAIS QUENTINHA PARA O INVERNO


O inverno é a estação que as pessoas inventam qualquer desculpa para ficar em casa embaixo do edredom. Essa é uma grande hora para mudar a decoração da sua casa, tornando-a mais aconchegante e quentinha. Algumas sugestões requerem pouco investimento e são de fácil implantação. Uma delas é a colocação de tecidos ou papéis de parede nas paredes maiores da casa. Existem milhares de cores, texturas e estampas para combinar com a sua casa. Opte pelos tons berinjela, vermelho queimado, azul marinho, marrom e cinza escuro, que são cores que proporcionam uma sensação que aconchego e bem-estar no inverno.

Reprodução


As mantas de tecido também são elementos bacanas para compor um ambiente no inverno. Elas são fabricadas de diferentes materiais como lã, tricô e algodão e fica um charme quando colocadas no pé de uma cama, ou no encosto do sofá.

Use e abuse dos tapetes, eles caem bem em todas as estações e evitam que as pessoas pisem no chão gelado. Investir em almofadas também é uma dica bacana, de preferência com estampas diferentes, que dão um charme especial para o ambiente.

Reprodução


Outra opção, mas com preços mais elevados e maior dificuldade de colocação são os painéis de madeira. A madeira é um material que tem o poder de segurar o calor, mantendo os ambientes mais quentinhos e aconchegantes, além de ser um material nobre, chique e que com certeza dará uma cara mais nobre a sua casa.

No inverno, o importante é sentir-se a vontade em casa, portanto, mude, troque, decore e seja feliz!

*Por Vanessa Trad, arquiteta (www.vanessatrad.com.br) fonte: Bonde

O BRASIL SUBJUGADO

Por Paulo Pavesi | 11:47
Nunca antes na história deste país, tantos brasileiros foram subjugados por um presidente da república. Estão todos de joelhos. Estão todos subjugados. Nunca antes na história deste país, um presidente conseguiu desrespeitar tanto as leis e deixar claro o desprezo que tem por elas, sem que nada lhe acontecesse. Lula passou dos limites já há muito tempo. E parece que sua capacidade de subjugar o brasileiro não tem fim. Há alguns anos venho escrevendo aqui que Lula é responsável direto pelo eextermínio de 50 mil brasileiros ao ano. Sem políticas de segurança, sem qualquer respeito as leis, todos os anos são mortos 50 mil brasileiros sem que ninguém tome qualquer providência. Todos os brasileiros estão subjugados.
Lula roubou os cofres públicos através de um cartão de crédito que o brasileiro não pode questionar. São milhões e milhões de reais sacados no cartão sem qualquer comprovação de gastos, cujo conhecimento do destino deste dinheiro pode ser prejudicial a "segurança nacional". Nenhum brasileiro teve a coragem de questionar isso de alguma forma. Nenhuma manifestação foi feita até hoje. A oposição se limita a dizer o que todos nos sabemos: "é um absurdo!".
Eu nao preciso relacionar tudo o que Lula fez, pois tudo ja está tão esfregado na cara dos brasileiros que tenho certeza que todos conhecem o gosto, o cheiro e o som.
Ultimamente, o presidente tem demonstrado que a lei eleitoral nao tem qualquer importância. Ele ja foi condenado 5 vezes por fazer campanha ilegal e não está preocupado com isso. Afinal, o brasileiro está subjugado. Lula pode tudo.
Agora vem a tona, o que eu também venho escrevendo aqui ha vários anos. Lula tem ligações com o narcotráfico. Lula está jogando a juventude brasileira para o mundo das drogas. Nao bastasse o brasileiro estar subjugado, Lula quer os filhos dos brasileiros subjugados a droga. O BNDES que deveria financiar estradas, saúde, educação, moradia emprego e segurança pública alem de outros benefícios sociais coletivos, financiou com o dinheiro dos subjugados a estrada na Bolivia que permite levar a cocaina com mais facilidade ao Brasil. Tudo planejado por Lula, para "ajudar" Evo Morales, com o dinheiro que os subjugados pagam. O BNDES também financiou o metrô na Venezuela. O Brasil está financiando o IRA. Tudo com o dinheiro dos subjugados. Não bastasse, para mostrar que o brasileiro está subjugado, Lula faz questão de se deixar retratar com Evo Morales, evidenciando uma parceria de sucesso: O rei da Coca, e o rei dos subjugados.
Sao 195 milhões de brasileiros. Em paises bem menores, por bem menos, o povo vai para rua e quebra tudo.
O exercito brasileiro está subjugado. O congresso nacional que tem poderes para acabar com essa bandalheira esta subjugado, aliás, muito bem pago para estar assim. O supremo tribunal federal, o senado, o Ministério Público Federal, Polícia Federal, juizes - Todos estão subjugados. Todos tem medo de Lula. Todos estão com os rabos entre as pernas.
A OAB está subjugada. Assistem tudo sem tomar qualquer providência.
E agora, Jose Serra, aproveita o fato para atrair a atenção dos subjugados. Há 8 anos Lula vem fazendo o que quer do Brasil e José Serra (que deveria ser a oposição) passou todo este tempo calado. O PSDB sabe há 8 anos que Lula está subjugando o brasileiro, desprezando leis, roubando os cofres públicos e destruindo a nação, e nada fez. O PSDB que deveria ter ido para as ruas, convocado a base (como dizem os petistas), ficou 8 anos protegendo Lula.
Quem não se lembra quando FHC disse que o impeachment não deveria ameaçar Lula?
O senador Artur Virgilio do PSDB sumiu! Quando veio a tona a podridão do senado, descobriram que o senador também se beneficiava em pequenas doses do dinheiro distribuido aos senadores. Virgilio agora não
fala mais.
Ao contrário do que se pensa, o mensalão não acabou. Ao contrário. Ele foi ampliado. Agora o mensalão abastece ONGs, imprensa, tribunais, e tudo o que for necessário ou obstáculo.
Muitos brasileiros que diziam que o bolsa família era assistencialismo, agora vibram quando José Serra diz que ira ampliá-lo.
O brasileiro está de quatro, subjugado e incapaz de dar um basta. O Brasil esta a mercê de traficantes de drogas e terroristas com o apoio do governo federal e entre os 195 milhões de brasileiros, não existem 10 brasileiros capazes de mudar isso. Todos estão subjugados.
José Serra está dizendo que ao assumir vai cuidar do problema das drogas. Agora? Onde estava José Serra nestes 8 anos? Quantos brasileiros morreram em decorrência da violência causada pelas drogas sem que José Serra nao fizesse ou falasse nada, mesmo sabendo de tudo o que acontece em Brasilia?
Ou será que só nós blogueiros conseguimos enxergar tudo a distância?
José Serra é outro Lula. Está aproveitando que o brasileiro está subjugado para dizer que fará algo que ja deveria ter feito há muito tempo. O PSDB teve e tem poderes suficientes para impedir tudo o que aconteceu, e não fez nada. Apenas se beneficiou de tudo isso.
O mensalão mineiro, quem não se lembra?
Mas para os subjugados, mensalão tem cor. Se for vermelho não presta. Se for verde e amarelo tudo bem.
Este é o nivel mais baixo que um povo pode atingir. Financiar o tráfico de drogas e a corrupção e ter esperança que José Serra seja a saida.
ENQUANTO ISSO
Vamos vivendo num País sucateado

Brasil se torna o principal destino de agrotóxicos banidos no exterior

Lígia Formenti - O Estado de S.Paulo-30 de maio de 2010 | 0h 00

Campeão mundial de uso de agrotóxicos, o Brasil se tornou nos últimos anos o principal destino de produtos banidos em outros países. Nas lavouras brasileiras são usados pelo menos dez produtos proscritos na União Europeia (UE), Estados Unidos e um deles até no Paraguai.

A informação é da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), com base em dados das Nações Unidas (ONU) e do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio.

Apesar de prevista na legislação, o governo não leva adiante com rapidez a reavaliação desses produtos, etapa indispensável para restringir o uso ou retirá-los do mercado. Desde que, em 2000, foi criado na Anvisa o sistema de avaliação, quatro substâncias foram banidas. Em 2008, nova lista de reavaliação foi feita, mas, por divergências no governo, pressões políticas e ações na Justiça, pouco se avançou.

Até agora, dos 14 produtos que deveriam ser submetidos à avaliação, só houve uma decisão: a cihexatina, empregada na citrocultura, será banida a partir de 2011. Até lá, seu uso é permitido só no Estado de São Paulo.

Da lista de 2008, três produtos aguardam análise de comissão tripartite - formada pelo Istituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama), Ministério da Agricultura (Mapa) e Anvisa - para serem proibidos: acefato, metamidofós e endossulfam. Um item, o triclorfom, teve o pedido de cancelamento feito pelo produtor. Outro produto, o fosmete, terá o registro mantido, mas mediante restrições e cuidados adicionais.

Enquanto as decisões são proteladas, o uso de agrotóxicos sob suspeita de afetar a saúde aumenta. Um exemplo é o endossulfam, associado a problemas endócrinos. Dados da Secretaria de Comércio Exterior mostram que o País importou 1,84 mil tonelada do produto em 2008. Ano passado, saltou para 2,37 mil t.

"Estamos consumindo o lixo que outras nações rejeitam", resume a coordenadora do Sistema Nacional de Informação Tóxico-Farmacológicas da Fundação Oswaldo Cruz, Rosany Bochner. Proibido na UE, China, Índia e no Paraguai, o metamidofós segue caminho semelhante.

O pesquisador da Fiocruz Marcelo Firpo lembra que esse padrão não é inédito. "Assistimos a fenômeno semelhante com o amianto. Com a redução do mercado internacional, os produtores aumentaram a pressão para aumentar as vendas no Brasil." As táticas usadas são várias. "Pagamos por isso um preço invisível, que é o aumento do custo na área de saúde", completa.

O coordenador-geral de Agrotóxicos e Afins do Mapa, Luís Rangel, admite que produtos banidos em outros países e candidatos à revisão no Brasil têm aumento anormal de consumo entre produtores daqui. Para tentar contê-lo, deve ser editada uma instrução normativa fixando teto para importação de agrotóxicos sob suspeita. O limite seria criado segundo a média de consumo dos últimos anos. Exceções seriam analisadas caso a caso.

A lentidão na apreciação da lista começou com ações na Justiça, movidas pelas empresas de agrotóxicos e pelo sindicato das indústrias. Em uma delas, foram incluídos documentos em que o próprio Mapa posicionou-se contrariamente à restrição. Só depois que liminares foram suspensas, em 2009, as análises continuaram.

Empresas. Representantes das indústrias criticam o formato da reavaliação. O setor diz não haver critérios para a escolha dos produtos incluídos na lista. E criticam a Anvisa por falta de transparência. Para as indústrias, o material da Anvisa não traz informações técnicas.

A Associação Nacional de Defesa Vegetal critica as listas de riscos ligados ao uso de produtos, muitas vezes baseadas em estudos feitos em laboratório. "Não há como fazer estudos de risco em população expressiva. A cada dia, mais países baseiam suas decisões em estudos feitos em laboratórios", rebate o gerente-geral de Toxicologia da Anvisa, Luiz Cláudio Meireles.

sábado, 29 de maio de 2010

A GRANDE PROSTITUTA

Leitura para curtir aos poucos durante o fim de semana.
Desvendando mais um "mito cultural" brasileiro.

por Janer Cristaldo
(Idealizado pela editora Cia. das Letras o seminário Acadêmico Internacional sobre Jorge Amado promove hoje (24/5) e amanhã (25/5) palestras sobre o universo do escritor baiano e sua criação literária.
Coordenado pelo departamento de Antropologia da FFLCH/USP, Prof. Dr. Júlio Assis Simões, Profa. Doutora Heloísa Buarque de Almeida e Profa. Doutora Laura Moutinho.

Claro que nenhum dos professores doutores vai abordar o passado nazista e stalinista de Amado.
Para que a memória não se perca, aqui vai minha singela contribuição ao evento.
Este artigo foi publicado na revista Brazzil, em Los Angeles, 1998.
Jamais seria publicado na imprensa brasileira).

A palavra bordel, para quem não sabe, nasce em Paris. Na época em que as "maisons closes" ficavam às margens do Sena, quando alguém ia em busca de mulheres, dizia eufemisticamente: "j'vais au bord'elle". Sena, em francês, é palavra feminina, la Seine. Portanto, quando alguém dizia "au bord'elle", queria dizer "au bord de la Seine". Daí, bordel. Não é de espantar que a capital que deu ao mundo esta palavra queira homenagear, nos dias 20 e 25 de março próximos, no 18º Salão do Livro de Paris, a prostituta maior das letras contemporâneas.
O Brasil será o país homenageado do Salão e terá como convidado de honra e representante de nossas Letras, Jorge Amado, o mais vendido escritor nacional, que começou sua carreira como estafeta do nazismo, continuou como agente do stalinismo e hoje é roteirista oficioso de Roberto Marinho. Amado ainda receberá, na ocasião, o título de Dr. Honoris Causa por uma universidade parisiense. Nada de espantar: os parisienses, de longa tradição colaboracionista e stalinista, não perderiam esta oportunidade de homenagear, neste século que finda, o colega que desde a juventude militou nas mesmas hostes.

Do nazismo ao stalinismo
Autor brasileiro mais divulgado no exterior, com traduções em mais de 40 idiomas, colaborador de publicações nazistas, ex-militante do Partido Comunista, deputado constituinte em 46, Oba Otum Arolu do candomblé Axé Opô Afonjá na Bahia, membro da Academia Brasileira de Letras, Amado nasceu em uma fazenda de cacau, em 10 de agosto de 1912, no então recém-criado município de Itabuna, na Bahia, filho de pai sergipano e mãe baiana de ascendência indígena.
Em 1936, é preso no Rio, em conseqüência da Intentona de 35, tentativa de tomada do poder ordenada pelo Kremlin e liderada no Brasil por Luís Carlos Prestes. Em 1940, durante a vigência do pacto de não-agressão germano-soviético, assinado por Stalin e Von Ribbentrop, assume a edição da página de cultura do jornal pró-nazista Meio-Dia. Em uma reunião do Partido Comunista, é denunciado por Oswald de Andrade como "espião barato do nazismo" e instado pelo escritor paulista a retirar-se de São Paulo. Quando interrogado sobre o trabalho sujo deste período, Amado diz simploriamente: “Não me lembro”. Mas Oswald de Andrade lembra. Em antiga entrevista, republicada mais recentemente, em Os Dentes do Dragão, dizia Oswald:
"Diante de tantos erros e mistificações, retirei a minha inscrição do partido. Numa reunião da comissão de escritores, diante de quinze pessoas do PC, apelei para que o sr. Jorge Amado se retirasse de São Paulo e denunciei-o como espião barato do nazismo, antigo redator qualificado do Meio-Dia. Contei então, sem que Jorge ousasse defender-se, pois tudo é rigorosamente verdadeiro, que em 1940 Jorge convidou-me no Rio para almoçar na Brahma com um alemão altamente situado na embaixada e na agência Transocean, para que esse alemão me oferecesse escrever um livro em defesa da Alemanha. Jorge, depois me informou que esse livro iria render-me 30 contos. Recusei, e Jorge ficou surpreendido, pois aceitara várias encomendas do mesmo alemão".
Em 45, Amado é eleito deputado federal pelo Partido Comunista e publica Vida de Luís Carlos Prestes, o Cavaleiro da Esperança, uma apologia ao líder comunista gaúcho e membro do Komintern. O panfleto, encomendado pelo Kremlin, foi traduzido e publicado nas democracias ocidentais e nas ditaduras comunistas, como parte de uma campanha para libertar Prestes da prisão, após sua sangrenta tentativa, em 1935, de impor ao Brasil uma tirania no melhor estilo de seu guru, o Joseph Vissarionovitch Djugatchivili, mais conhecido como Stalin. Para Amado, Prestes, é o “Herói, aquele que nunca se vendeu, que nunca se dobrou, sobre quem a lama, a sujeira, a podridão, a baba nojenta da calúnia nunca deixaram rastro".
Prestes preso, segundo o escritor baiano, é o próprio povo brasileiro oprimido: “Como ele o povo está preso e perseguido, ultrajado e ferido. Mas como ele o povo se levantará, uma, duas, mil vezes, e um dia as cadeias serão quebradas, a liberdade sairá mais forte de entre as grades. ‘Todas as noites têm uma aurora’, disse o Poeta do povo, amiga, em todas as noites, por mais sombrias, brilha uma estrela anunciadora da aurora, guiando os homens até o amanhecer. Assim também, negra, essa noite do Brasil tem sua estrela iluminando os homens, Luís Carlos Prestes. Um dia o veremos na manhã de liberdade e quando chegar o momento de construir no dia livre e belo, veremos que ele era a estrela que é o sol: luz na noite, esperança; calor no dia, certeza”.
Em 46, como constituinte, Amado assina a quarta Constituição Brasileira. Dois anos depois, seu mandato é cassado em virtude do cancelamento do registro do PC. Neste mesmo ano, 1948, fixa residência em Paris, onde convive, entre outros, com Sartre, Aragon e Picasso. Em 1950, passa a residir no Castelo da União dos Escritores, em Dobris, na ex-Tchecoslováquia, onde escreve O Mundo da Paz, uma ode a Lênin, Stalin e ao ditador albanês Envers Hodja. No ano seguinte, quando o livro é publicado, recebe em Moscou o Prêmio Stalin Internacional da Paz, atribuído ao conjunto de sua obra, condecoração geralmente omitida em suas biografias.
Esta década é marcada por longas viagens, entre outras, à China continental, Mongólia, Europa ocidental e central, à ex-União Soviética e ao Extremo Oriente.
Vós sabeis, amigos, o ódio que eles têm - os homens de dinheiro, os donos da vida, os opressores dos povos, os exploradores do trabalho humano - a Stalin. Esse nome os faz tremer, esse nome os inquieta, enche de fantasmas suas noites, impede-lhes o sono e transforma seus sonhos em pesadelos. Sobre esse nome as mais vis calúnias, as infâmias maiores, as mais sórdidas mentiras. ‘O Tzar Vermelho’, leio na manchete de um jornal. E sorrio porque penso que, no Kremlin, ele trabalha incansavelmente para seu povo soviético e para todos nós, para toda a humanidade, pela felicidade de todos os povos. Mestre, guia e pai, o maior cientista do mundo de hoje, o maior estadista, o maior general, aquilo que de melhor a humanidade produziu. Sim, eles caluniam, insultam e rangem os dentes. Mas até Stalin se eleva o amor de milhões, de dezenas e centenas de milhões de seres humanos. Não há muito ele completou 70 anos. Foi uma festa mundial, seu nome foi saudado na China e no Líbano, na Romênia e no Equador, em Nicarágua e na África do Sul. Para o rumo do leste se voltaram nesse dia de dezembro os olhos e as esperanças de centenas de milhões de homens. E os operários brasileiros escreveram sobre a montanha o seu nome luminoso”.
Em função de sua militância no PC, no início de sua trajetória foi traduzido na China, Coréia, Vietnã e ex-União Soviética. Só depois então é puxado para os países ocidentais, pelas mãos de seu tradutor para o alemão. Em Munique, em 1978, entrevistei Curt Meyer-Clason, o responsável pela introdução de Amado na Europa ocidental. O baiano invade com sua literatura o mundo livre, que tanto caluniou, através da finada República Democrática Alemã. “Devido à proteção do PC, a RDA incumbiu-se da publicação de todos os seus livros, já nos anos 50” -disse-me Meyer-Clason -. “Depois, por meu intermédio, passou diretamente à República Federal da Alemanha”. Não por acaso, Meyer-Clason acaba de ser denunciado, pela revista alemã Der Spiegel, como espião do Terceiro Reich no Brasil.
Da mesma forma que nega seu passado nazista, Amado não comenta seu passado stalinista. Em seu último livro, Navegação de Cabotagem, declara:
"Durante minha trajetória de escritor e cidadão tive conhecimento de fatos, causas e conseqüências, sobre os quais prometi guardar segredo, manter reserva. Deles soube devido à circunstância de militar em partido político que se propunha mudar a face da sociedade, agia na clandestinidade, desenvolvendo inclusive ações subversivas. Tantos anos depois de ter deixado de ser militante do Partido Comunista, ainda hoje quando a ideologia marxista-leninista que determinava a atividade do Partido se esvazia e fenece, quando o universo do socialismo real chega a seu triste fim, ainda hoje não me sinto desligado do compromisso assumido de não revelar informações a que tive acesso por ser militante comunista. Mesmo que a inconfidência não mais possua qualquer importância e não traga conseqüência alguma, mesmo assim não me sinto no direito de alardear o que me foi revelado em confiança. Se por vezes as recordo, sobre tais lembranças não fiz anotações, morrem comigo".

Realismo Socialista
Em 1954, julgando talvez insuficiente a defesa do stalinismo feita em O Cavaleiro da Esperança e O Mundo da Paz, Amado publica os três tomos de Subterrâneos da Liberdade, onde pretende narrar a saga do Partido Comunista no Brasil. Só em 58, com Gabriela, Cravo e Canela, deixará de lado sua militância comunista e passará a fazer uma literatura eivada de tipos folclóricos baianos, que mais tarde será transposta em filmes nacionais e novelas da Rede Globo.
O romancista baiano foi o introdutor nas letras brasileiras do realismo socialista, também conhecido como zdanovismo, fórmula de confecção literária para a pregação do ideário comunista, concebida pelos escritores russos Maxim Gorki, Anatoli Lunacharski, Alexander Fadéev, e sistematizada pelo coronel-general Andrei Zdanov.
Nos países em que foi traduzido, Amado é visto como um escritor que faz literatura brasileira. Em verdade, obedecia a uma fórmula tosca, mais panfletária que estética, produzida por teóricos em Moscou. Wilson Martins, em A História da Inteligência Brasileira, traduz em bom português as características do novo gênero:
De um lado, os bons, ou seja, os que se incluem na “chave” mística do “trabalhador”, do “operário”; de outro lado, os maus, isto é, todos os outros mas, em particular, o “proprietário” e a “polícia”, as duas entidades arimânicas deste singular universo. Os primeiros são honestos, generosos, desinteressados, amigos da instrução e do progresso, patriotas, bons pais de família, sóbrios, artesãos delicados, técnicos conscienciosos, empregados eficientes (embora revoltados), imaginativos e incansáveis, focos de poderoso magnetismo pessoal, cheios de inata vocação de comando e, ao mesmo tempo, do espírito de disciplina mais irrepreensível, corajosos, sentimentais, poetas instintivos, sede de paixões e violências (oh! no bom sentido!), modelos de solidariedade grupal, argumentadores invencíveis, repletos, em suma, de uma nobreza que em torno deles resplandece como um halo. O “trabalhador” é o herói característico desses romances de cavalaria: sem medo e sem mácula, ele tem tantas relações com a realidade quanto o próprio Amadis de Gaula.
Já o “proprietário” é um ser asqueroso e nojento, chafurdando em todos os vícios, grosseiro, bárbaro, corrupto, implacável na cobrança dos seus juros, lascivo na presença das viúvas jovens e perseguidor feroz das idosas, barrigudo, fumando enormes charutos, arrotando sem pudor, repleto de amantes e provavelmente de doenças inconfessáveis, membro da sociedade secreta chamada “capitalismo”, onde, como todos sabem, é invulnerável a solidariedade existente entre seus membros; indivíduo que favorece todos os deboches, inclusive dos seus próprios filhos; covarde, desonesto, egoísta, ignorante, vendido ao dólar americano, lúbrico, marido brutal e pai perverso, irritante e antipático, rotineiro, frio como uma enguia, incapaz de sinceridade, sem melhores argumentos que a força bruta, verdadeira encarnação contemporânea dos demônios chifrudos com que a Idade Média se assustava a si mesma.
Wilson Martins continua enumerando detalhadamente os demais estereótipos utilizados neste tipo de romance, entre eles a polícia, o tabelião, o posseiro, o governador, o latifundiário, o camponês. Seria por demais monótono continuar a descrição deste universo maniqueísta, como tampouco teria sentido acompanhar a repetição - ad nauseam - de uma fórmula primária de fabricar livros.
Vamos então enfiar logo as mãos no lixo. Os Subterrâneos também foi escrito em Dobris, no mesmo castelo da União de Escritores Tchecoeslovacos onde Amado produzira O Mundo da Paz, de março de 1952 a novembro de 1953, ou seja, no período imediatamente posterior à obtenção do Prêmio Stalin. Como pano de fundo histórico temos, como não poderia deixar de ser, a Revolução de 1917.
Outras datas e fatos posteriores determinarão poderosamente a construção dos personagens. Em 1935, ocorre no Brasil a Intentona Comunista. Em 36, Prestes é preso, e sua mulher Olga Benário, judia alemã que é oficial do Exército Vermelho, é deportada para a Alemanha de Hitler. Getúlio Vargas consegue persuadir o Congresso e criar um Tribunal de Segurança Nacional para punir os insurgentes.
Ainda neste ano de 36, eclode na Espanha a Guerra Civil, confronto que envolveu todas as nações européias e constituiu uma espécie de ensaio geral para a Segunda Guerra, detonada em 1939, circunstância amplamente explorada por Amado. Em 1937, os integralistas lançam Plínio Salgado como candidato às eleições presidenciais de janeiro do ano seguinte, abortadas a 10 de novembro pelo golpe com que Getúlio consolida o Estado Novo. Para desenvolver sua história, Amado fixará um dos mais turbulentos períodos deste século, que até hoje continua gerando rios de bibliografia. A ação de Os Subterrâneos situa-se precisamente entre outubro de 37 (às vésperas do Estado Novo e em meio à Guerra Civil Espanhola) e finda aos 7 de novembro de 39, 23º aniversário da proclamação do regime soviético na Rússia.
Amado, escritor e militante, tem por incumbência várias missões. A primeira consiste na defesa dos ideais de 17, encarnado em Lênin e Stalin, potestades várias vezes invocadas ao longo dos três volumes. Segunda, fazer a defesa do Messias que salvará o Brasil, Luís Carlos Prestes, e não por acaso a trilogia encerra-se com seu julgamento. Missões secundárias, mas não menos vitais: denunciar o imperialismo ianque, condenar a dissidência trotskista, pintar Franco com as cores do demônio e fustigar Getúlio por ter esmagado a atividade comunista a partir de 35.
Seus personagens são títeres inverossímeis e sem vontade própria, embebidos em álcool se são burgueses, ou imbuídos de certezas absolutas, mais água mineral, se são operários ou militantes, estes sempre obedientes aos ucasses emitidos às margens do Volga. A obra, composta por três volumes - Os Ásperos Tempos, Agonia da Noite e A Luz no Túnel - constituiria apenas a primeira parte de uma trilogia mais vasta, com pretensões a ser o Guerra e Paz brasileiro. Os três tomos são publicados em maio de 1954, um ano após a morte de Stalin e dois antes do XX Congresso dos PCURSS, o que obriga o autor a interromper seu projeto. Pela segunda vez, na trajetória literária de Amado, sua ficção será determinada não por uma análise da realidade brasileira, mas por decisões tomadas em Moscou.

A onipresença do novo Deus
O personagem por excelência do romance é o Partido Comunista, onipresente como o antigo deus cristão e feito carne na figura de Stalin. A luta do PC é a luta - na ótica do autor - do povo brasileiro contra a tirania, no caso, Getúlio Vargas. Externamente, os inimigos são os Estados Unidos da América, a Alemanha, Franco e Salazar. Sem falar, é claro, na IV Internacional e nos trotskistas. O PC está infiltrado na classe dominante, disperso na classe média e fervilha nos meios operários. Invade as cidades e o campo, a pampa e a floresta, os salões burgueses, as fábricas e os portos, corações e mentes.
Quantos outros, do Amazonas ao Rio Grande do Sul”, - reflete o militante Gonçalo -“não se encontravam nesse momento na mesma situação que ele, ante problemas complicados e difíceis, devendo resolvê-los, sem poder discutir com as direções, sem poder consultar os camaradas? Gonçalo sabe que os quadros do Partido não são muitos, alguns mil homens apenas na extensão imensa do país, alguns poucos milhares de militantes para atender à multidão incomensurável de problemas, para manter acesa a luta nos quatro cantos da pátria, separados por distâncias colossais, vencendo obstáculos infinitos, perseguidos e caçados como feras pelas polícias especializadas, torturados, presos, assassinados. Um punhado de homens, o seu Partido Comunista, mas este punhado de homens era o próprio coração da pátria, sua fonte de força vital, seu cérebro poderoso, seu potente braço. Esta onipresença extrapola o país, manifesta-se onde quer que andem os personagens, no Uruguai, França, Espanha, no planeta todo. Inevitáveis as referências à foice e ao martelo. E a Stalin, naturalmente, guia, mestre e pai.
A litania dirigida ao grande assassino tem por vezes características de humor negro: “- Quantos mais formos” - diz a militante Mariana - “mais trabalho terão os dirigentes. Pense em Stalin. Quem trabalha no mundo mais que ele? Ele é responsável pela vida de dezenas de milhões de homens. Outro dia li um poema sobre ele: o poeta dizia que quando todos já dormem, tarde da noite, uma janela continua iluminada no Kremlin, é a de Stalin. Os destinos de sua pátria e de seu povo não lhe dão repouso. Era mais ou menos isto que dizia o poeta, em palavras mais bonitas, é claro...” O poeta em questão é Pablo Neruda, já citado em O Mundo da Paz: “Tarde se apaga a luz de seu gabinete. O mundo e sua pátria não lhe dão repouso.
Consta de uma ode a Stalin, subtraída às Obras Completas do poeta chileno, onde, por enquanto, ainda se pode encontrar uma “Oda a Lenin”. Hoje, temos uma idéia precisa do que planejava Stalin nas madrugadas tardias de seu gabinete.
Quando Apolinário Rodrigues, por exemplo, (personagem calcado em Apolônio de Carvalho, oficial brasileiro exilado que participara da Intentona de 35) chega a Madri, sente-se em casa pois, para onde quer que se vire, lá está o Partido. A única cor local da capital espanhola parece ser a luta pela libertação de Prestes:
Quando chegara à Espanha, vindo de Montevidéu, vivera dias de intensa emoção, ao encontrar por toda a parte, no país em guerra, nas ruas bombardeadas das cidades e aldeias, nos muros da irredutível Madri, as inscrições pedindo a liberdade de Prestes. Cercava-o o calor da intensa solidariedade desenvolvida pelos trabalhadores e combatentes espanhóis para com os antifascistas brasileiros presos e, em particular, para com Prestes. (...) Era uma única luta em todo o mundo, pensava Apolinário, ante essas inscrições, o povo espanhol o sabia, e em meio às suas pesadas tarefas e múltiplos sofrimentos, estendia a mão solidária ao povo brasileiro.
A coincidência da instituição do Estado Novo com a explosão da Guerra Civil Espanhola é uma oportunidade única para Amado de inserir seus personagens no conflito internacional que redundaria na II Guerra, expondo ao mesmo tempo a linha do Partido. Tão única é esta oportunidade e tanto o autor quer aproveitá-la, que chega a deslocar para 1938 uma greve dos portuários de Santos, efetivamente ocorrida em 1946, o que aliás provocou um certo debate. Estaria Amado realmente sendo fiel ao método que “exige do artista uma representação veridicamente concreta da realidade no seu desenvolvimento revolucionário”, conforme proclamavam os estatutos da União de Escritores Soviéticos? Ao autor isto pouco importa.
Deslocando a greve para 38, pode criar um navio alemão que vem buscar, no Brasil, café para a Espanha. De uma só tacada, Amado fustiga Hitler, Getúlio e Franco:Em algumas palavras (o velho Gregório) historiou o motivo por que a direção do sindicato havia convocado essa sessão: o governo oferecera ao general Franco, comandante dos rebeldes espanhóis (“um traidor”, gritou uma voz na sala), uma grande partida de café. Agora se encontrava no porto um navio alemão (“nazista”, gritou uma voz na sala) para levar o café.” Na Guerra Civil Espanhola, segundo Amado, há apenas “nazistas alemães e fascistas italianos”.
Tão pródigo em elogios à Stalin e à União Soviética, em sua trilogia o autor silencia sobre a presença russa na Espanha, constituída por pilotos de guerra, técnicos militares, marinheiros, intérpretes e policiais. A primeira presença estrangeira em terras de Espanha foi a soviética, com o envio de material bélico e pessoal militar altamente qualificado, em troca das três quartas partes (7.800 caixas, de 65 quilos cada uma) das reservas de ouro disponíveis pelo Banco de España. Pagos adiantadamente. Silêncio de Amado: a representação veridicamente concreta da realidade no seu desenvolvimento revolucionário pode esperar mais um pouco.
A presença do Partido permeará a trilogia das primeiras páginas de Os Ásperos Tempos às últimas de A Luz no Túnel. Nestas, a militante Mariana, antes de presa, assiste ao julgamento de Prestes. A voz do líder comunista é “a voz vitoriosa do Partido sobre a reação e o terror”:
Eu quero aproveitar a ocasião que me oferecem de falar ao povo brasileiro para render homenagem hoje a uma das maiores datas de toda a história, ao vigésimo terceiro aniversário da grande Revolução Russa que libertou um povo da tirania...
Seria monótono e redundante perseguir esta onipresença do Partido na trilogia de Amado. Neste universo imperam o bem e o mal absolutos. O bem, evidentemente, é representado pelo novo Deus, o proletariado. O mal, pela burguesia detentora do capital. Entre um universo e outro transitam eventualmente seres camaleônicos, “traidores de classe” ou traidores do Partido. Dividir o universo em duas metades, uma boa e outra má, nada tem de novo e original.
Tal princípio vem do século III, através da doutrina do persa Mani. O espantoso é que continue a viger em pleno século XX, e mais: impondo gostos, comportamentos e até mesmo filiação partidária aos personagens de um romance. Os representantes do Bem amam. Os representantes do Mal têm amantes. Os bons bebem café ou água mineral. Os maus bebem cachaça ou uísque. Os bons são magros e idealistas. Os maus são gordos e mesquinhos. Os bons têm gargalhar sadio, os maus têm dentes podres. Os bons não têm posses. Os maus são proprietários. Os bons são pobres, os maus ricos. Os bons pertencem ao Partido ou com ele colaboram. Os demais são maus. Os bons, diga-se de passagem, estão aprisionados em tal camisa-de-força ideológica que sequer podem se dar ao luxo de gostar de pintura surrealista ou naïve.
Até 1954, Amado traduzirá em sua literatura as determinações do Partido Comunista russo. Em entrevista para Isto é (18/11/81), Amado reconhece seu stalinismo:
Não sei se o termo “realismo socialista” se aplica a todos os meus livros daquela época. Estariam em face do realismo socialista, mas o fato é que Jubiabá (1935), Mar Morto (1936) e Capitães de Areia (1937), do período ao qual você se refere, só puderam ser publicados em russo depois da morte de Stalin. Acredito que a classificação seja justa para Terras do Sem Fim (1943), Seara Vermelha (1946) e Subterrâneos da Liberdade (1954). Se existe um livro meu totalmente influenciado pelo stalinismo, é Subterrâneos da Liberdade, que reflete uma posição totalmente maniqueísta.
Denunciados os crimes do stalinismo por Kruschov, em 1954, dois anos depois Amado molha o dedinho na língua e o ergue ao ar, para sentir de onde sopram os ventos: o sentido da História é agora uma literatura popularesca, ao estilo da rede Globo. Passa então a produzir uma literatura de evasão em torno a motivos baianos. Não sem antes fazer um tímido e discreto mea culpa, publicado em 10 de outubro de 1956 pela Imprensa Popular:
Aproximamo-nos, meu caro, dos nove meses de distância do XX Congresso do PCUS, o tempo de uma gestação. Demasiado larga essa gravidez de silêncio e todos perguntam o que ela pode encobrir, se por acaso a montanha não vai parir um rato. Creio que devemos discutir, profunda e livremente, tudo o que comove e agita o movimento democrático e comunista internacional, mas que devemos, sobretudo, discutir os tremendos reflexos do culto à personalidade entre nós, nossos erros enormes, os absurdos de todos os tamanhos, a desumanização que, como a mais daninha e venenosa das árvores, floresceu no estrume do culto aqui levado às formas mais baixas e grosseiras, e está asfixiando nosso pensamento e ação. (...) Sinto a lama e o sangue em torno de mim, mas por cima deles enxergo a luz do novo humanismo que desejamos acesa e quase foi submergida pela onda dos crimes e dos erros.
Como se o simples fato de sentir “a lama e o sangue” em torno a si o redimisse das cumplicidades passadas. Mas as denúncias dos crimes do stalinismo não geraram nenhum tribunal de Nuremberg e Jorge Amado sente-se como um ingênuo, enganado pelos ventos do século. No entanto, não mais permite a reedição de O Mundo da Paz. Quanto à sua obra ficcional, embasada no realismo socialista, esta continua sendo reeditada e traduzida. Mas o agitprop baiano se vê obrigado a mudar de rumos e publica, em 1958, Gabriela, Cravo e Canela.
Em 61, lança Os Velhos Marinheiros, considerado um dos melhores momentos de sua literatura. Neste mesmo ano, é eleito membro da Academia Brasileira de Letras, instituição que havia apedrejado e insultado em sua juventude. No discurso de posse, com a inocência de um moleque que relembra travessuras passadas, reitera sua oposição à Casa que o recebe:
"Chego à vossa ilustre companhia com a tranqüila satisfação de ter sido intransigente adversário desta instituição naquela fase da vida em que devemos ser necessária e obrigatoriamente contra o assentado e o definitivo. Ai daquele jovem, ai daquele moço aprendiz de escritor que no início de seu caminho, não venha, quixotesco e sincero, arremeter contra as paredes e a glória desta Casa. Quanto a mim, felizmente, muita pedra atirei contra vossas vidraças, muito adjetivo grosso gastei contra vossa indiferença, muitas vaias gritei contra vossa compostura, muito combate travei contra vossa força".
Em resposta aos que o condenam, diz o escritor: "Mas tudo na vida obedece a formalidades e se eu sou socialista não quer dizer que ignoro o mundo formal que me rodeia". De Moscou, recebe o apoio de Ilya Ehremburg: "Amamos Jorge Amado e temos confiança nele. Eu só o vi numa fotografia levemente mais gordo, em fardão de acadêmico. Olhei e sorri. Aos acadêmicos brasileiros dão um luxuoso fardão. Além disso usam espadas como seus colegas franceses. Não há nada de mal em que o homem simples de ontem apareça uma vez por ano na roupagem de imortal".

De amores com o imperialismo ianque
Com a transposição de seus romances para as novelas televisivas, o revolucionário aposentado torna-se uma espécie de roteirista da Rede Globo. Gaba-se até hoje de seu passado esquerdista. Mas foi o primeiro escritor brasileiro a felicitar pessoalmente Fernando Collor de Mello por sua vitória. Claro que não foi apoiá-lo durante o impeachment. Com a nova guinada, seus livros começam a ser publicados nos Estados Unidos.
Em depoimento autobiográfico, concedido em 1985 à tradutora francesa Alice Raillard, em sua mansão na Bahia, de inimigo incondicional do capitalismo, Amado vira sócio:
"Sim, esta casa... Esta casa, eu digo sempre que foi o imperialismo americano que me permitiu construí-la! Era um velho sonho meu ter uma casa na Bahia. (...) Construir uma casa na Bahia? Eu tinha vontade, mas não o dinheiro. Foi então que vendi os direitos para o cinema de Gabriela à Metro Goldwin Mayer".
Em uma entrevista concedida à Folha de São Paulo, em dezembro de 94, expõe ao repórter a mansão comprada graças aos dólares da Metro Goldwin Mayer:
"Esse é o quarto do casal. Passei a vida a xingar os americanos, mas tudo o que temos é graças ao dinheiro dos imperialistas ianques. Compramos essa casa em 63 com a venda dos direitos de Gabriela para a MGM, rodado 21 anos depois. Cobrei barato, só US$ 100 mil”.
A parceria com o inimigo capitalista se revela lucrativa e permite a Amado a realização de outro sonho, morar na Paris que tanto insultou quando marxista:
Em 86, os americanos me pagaram um adiantamento alto pelos direitos de tradução de Tocaia Grande: US$ 250 mil. Juntamos com os guardados de Zélia e compramos nossa mansarda no Marais, em Paris”.
Este senhor, que empunhou com entusiasmo as piores e mais assassinas bandeiras do século, que no final da vida confessa sem nenhum pudor seu venalismo, é quem hoje representa o Brasil no Salão do Livro em Paris. Em verdade, tal fato não é espantar: Amado vende à Europa uma imagem que a Europa aceita como sendo a do Brasil.

Ainda segundo Wilson Martins:
A verdade é que a nossa literatura é sempre encarada como algo de exótico, de tropical. É por isso que Jorge Amado é extremamente popular nos outros países, ele oferece esse estereótipo da violência, da conquista da terra, da luta de classes e da opressão racial. Essa idéia exótica, uma espécie de ilha dos mares do sul, todos de tanga pelas ruas, armados de arco e flecha, e caçando onças na Avenida Rio Branco. Quando aparece um brasileiro branco e com grande cultura internacional, ele causa um espanto extraordinário. Nós alimentamos esse preconceito com todas as forças. Fazemos questão de mostrar que somos tropicalistas, que isto aqui é um país tropical, que somos mestiços, que branco aqui não tem vez. Quem defende tudo isso são esses grupos dos baianos e dos novos baianos, dos trios elétricos. É até um preconceito contra a cultura, no sentido ecumênico da palavra”.
Interrogado recentemente sobre como gostaria de ser lembrado em uma enciclopédia daqui a 50 anos, a grande cortesã responde com a candura dos inocentes: "Um baiano romântico e sensual. Eu me pareço com meus personagens - às vezes também com as mulheres".
Talvez seja um de seus personagens femininos o que melhor representa a ambivalência do “baiano romântico e sensual”: Dona Flor, a que administrava tranqüilamente dois maridos. Ao homenagear Amado, em verdade Paris está condecorando um escritor venal, que prestou os piores desserviços ao Brasil ao lutar para transformá-lo em mais uma republiqueta soviética, em nome de uma rápida ascensão literária e fortuna pessoal.

COMENTO: é outro exemplar de "comunista loco por grana" como os citados em outro texto de dias atrás. "Comunista brasileiro? Pfuuu!"

copiei do: Mujahdin Cucaracha